terça-feira, 16 de abril de 2019

Aveiro e Albergaria ligados pela ria

http://lira.web.ua.pt/

Festas

As festas fomentam a noção de uma comunidade unida por práticas e crenças comuns, encontrando-se presentes nestes rituais diversos elementos da vida dos territórios, da religião à gastronomia, passando pelo património religioso.

Festas de Albergaria-a-Velha

Sons

As músicas típicas refletem sobre práticas quotidianas, devoção, lazer, gastronomia, património, estando frequentemente presente uma forte nostalgia face ao passado, onde a identidade foi construída.

Sons de Albergaria

Trajes

Os trajes tradicionais, ainda que já não sejam usados no quotidiano, possibilitam conhecer o contexto em que eram desempenhadas as profissões e as normas sociais que ditavam vestes diferentes em ocasiões de lazer.

Trajes de Albergaria

A ria na história, identidade e tradições de Aveiro e Albergaria-a-Velha

A ria de Aveiro une vários municípios, entre os quais Aveiro e Albergaria-a-Velha. Se a história de Aveiro é indissociável da ria, a localização do território albergariense trouxe-lhe outras dinâmicas. A ria determinou muitas das tradições no que diz respeito às festas, sons e trajes, deixando, no entanto, espaço para a formação de práticas socioculturais com outras influências.

O projeto LIRA – Aveiro e Albergaria ligados pela ria decorre da colaboração entre o Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro, o Grupo Etnográfico e Cénico das Barrocas e o Grupo Folclórico e Etnográfico de Albergaria-a-Velha.

A sua continuidade e aperfeiçoamento depende da colaboração de todos aqueles que se interessem pela etnografia da ria, de Aveiro e de Albergaria-a-Velha, pelo que qualquer sugestão ou informação é bem-vinda.

http://lira.web.ua.pt/

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Padres da Branca

P.e Manuel Marques Dias, à esquerda, no final da década de 1950,  com o P.e Conde ao centro
O P.e Manuel Marques Dias foi sempre um sacerdote simples, tendo sido assistente local da JAC (Juventude Agrária Católica). Nasceu no seio de uma família de agricultores que vivia do amanho da terra, do lugar de Cristelo, desta paróquia [da Branca].

Foi um dos primeiros seminaristas da Branca a ser ordenado sacerdote, “guiado” pelo padre Conde. E foram muitos e não será por demais enumerá-los: Padre dr. Leonardo Pereira, António de Almeida, João Evangelista, Artur Pires da Conceição, que ingressou no seminário da diocese de Beja, José Camões, Querubim Silva, Alberto Nestor e muitos outros que não chegaram a ser ordenados.

Mais tarde, no tempo do padre Valdemar Costa, foram ordenados mais dois: Ângelo Silva e Mário Silva (clero regular). Nesse tempo a Branca “deu” muitos sacerdotes à diocese, ao invés da atualidade em que a crise de vocações tem vindo a aumentar de forma drástica.

No exercício da sua atividade pastoral, o P.e Manuel Marques Dias foi coadjutor da Branca no tempo do padre Conde, pároco de Vilarinho do Bairro, Borralha, Oiã, esteve depois ao serviço da comunidade migrante portuguesa em França e foi pároco de Cacia, retirando-se depois devido a problemas de saúde, vivendo agora no lugar de Soutelo da freguesia da Branca, onde ainda presta algum auxílio à equipa paroquial quando pode.

Alírio Silva / Correio do Vouga, 03/07/2014

Costa, Valdemar Magalhães Alves da - (N - 24-09-1931; O - 01-07-1956) - Vd. Branca (Albergaria-a-Velha).

Dias, Manuel Marques - (N - 15-12-1928; O - 29-06-1954) - Vd. Cacia (Aveiro).

Silva, Querubim José Pereira da (dr.) - (N - 19-12-1946; O - 21-12-1969) - Vd. Angeja (Albergaria-a-Velha).

