Com a abertura da Escola Secundária e da Escola Preparatória Conde D. Henrique foi criada uma nova zona habitacional em Albergaria-a-Velha conhecida por "Novos Arruamentos das Escolas Técnicas". Com o tempo passou a ser conhecida apenas por "Novos Arruamentos".
quinta-feira, 4 de abril de 2019
De Albergaria a Constância (1888-2018)
De Albergaria (1888-1993) a Constância (1960-2018)
A historiografia portuguesa desprezou a análise do papel da Caima na economia nacional. O trabalho desenvolvido por Jorge Custódio, Sara Costa Macedo e Susana Pacheco outorga à Caima o papel de destaque que merece na história de Portugal.
A possibilidade de estudar uma empresa que esteve presente em todos os momentos mais significativos da transformação da sociedade portuguesa desde o fim do século XIX é de uma grande relevância. A Caima começou a existir durante o reinado de D. Luís, cresceu durante a Primeira República, esteve sempre activa na I Guerra Mundial, na ditadura militar, na II Guerra Mundial, no 25 de Abril de 1974, na integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) – agora União Europeia –, na adopção da moeda única e no fim do escudo.
A fundação da Caima data de 17 de Maio de 1888. A Fábrica de Albergaria [mais concretamente em Carvalhal, na actual freguesia da Branca] está construída em meados de 1891. Para construir uma fábrica para produzir pasta de papel, por processo químico inovador, no interior de Portugal, nos finais do século XIX, foi necessário trazer o equipamento completo e uma equipa da Alemanha para montar a fábrica. “Imagine o que era constituir uma fábrica em Portugal, têxtil ou metalomecânica, para as quais a formação técnica era baixa nessa época e não existia mão-de-obra especializada. Quanto mais não seria quando esta unidade era uma indústria química à base de bissulfito de cálcio.”, diz Jorge Custódio, responsável pela coordenação do trabalho de investigação da Caima.
“Ao fazer a história desta empresa [a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal], estamos a falar da história da própria sociedade da região e do País”, afirma Sofia Costa Macedo.
O ponto de partida da investigação foi uma arca existente na empresa que tinha cerca de 150 documentos sobre a "The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited" [activa entre 1888-1921]. Para desenvolver o trabalho consultaram vários arquivos diferentes. Os existentes na fábrica de Constância e na fábrica de Albergaria – de que grande parte se encontra no arquivo municipal de Albergaria-a-Velha –, assim como arquivos estatais, municipais e distritais, entre os quais os do antigo Ministério das Obras Públicas e do Ministério da Economia, nos quais encontraram bastante informação.
Recorreram também a arquivos estrangeiros, nomeadamente ao National Archives, em Inglaterra. Foi em Londres que encontraram os estatutos originais da criação da "The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited", a informação mais antiga da Caima. Só de Inglaterra pesquisaram e trouxeram mais de 300 documentos.
Ao todo, encontraram mais informação do que esperavam. Informação que teve de ser analisada e validada para saber se era relevante para a investigação. No arquivo de Albergaria encontraram mais de 200 itens, com vários documentos integrados em cada item. São volumes de cartas. Só para se ter uma noção: num volume, um item possui 600 cartas.
Percurso
1888 (17 de Maio) - Fundação da Sociedade The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Ltd. [com instalações industriais no concelho de Albergaria-a-Velha]
1891 - Inauguração da Fábrica de Pasta de Papel da The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Ltd., instalada mas margens do rio Caima, produzindo pasta pelo processo do bissulfito de cálcio a partir de madeira de pinheiro.
1892 - Exportação da pasta de papel da Caima para a fábrica Star Paper C.º, em Inglaterra.
1907 - Início da produção experimental de pasta de papel a partir de eucalipto, promovida pelo inovador E. D. Bergqvist, sobrinho do pioneiro sueco, Carl Ekman.
1921 - Inicio da comercialização da pasta de papel de eucalipto fabricada na Fábrica do Caima.
1922 (19 de Abril) - O nome da sociedade passa a ser Caima Pulp C.º, Ltd.
1945 - Data em que se deixou de fabricar, na fábrica do Caima, pasta de papel a partir do pinheiro.
1956 - Instalação da concentração de licor na fábrica de Albergaria.
1956 - A holding Eucalyptus Pulp Mills Ltd decide construir uma nova fábrica em Portugal, em Constância, Distrito de Santarém. O processo selecionado é bissulfito de cálcio.
1957 - Arranque da produção de pasta branqueada de eucalipto em Albergaria.
1959 - Reorganização da holding.
1960 - Construção da Fábrica de Constância, da Caima Pulp C.º, Ltd. Instalação das Caldeiras de Recuperação.
