quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fábrica de Papel de Valmaior

Um dos tópicos abordados na reunião de 11 de Junho de 2010 da Câmara Muncipal foi a "Demolição das instalações da antiga fábrica de papel de Vale Maior".


- AQUISIÇÃO EM 2002

A Assembleia Municipal de Albergaria-A-Velha autorizou a Câmara local a contrair um empréstimo de quase 240 mil euros para a aquisição da antiga fábrica de papel de Vale Maior, uma pretensão que já tinha manifestada no anterior mandato. Um esforço financeiro que o executivo liderado por João Agostinho (PSD) justificou pela "urgência em dotar a freguesia com equipamentos sociais". Segundo o autarca, a velha unidade fabril vai albergar um centro cívico, uma unidade de saúde, valências de infância (creche e jardim de infância), terceira idade (centro de dia) e equipamentos culturais. "A comunidade local vai ser convidada a identificar outras carências locais, na medida em que os equipamentos construídos deverão vir ao encontro das reais necessidades da freguesia", referiu fonte da Câmara. Na fase seguinte, será executado do projecto de reconversão da antiga fábrica que é propriedade da empresa Companhia de Papel do Prado.

Notícias de Aveiro, 09/10/2002 [Antiga fábrica de papel 'municipalizada']

Albergaria-A-Velha: Município quer adquirir antiga Fábrica do Papel

A Câmara de Albergaria-a-Velha formalizou o interesse na aquisição da antiga fábrica de papel, em Vale Maior.

De acordo com o presidente da edilidade, citado pelo semanário Linha da Frente, trata-se de «um espaço nobre» no centro da freguesia «que poderá ser utilizado pelas colectividades locais».

Rui Marques minimiza o estado avançado de degradação do imóvel, considerando que restaurado poderia albergar também um centro de dia para idosos ou a delegação da Associação Portuguesa dos Pais e Amigos Cidadãos Deficientes actualmente a funcionar em instalações provisórias em Soutelo, freguesia da Branca.

O interesse na compra da velha fábrica do papel foi dado a conhecer ao executivo camarário que ainda não tomou qualquer decisão.

Antes, a Câmara deseja saber a opinião da Junta de Freguesia de Valmaior.

O presidente da edilidade não avança, para já, com os números envolvidos neste negócio mas já terá feito uma proposta à empresa Companhia de Papel do Prado, actual proprietária do imóvel e terrenos adjacentes.

Existe, inclusivamente, um pré-acordo que poderá originar o contrato de compra e venda definitivo se a Câmara, primeiro, e a Assembleia Municipal, depois, autorizarem.

Notícias de Aveiro, 19/06/2000

- A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA DO PAPEL NO CONCELHO

Quando se deu a 1ª Guerra Mundial, a Companhia do Papel do Prado era a única empresa que figurava no grupo das maiores. A sua dimensão cresceu bastante, mais do que a média verificada no seio das 50 maiores empresas: triplicou o número de trabalhadores, passando de cerca de trezentos para mais de um milhar. A sua posição relativa na lista melhorou dez lugares, fazendo parte do grupo das dez maiores empresas da indústria transformadora portuguesa à data da grande guerra.

Nessa altura, a empresa explorava 4 unidades produtivas; as duas que já detinha em 1881, e ainda outras duas que tinha integrado durante o processo de reorganização de que foi alvo, no final da década de 1880.


(... )A fábrica de Vale Maior, fundada em 1873, foi integrada no grupo em 1889. Em 1881 realizou-se um inquérito Industrial a nível nacional. A fábrica de Vale Maior estava encerrada para obras quando foi realizado o inquérito, estando já equipada com uma máquina de fabrico contínuo.


(...)


Uma outra empresa que não integrava a lista das 50 maiores em 1917, merece atenção. A The Caima Timber Estate and Wood Pulp Company explorava a única fábrica de pasta de papel existente à data em Portugal; tratava-se de uma unidade de produção estabelecida em 1888, no concelho de Albergaria-a-Velha. Segundo o inquérito industrial de 1917, a fábrica desta empresa ocupava 258 operários, o que em termos de força laboral representava uma dimensão muito semelhante à última da lista das 50 maiores que empregava 262 trabalhadores. No início da
década de 1910 subscrevia um capital de 360 contos e obrigações em circulação no valor de 144 contos. A sua produção, que naquela altura atingia cerca de 3.488 toneladas, avaliadas em 136 contos, era destinada na sua maioria (85%) ao mercado externo, mais concretamente a Inglaterra.

No grupo das 50 maiores empresas encontra-se unicamente representada uma empresa pertencente a este ramo de actividade [Pasta, papel e cartão]: a Companhia de Papel do Prado. Desde a sua fundação, em 1875, integrou seis unidades produtivas: três no concelho de Tomar, duas no da Lousã e uma em Albergaria-a-Velha.Não é líquido que todas se encontrassem em funcionamento por altura da 1ª Guerra Mundial. Embora a empresa fizesse constar seis fábricas na sua publicidade, existem alguns indícios que duas delas estivessem inactivas: a do Casal do Ermio, na Lousã, e a do Sobreirinho em Tomar.

No que respeita ao número de trabalhadores das quatro fábricas em laboração, existe informação concreta a partir do inquérito para duas delas (Prado e Vale Maior), sendo que para as restantes foi considerada a dimensão média das fábricas

GRANDES EMPRESAS INDUSTRIAIS DE UM PAÍS PEQUENO: PORTUGAL. DA DÉCADA DE 1880 À 1ª GUERRA MUNDIAL - Pedro José Marto Neves (Tese UTL/ISEG)

- PATRIMÓNIO CULTURAL E INDUSTRIAL

Deveriam ser promovidas inicativas que potenciassem o património existente e a ligação das terras a essa actividade.

ver também
http://novos-arruamentos.blogspot.com/2009/06/museu-de-papel.html

Sem comentários: