segunda-feira, 30 de junho de 2014

Primeiros oito meses de mandato

Oposição ainda não se habituou à ideia de que perdeu as eleições”

O vice-presidente da Câmara municipal de Albergaria-a-Velha, Delfim Bismarck, em entrevista ao Correio de Albergaria, fez um balanço dos primeiros oito meses de mandato. Sem “fugir” às questões, falou sobre o Albergaria ConVIDA, evento que se realiza entre os dias 26 e 29 de Junho (mais barato em custo do que o que foi realizado em 2013), do Festival do Pão de Portugal (a nova aposta da autarquia) e da oposição.

Como apostas para o futuro, acabou por se remeter ao silêncio, preferindo falar da Expoflorestal, que se realiza no próximo ano.

Correio de Albergaria (CA): Aproxima-se o Albergaria ConVIDA, evento que é considerado uma das grandes iniciativas do município. Quais as alterações que produziu para a edição deste ano?

Delfim Bismarck (DB): A edição deste ano apresenta algumas novidades, nomeadamente: o facto de a biblioteca municipal estar aberta ao público durante o horário do evento, apresentando exposições, visitas guiadas e actividades para os mais novos; a ampliação da área onde se encontra o palco principal, uma vez que autarquia adquiriu recentemente uma parcela de terreno no extremo norte da quinta, criando uma nova zona dedicada aos bares locais, em que cada um dos interessados terá o seu espaço; a presença de mais animação na tenda principal, nomeadamente com grupos e dj’s, maioritariamente locais; uma reorganização dos stands, por temas, para o qual decorreu um sorteio entre os interessados.

CA: E mais?

DB: Para além disso, mantemos o número de oito tasquinhas, como se as freguesias ainda fossem oito, pois é um evento onde as coletividades presentes na tenda gastronómica conseguem angariar verbas que lhes permitirá algum desafogo financeiro.

CA: O cartaz, pelos nomes, é mais barato do que o do ano passado. Por algum motivo?

DB: Sim. De facto decidimos reduzir os custos do cartaz deste ano. Para termos uma noção, só em cachets para músicos, o custo no ano passado foi de mais de 57.000 euros, enquanto este ano será de apenas 32.000 euros.

Decidimos apresentar um programa mais sensato, substancialmente mais barato mas igualmente apelativo para o público em geral.

CA: Albergaria-a-Velha realizou há pouco tempo o Festival do Pão. Foi uma aposta ganha? É um certame para continuar a realizar?

DB: Sem dúvida. O Festival do Pão de Portugal foi um evento de nível nacional, com uma promoção e projecção de Albergaria-a-Velha como nunca visto até hoje. Foram mais de 2 horas de televisão, com cobertura pela RTP, TVI, Porto Canal e CM TV, bem como dezenas de notícias na imprensa escrita, criando assim uma marca e um produto turístico que fazia muita falta ao nosso concelho. Albergaria-a-Velha é habitualmente notícia nos órgãos noticiosos nacionais por razões negativas, como os incêndios, a prostituição, acidentes e outros. E desta vez a imagem do nosso concelho ficou associada a um bom motivo. A satisfação foi generalizada, desde parceiros, produtores e publico em geral, trazendo a Albergaria-a-Velha mais de 22.000 pessoas, dinamizando a nossa economia e promovendo o o. Os números falam por si. Através dos inquéritos que realizámos, constatamos que: 40% dessas pessoas repetiram a presença; 35% dos visitantes eram de fora do concelho de Albergaria-a-Velha; destes, 30% eram de fora do distrito de Aveiro. Foi uma mostra onde estiveram mais de 65 tipos de pães diferentes e onde foram vendidas mais de 4.5 toneladas de pão, em 3 dias. Estas razões são mais do que suficientes para ser um certame a repetir.

CA: Está previsto o lançamento de mais algum evento novo?

DB: Estamos a pensar noutro evento que também “coloque Albergaria no mapa”, mas é muito cedo para falar nisso. Não nos podemos esquecer que também temos no nosso concelho, de dois em dois anos, a Expoflorestal, esse grande certame a nível internacional que poderá ganhar outros contornos.

CA: Faz, ou não, falta a Albergaria-a-Velha um espaço mais condigno para a realização deste tipo de eventos?

DB: Para o género do Festival do Pão de Portugal e do Albergaria ConVIDA julgo que não. O espaço da Quinta da Boa Vista/Torreão, com o enquadramento que tem, torna-se um num espaço muito agradável. Naturalmente que, para pessoas com a mobilidade condicionada não será o espaço mais adequado. Estamos a trabalhar num projeto de requalificação daquele espaço.