(...)
1973 - Alteração da designação social para Companhia da Celulose do Caima, S.A.R.L.
(...)
1992 - Alteração do processo da Fábrica de Albergaria para o fabrico da pasta pelo bissulfito de magnésio, como tinha já acontecido em Constância.
1993 - A laboração em Albergaria-a-Velha é suspensa de forma permanente.
1994 - As instalações da fábrica, no rio Caima, são adquiridas pela papeleira REFICEL – Sociedade e Recuperação de Fibras Celulósicas.
(...)
2002 - Constituição da Caima – Indústria de Celulose, S.A. e transformação da Companhia de Celulose do Caima em S.G.P.S.
(...)
2005 - Fundação da ALTRI, em resultado da reestruturação da Cofina, através de um spin-off dos activos industriais.
Fonte: http://blogdealbergaria.blogspot.com/2018/11/reconhecer-relevancia-da-caima-na.html
A Caima começou a existir durante o reinado de D. Luís, em Albergaria, onde foi construída a primeira fábrica em 1891. Mas a sua data de fundação remonta a 17 de maio de 1888. A Fábrica de Albergaria, construída em meados de 1891, foi a primeira unidade de produção de pasta química em Portugal.
Na primeira sociedade eram poucos os sócios e cada um tinha apenas uma ação num total de 75 mil libras como capital inicial, revelou Jorge Custódio durante a conferência, durante a qual ia projetando documentos e fotografias da época.
O coordenador do trabalho de investigação abordou os rudimentares processos de fabrico que se usavam na época, em que a presença de técnicos e diretores estrangeiros era uma constante.
Sendo uma indústria inovadora em Portugal nos finais do século XIX, foi necessário trazer o equipamento completo e uma equipa da Alemanha para montar a fábrica uma vez que não existia aqui mão-de-obra especializada.
E a instalação em Albergaria não foi por acaso, é que ali existiam os minérios de que a fábrica necessitava para a sua produção. Por isso, Caima, nome do rio ali próximo, era também uma unidade industrial mineira.
Um aspeto pouco conhecido e revelado por Jorge Custódio foi o impacto ambiental e social que teve a fábrica naquela região no final do séc. XIX e início do séc. XX. Greves, motins, incêndios de origem criminosa e até atentados bombistas marcaram esses tempos conturbados em que a população local e os trabalhadores lutavam contra a poluição uma vez que a água chegou a estar inquinada. Também a presença de estrangeiros não era bem vista por alguns setores da sociedade.
A Caima, que começou por produzir pasta de papel apenas a partir da madeira de pinheiro, alargou depois ao eucalipto. É nesta altura que a espécie de crescimento rápido começa a ser plantada de forma intensiva acabando por substituir o pinheiro na indústria de celulose. Foi também nesta altura que a empresa começou a comprar madeira aos proprietários uma vez que a matéria prima das suas propriedades já não era suficiente.
Num processo de crescente modernização, a Caima cresceu durante a Primeira República, esteve sempre ativa na I Guerra Mundial, na ditadura militar, na II Guerra Mundial, no 25 de abril de 1974, na integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) – agora União Europeia –, na adoção da moeda única e no fim do escudo.
Foi em 1962 que a Caima se instalou em Constância e onde atualmente garante cerca de 300 postos de trabalho. Esta fase da empresa será o tema da próxima conferência a realizar a 17 de maio.
José Gaio / mediotejo.net, 02/04/2019
A exposição comemorativa em Constância foi inaugurada em 17 de Novembro de 2018 e pode ser vista até 17 de Maio de 2019.
Agenda Constância
Conferências
18-01-2019 - "Os Ingleses da Caima" | Sofia Costa Macedo
15-02-2019 - "Antes era o vapor: contribuições para o estudo da história da energia na Caima" | Susana Pacheco
22-03-2019 - "Na génese da Fábrica de Pasta de Papel da Caima: Minas, Quintas e Madeiras" | Jorge Custódio
17-05-2019 - A fábrica da Caima vista pelos arqueólogos industriais (Dia Aberto)
Apresentação de livro
18-05-2019 - Cento e Trinta Anos a Produzir Inovação: história, técnica e cultura da "Caima – Indústria de Celulose, SA"
Agenda Albergaria-a-Velha
A inauguração da exposição em Albergaria-a-Velha estava prevista para 31 de Maio de 2019.
(ADIADA) 31 MAIO A 30 JUNHO - BIBLIOTECA MUNICIPAL
DE ALBERGARIA A CONSTÂNCIA: 1888-2018- PORTUGAL NA HISTÓRIA DO PAPEL
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