Sobral, Alberto Nestor Camões Rodrigues - (N - 27-06-1948; O - 08-12-1972) - Vd. Residência Sacerdotal.


Silva, António Carlos Marques da - (12-06-1968; 06-11-1999) - Casa Paroquial - Souto - 3850-588 - Branca ALB. Colaborador do Pároco da Branca.

Padre dr. Leonardo Pereira
António de Almeida
João Evangelista
Artur Pires da Conceição, que ingressou no seminário da diocese de Beja
José Camões
---Querubim Silva
---Alberto Nestor
Ângelo Silva
Mário Silva
---maNUEL mArques dias





sexta-feira, 5 de abril de 2019

Litoral Magazine - Entrevista a Delfim Bismarck


O vice-presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha e vereador da cultura, Delfim Bismarck, revela que o projeto cultural para o concelho passa por um setor que muitas vezes é esquecido: o da identidade histórica e cultural.

Com vários projetos a decorrer nesta área, acredita que cidadãos mais informados serão mais capacitados e ativos. Em entrevista à Litoral Magazine, garante que conhecer a nossa história e o nosso património é um fator diferenciador na identidade territorial. “Só se ama aquilo que se conhece!”

LM - Explique-me a estratégia cultural do município para 2019?

DBF - Para 2019, a estratégia cultural do município vem na sequência dos anos anteriores, nomeadamente no que diz respeito à criação de públicos e do reforço da identidade histórica e patrimonial do concelho. Sem estes, estaríamos a programar e a investir dinheiros públicos sem retorno. Daí a nossa preocupação em criar uma oferta cultural transgeracional muito diversificada, não indo atrás de tendências ou modas que na sua maioria não trazem mais-valia alguma para o território.

LM - O orçamento mantém-se igual relativamente ao ano passado?

DBF - De uma forma geral sim. Deveremos rondar 1,1 milhões de euros de investimento na área da cultura, entre atividades, apoio a coletividades, programação no cineteatro Alba, na biblioteca e no arquivo municipal, escavações arqueológicas, edições, entre outros, não incluindo encargos com as referidas instalações nem custos com o pessoal.

LM - O que Albergaria-a-Velha pode esperar para este ano?

DBF - Para além da natural consolidação de uma programação eclética, existirão algumas novidades que passam pelos primeiros passos na criação de um museu, a organização de uma conferência internacional na área das bibliotecas, a ampliação da Rota dos Moinhos, e a aquisição de mais um sítio arqueológico de relevo para posterior escavação e estudo.

LM - Qual o objetivo da criação do museu?

DBF - Será um museu onde serão realçados os mais importantes contributos para a história regional e nacional, pois os territórios que compõem o concelho de Albergaria-a-Velha foram, em diversos períodos, extremamente importantes para a história nacional, fosse na pré-história, na Idade Média, na história da indústria moageira, papeleira, de mineração e de fundição, ou ainda na 2.ª Invasão Francesa, na Monarquia do Norte, entre outras. A ideia é criar um museu que conte estas e outras histórias, uma vez que a maioria da população não tem noção do papel de Albergaria-a-Velha na História de Portugal.

LM - Qual a importância do Festival do Pão para a promoção do concelho e dos seus recursos?

DBF - O Festival do Pão de Portugal insere-se numa estratégia integrada na área do Turismo e Património, planeada pela autarquia. Assim, considerando a diversidade e qualidade dos recursos do município ao nível dos produtos locais e da gastronomia, bem como de um conjunto de recursos turísticos com elevado potencial e, por outro lado, a oportunidade de a partir deles conceber novas ofertas territoriais que potenciem o concelho na sua globalidade e onde este se possa diferenciar pela positiva, o tema do pão (e tudo a ele associado, como sejam os moinhos ou a indústria de panificação) surge como uma oportunidade a explorar em Albergaria-a-Velha.

LM - E o Albergaria ConVida?