CA: Está há oito meses como vice-presidente da autarquia. Como avalia o trabalho efetuado até agora? O que mudava se tivesse de corrigir alguma coisa?

DB: Julgo ter sido muito positivo, mas a avaliação do nosso trabalho deverá ser feita pelos munícipes e não por nós. O nosso trabalho começará a ser mais visível daqui a uns meses. Mudava alguma da burocracia que condiciona e atrasa muitas das acções que pretendemos realizar.

CA: Tem, provavelmente, os pelouros com mais visibilidade na autarquia. Como estavam a cultura, o desporto e o Turismo antes de chegar à Câmara municipal? O que mudou desde então?

DB: Em termos de Cultura, estava já em funcionamento o Cine-Teatro Alba, no qual mantivemos o nível de programação, mas baixando em 10% as despesas e abrindo-o à comunidade e associações do concelho. A Biblioteca Municipal tem sido também dinamizada, quer através do aumento de títulos disponibilizados, tendo havido um incremento de mais de 20% de livros, tendo atualmente cerca de 60.000 livros, quer através da organização de exposições temáticas diversificadas: desde os pintores albergarienses, aos 150 anos da imprensa no concelho, exposições de pintura, de ilustração infantil e documentais, etc. Para além disso, passamos a comemorar o Dia do Município, pois não compreendemos como este não era comemorado anteriormente. Com isto, pretendemos reconhecer cidadãos e instituições que muito têm feito pelo nosso concelho.

CA: E no desporto?

DB: Relativamente ao Desporto mantêm-se os apoios às coletividades, mas há que pensar muito bem num plano de recuperação das instalações desportivas, pois o estado de degradação em que se encontram são muito preocupantes. Em alguns acasos, pavilhões gimnodesportivos novos estão cheios de infiltrações e com problemas de construção graves.

CA: E como está o município na área do turismo?

DB: Quanto ao Turismo, nem sequer existia, numa época em que todos sabemos da importância desta actividade na economia. Hoje temos pessoas com formação a trabalhar nessa área, participamos em certames que promovem o concelho, temos convidado conceituados industriais de hoteleiros a investir no concelho, temos dinamizado e organizado visitas guiadas à Rota dos Moinhos, fizemos um protocolo com o IPAM para caracterização e propostas nesta área, vamos avançar com a formação de interpretes do património, estamos a dinamizar os caminhos de S. Tiago que só em 2013 fizeram passar pelo nosso concelho mais de 1.000 peregrinos, etc. Já para não falar na musealização das Mamoas do Taco, na divulgação e promoção da Pateira de Frossos e de um sem número de actividades nesta área que seria fastidioso aqui elencar.

CA: Uma das bandeiras que o CDs-PP colocou na campanha eleitoral era reduzir as despesas com o CT Alba e a publicidade. A oposição diz que isso não foi feito e que até aumentou. Até que ponto essa afirmação é verdade?

DB: A oposição ainda não se habituou à ideia de que perdeu as eleições. Os esquemas instalados demoram a desmantelar. Relativamente às despesas com o CT Alba reduzimos 10% na programação comparativamente com a anterior gestão. Quanto à publicidade houve, de facto, um ligeiro aumento, uma vez que a promoção do Festival do Pão a isso obrigou.

CA: Enquanto membro da oposição, identificou um sem número de incongruências na gestão que era feita pelo PSD. Agora que conhece melhor a gestão camarária, continua a pensar da mesma forma?

CA: Sim, sem dúvida. Aliás, hoje tenho uma visão ainda mais crítica relativamente aos últimos anos da gestão anterior e dos seus devaneios. Às vezes ficamos espantados com o que descobrimos. Oportunamente divulgaremos alguns desses dados.

CA: Como avalia a posição que o PSD tem tido agora na oposição?

DB: Ficamos muitas vezes estupefactos com o que afirmam, como se não tivessem estado à frente dos destinos do concelho até há oito meses atrás.

CA: Como avalia o relacionamento entre o executivo e as juntas de freguesia?

DB: Julgo ser muito bom. Cordial, justo e equitativo, o que não acontecia no passado. Para nós, todas as juntas de freguesia são iguais, independentemente do partido político que a preside.

https://arquivo.pt/wayback/20160214222826/http://www.correiodealbergaria.pt/?p=1439

CA. 25junho2014



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