DBF - O Albergaria ConVida, sendo outro dos grandes eventos anuais, já não é tão diferenciador, uma vez que gastronomia, artesanato e grandes concertos existem um pouco por todo o lado. No entanto, com o Festim – Festival Internacional de Música do Mundo e com os grandes nomes nacionais em concerto, temos conseguido atrair a este festival milhares de pessoas naquele que é um dos momentos altos da animação cultural do concelho.

LM - De que forma a Rota dos Moinhos contribuiu para a reconstrução do património da região?

DBF - Sendo Albergaria-a-Velha o concelho de toda a Europa com mais moinhos de água inventariados, mais de 350 moinhos, entendeu a autarquia divulgar e promover todo esse vasto património edificado, criando a Rota de Moinhos do concelho de Albergaria-a-Velha. De facto, esta é uma temática que pela sua expressão cultural do território e componente da sua identidade regional, constitui-se como um importante elemento diferenciador e de elevado potencial. Assim, temos assistido, gradualmente, ao aumento do número de moinhos recuperados, ao aumento do número de moinhos inseridos na Rota dos Moinhos e ao aumento do número de visitantes à mesma.

LM - Albergaria-a-Velha tem uma iniciativa única na região: o Festival Risorius. Que mais-valias trouxe para o município?

DBF - O Risorius, Festival de Humor e Arte, tem vindo a consolidar outra das marcas culturais de Albergaria-a-Velha no panorama nacional. Graças ao médico e humorista Carlos Vidal, mentor deste festival, a quem damos total “carta-branca” para programar edição após edição, este festival é já uma referência a nível nacional, tendo por aqui passado os principais nomes nacionais nesta matéria. Recentemente, com a realização do programa “Governo Sombra”, durante o festival, este teve, uma vez mais, grande mediatização nacional.

LM - Qual a iniciativa cultural que considera ter sido a mais vantajosa para o concelho?

DBF - De todas as referidas anteriormente, creio ter sido o Festival do Pão de Portugal, pois a sua visibilidade na comunicação social nacional ultrapassa todos os eventos, mesmo a Expo-Florestal. E esse facto, só por si, reforça a competitividade de Albergaria-a-Velha e valoriza a sua identidade. É curioso como a diáspora Albergariense começou a lidar com o facto de o seu concelho estar nos canais televisivos nacionais por bons motivos. No passado, este tipo de visibilidade era escassa e quase sempre negativa, com alusões aos incêndios e à prostituição.

LM - De que forma considera que a população se sente envolvida com a programação do Cineteatro Alba?

DBF - O facto de a programação ser “um pouco para todos os gostos” contribuirá para isso. Naturalmente que existem ainda pessoas sem hábitos culturais, daí a nossa preocupação em chegar a essas “franjas” para que adquiram esses hábitos e não se sintam excluídos.

LM - Qual o papel da Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha na promoção da cultura?

DBF - A biblioteca municipal é o principal equipamento municipal de difusão cultural. Para além de espaço de leitura, ali decorrem exposições, conferências e atividades muito diversificadas para públicos de todas as idades. Para se ter uma noção do que estamos a falar, só no ano passado foram cerca de 30.000 visitantes (160.000 desde a sua abertura ao público em 2013). Com cerca de 30 mil visitantes na última edição, este evento é, de longe, o evento concelhio de maior visibilidade nos órgãos de comunicação social nacional.

Litoral Magazine, 29/03/2019

Aproveitamos para recuperar parte de uma outra entrevista realizada em 2016:

A estratégia que temos vindo a implementar, não apenas para 2016 mas para o atual mandato, assenta na consolidação de um modelo de desenvolvimento que alie a cultura, a educação e a economia, de modo a atrair e fixar pessoas e atividades criativas e empreendedoras. Dinamizamos a atividade cultural nos diversos equipamentos culturais do Município através da valorização, do apoio e da promoção de diversas iniciativas e eventos. Apoiamos a ação dos agentes culturais locais, incentivando o associativismo e a preservação dos valores culturais tradicionais. Nestas áreas temos a destacar o Festival Pão de Portugal, um grande evento de dimensão nacional que atraiu cerca de 27 mil pessoas, em 2015, em volta da gastronomia e de um elemento tradicional que tem uma grande história na nossa região. Trata-se de um evento em que apoiamos a produção cultural local, uma vez que durante o festival há diversas apresentações e espetáculos produzidos por associações ou grupos albergarienses, o que permite evidenciar a qualidade do que se faz no concelho. A Rota dos Moinhos é outra das vertentes desta política. O levantamento e inventariação dos mais de 300 moinhos de rodízio no concelho, permite a preservação destes engenhos com mais de um século; o desenvolvimento de turismo de natureza; a preservação do património cultural e natural e a atração de visitantes de Portugal e do estrangeiro. Em 2014, por exemplo, a Rota dos Moinhos foi visitada por 406 pessoas, em 2015 foi visitada por 689 e esperamos aumentar esse número em 2016.

Outra vertente desta política é a preservação de sítios arqueológicos de interesse, continuando escavações em locais que estavam ao abandono há décadas, valorizando-os e ou musealizando-os, como são o caso das Mamoas do Taco, monumentos funerários com cerca de 5.000 anos, ou do Monte de São Julião, na Branca. A aposta que temos levado a cabo com a identificação e valorização dos Caminhos de Santiago, no caso o Caminho Português e o Caminho Caramulo/Vouga, é outro aspeto desta política cultural que alia turismo, natureza, património e religião.

Lançámos também uma política de estudo, inventariação, preservação, conservação, classificação e divulgação do património natural, histórico, cultural e arqueológico do concelho, como forma de valorização do território e do património, tornando-o mais competitivo, atrativo e diferenciado. Destaco aqui o lançamento da revista Albergue, uma publicação anual sobre a História e o Património de Albergaria, que permite mostrar a riqueza do território, não só às pessoas de fora, mas também aos próprios albergarienses.

Temos garantido igualmente apoio a edições temáticas de interesse cultural, como o catálogo da exposição da Cinemateca Portuguesa e do Museu do Neorrealismo, que assinala o centenário do nascimento do cineasta albergariense Manuel Guimarães, ou o documentário “Alba – Uma marca ao serviço da comunidade”, sobre o fundador da Fábrica Metalúrgica Alba.

Litoral Magazine, 26/02/2016

Delfim Bismarck é natural de Albergaria-a-Velha. Em 2013, aceitou o desafio lançado por António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha para assumir as funções de vice-presidente e vereador da Cultura. Para Delfim Bismarck, Albergaria-a-Velha é um concelho bem localizado onde a indústria, o ambiente e a cultura se fundem e onde vale a pena investir, viver e visitar.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

De Albergaria a Constância (1888-2018)





De Albergaria (1888-1993) a Constância (1960-2018)

A historiografia portuguesa desprezou a análise do papel da Caima na economia nacional. O trabalho desenvolvido por Jorge Custódio, Sara Costa Macedo e Susana Pacheco outorga à Caima o papel de destaque que merece na história de Portugal.

A possibilidade de estudar uma empresa que esteve presente em todos os momentos mais significativos da transformação da sociedade portuguesa desde o fim do século XIX é de uma grande relevância. A Caima começou a existir durante o reinado de D. Luís, cresceu durante a Primeira República, esteve sempre activa na I Guerra Mundial, na ditadura militar, na II Guerra Mundial, no 25 de Abril de 1974, na integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) – agora União Europeia –, na adopção da moeda única e no fim do escudo.

A fundação da Caima data de 17 de Maio de 1888. A Fábrica de Albergaria [mais concretamente em Carvalhal, na actual freguesia da Branca] está construída em meados de 1891. Para construir uma fábrica para produzir pasta de papel, por processo químico inovador, no interior de Portugal, nos finais do século XIX, foi necessário trazer o equipamento completo e uma equipa da Alemanha para montar a fábrica. “Imagine o que era constituir uma fábrica em Portugal, têxtil ou metalomecânica, para as quais a formação técnica era baixa nessa época e não existia mão-de-obra especializada. Quanto mais não seria quando esta unidade era uma indústria química à base de bissulfito de cálcio.”, diz Jorge Custódio, responsável pela coordenação do trabalho de investigação da Caima.

“Ao fazer a história desta empresa [a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal], estamos a falar da história da própria sociedade da região e do País”, afirma Sofia Costa Macedo.


O ponto de partida da investigação foi uma arca existente na empresa que tinha cerca de 150 documentos sobre a "The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited" [activa entre 1888-1921]. Para desenvolver o trabalho consultaram vários arquivos diferentes. Os existentes na fábrica de Constância e na fábrica de Albergaria – de que grande parte se encontra no arquivo municipal de Albergaria-a-Velha –, assim como arquivos estatais, municipais e distritais, entre os quais os do antigo Ministério das Obras Públicas e do Ministério da Economia, nos quais encontraram bastante informação.

Recorreram também a arquivos estrangeiros, nomeadamente ao National Archives, em Inglaterra. Foi em Londres que encontraram os estatutos originais da criação da "The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited", a informação mais antiga da Caima. Só de Inglaterra pesquisaram e trouxeram mais de 300 documentos.

Ao todo, encontraram mais informação do que esperavam. Informação que teve de ser analisada e validada para saber se era relevante para a investigação. No arquivo de Albergaria encontraram mais de 200 itens, com vários documentos integrados em cada item. São volumes de cartas. Só para se ter uma noção: num volume, um item possui 600 cartas.

Percurso

1888 (17 de Maio) - Fundação da Sociedade The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Ltd. [com instalações industriais no concelho de Albergaria-a-Velha]

1891 - Inauguração da Fábrica de Pasta de Papel da The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Ltd., instalada mas margens do rio Caima, produzindo pasta pelo processo do bissulfito de cálcio a partir de madeira de pinheiro.

1892 - Exportação da pasta de papel da Caima para a fábrica Star Paper C.º, em Inglaterra.

1907 - Início da produção experimental de pasta de papel a partir de eucalipto, promovida pelo inovador E. D. Bergqvist, sobrinho do pioneiro sueco, Carl Ekman.

1921 - Inicio da comercialização da pasta de papel de eucalipto fabricada na Fábrica do Caima.

1922 (19 de Abril) - O nome da sociedade passa a ser Caima Pulp C.º, Ltd.

1945 - Data em que se deixou de fabricar, na fábrica do Caima, pasta de papel a partir do pinheiro.

1956 - Instalação da concentração de licor na fábrica de Albergaria.

1956 - A holding Eucalyptus Pulp Mills Ltd decide construir uma nova fábrica em Portugal, em Constância, Distrito de Santarém. O processo selecionado é bissulfito de cálcio.

1957 - Arranque da produção de pasta branqueada de eucalipto em Albergaria.

1959 - Reorganização da holding.

1960 - Construção da Fábrica de Constância, da Caima Pulp C.º, Ltd. Instalação das Caldeiras de Recuperação.

(...)

1973 - Alteração da designação social para Companhia da Celulose do Caima, S.A.R.L.

(...)

1992 - Alteração do processo da Fábrica de Albergaria para o fabrico da pasta pelo bissulfito de magnésio, como tinha já acontecido em Constância.

1993 - A laboração em Albergaria-a-Velha é suspensa de forma permanente.

1994 - As instalações da fábrica, no rio Caima, são adquiridas pela papeleira REFICEL – Sociedade e Recuperação de Fibras Celulósicas.

(...)

2002 - Constituição da Caima – Indústria de Celulose, S.A. e transformação da Companhia de Celulose do Caima em S.G.P.S.

(...)

2005 - Fundação da ALTRI, em resultado da reestruturação da Cofina, através de um spin-off dos activos industriais.

Fonte: http://blogdealbergaria.blogspot.com/2018/11/reconhecer-relevancia-da-caima-na.html

A Caima começou a existir durante o reinado de D. Luís, em Albergaria, onde foi construída a primeira fábrica em 1891. Mas a sua data de fundação remonta a 17 de maio de 1888. A Fábrica de Albergaria, construída em meados de 1891, foi a primeira unidade de produção de pasta química em Portugal.

Na primeira sociedade eram poucos os sócios e cada um tinha apenas uma ação num total de 75 mil libras como capital inicial, revelou Jorge Custódio durante a conferência, durante a qual ia projetando documentos e fotografias da época.

O coordenador do trabalho de investigação abordou os rudimentares processos de fabrico que se usavam na época, em que a presença de técnicos e diretores estrangeiros era uma constante.

Sendo uma indústria inovadora em Portugal nos finais do século XIX, foi necessário trazer o equipamento completo e uma equipa da Alemanha para montar a fábrica uma vez que não existia aqui mão-de-obra especializada.

E a instalação em Albergaria não foi por acaso, é que ali existiam os minérios de que a fábrica necessitava para a sua produção. Por isso, Caima, nome do rio ali próximo, era também uma unidade industrial mineira.

Um aspeto pouco conhecido e revelado por Jorge Custódio foi o impacto ambiental e social que teve a fábrica naquela região no final do séc. XIX e início do séc. XX. Greves, motins, incêndios de origem criminosa e até atentados bombistas marcaram esses tempos conturbados em que a população local e os trabalhadores lutavam contra a poluição uma vez que a água chegou a estar inquinada. Também a presença de estrangeiros não era bem vista por alguns setores da sociedade.

A Caima, que começou por produzir pasta de papel apenas a partir da madeira de pinheiro, alargou depois ao eucalipto. É nesta altura que a espécie de crescimento rápido começa a ser plantada de forma intensiva acabando por substituir o pinheiro na indústria de celulose. Foi também nesta altura que a empresa começou a comprar madeira aos proprietários uma vez que a matéria prima das suas propriedades já não era suficiente.

Num processo de crescente modernização, a Caima cresceu durante a Primeira República, esteve sempre ativa na I Guerra Mundial, na ditadura militar, na II Guerra Mundial, no 25 de abril de 1974, na integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) – agora União Europeia –, na adoção da moeda única e no fim do escudo.

Foi em 1962 que a Caima se instalou em Constância e onde atualmente garante cerca de 300 postos de trabalho. Esta fase da empresa será o tema da próxima conferência a realizar a 17 de maio.

José Gaio / mediotejo.net, 02/04/2019

A exposição comemorativa em Constância foi inaugurada em 17 de Novembro de 2018 e pode ser vista até 17 de Maio de 2019.

Agenda Constância

Conferências

18-01-2019 - "Os Ingleses da Caima" | Sofia Costa Macedo
15-02-2019 - "Antes era o vapor: contribuições para o estudo da história da energia na Caima" | Susana Pacheco
22-03-2019 - "Na génese da Fábrica de Pasta de Papel da Caima: Minas, Quintas e Madeiras" | Jorge Custódio
17-05-2019 - A fábrica da Caima vista pelos arqueólogos industriais (Dia Aberto)

Apresentação de livro

18-05-2019 - Cento e Trinta Anos a Produzir Inovação: história, técnica e cultura da "Caima – Indústria de Celulose, SA"

Agenda Albergaria-a-Velha

A inauguração da exposição em Albergaria-a-Velha estava prevista para 31 de Maio de 2019.

(ADIADA) 31 MAIO A 30 JUNHO - BIBLIOTECA MUNICIPAL
DE ALBERGARIA A CONSTÂNCIA: 1888-2018- PORTUGAL NA HISTÓRIA DO PAPEL