segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Uma igreja com mais de três séculos

A igreja matriz de Albergaria-a-Velha, começou a ser construída em 1692, por ordem do Rei D. Pedro II, tendo sido aberta ao culto a 23 de Junho de 1695.

Na noite de 4 de Junho de 1759, um foguete que caiu sobre o telhado, provocou um grande incêndio na igreja, apenas se salvando a capela-mor e as paredes.

No ano seguinte, o rei D. José I, mandou reconstruir o templo que havia ardido, tendo as despesas sido divididas em quatro partes: duas retirando-se dinheiro das sisas, uma do convento de Jesus e outra do Real Hospital de Albergaria.

Ao longo dos tempos, foram sendo efectuadas obras de conservação, nomeadamente a substituição, nos anos oitenta, do telhado, mas agora o impulso foi de facto muito grande, pois foram substituídas as massas das paredes, o tecto, o chão e os vários altares, sofreram também grandes retoques, tendo dois dos altares laterais visto os seus belos “frescos” recuperados, por pintura manual, o mesmo devendo suceder aos restantes, especialmente o altar mor e o arco do cruzeiro.

Foram ainda construídas uma capela mortuária e várias casas de banho, sendo ainda necessário investir à volta de 9 mil contos na pintura e restauro dos altares e cerca de 7 mil contos nas obras do exterior, o que eleva os custos aos 80 mil contos já referidos. Até agora, dos 65 mil contos investidos, segundo declarações e números avançados por Mário Vidal da Silva "ainda nos falta pagar 27 mil contos, mas contamos angariar alguns fundos, sendo intenção da comissão recorrer a apoios públicos diversos, como a Câmara Municipal, cujos serviços culturais, estão a preparar um dossier a enviar à Secretaria de Estado da Cultura, para a vertente da recuperação de edifícios "de interesse cultural".

De registar que, para esta cerimónia de abertura ao culto, o pároco Fausto de Oliveira, convidou os padres, ainda vivos, que exerceram funções em Albergaria-a-Velha. Dos três sobreviventes, estiveram presentes D. Francisco Teixeira, actualmente Bispo Eminente de Quelimane e o padre Manuel António Fernandes, enquanto o antecessor do actual pároco de Albergaria-a-Velha, José Maria Domingues, hoje com 87 anos, a residir em Vagos, não esteve presente, mas enviou uma sentida mensagem e garantiu que "qualquer dia, vou aí dar um abraço a todos vós".

A partir de agora, todos os actos de culto voltam a realizar-se na igreja, ainda que as obras prossigam, a cargo da empresa da vila, Sociedade de Construções António Rodrigues Parente. Aquilo a que o padre Fausto Oliveira, designou de “verdadeira maravilha”, é bem o orgulho de uma paróquia onde se desenvolvem constantes actividades religiosas, e que, sem sombra de dúvida, passa a constituir um espólio religioso e cultural de que todos os albergarienses se podem e devem orgulhar.

Jornal Beira-Vouga, 15/06/1996

Com retábulos e altar-mor em talha dourada dos séculos XVII-XVIII.

A construção civil da atual Igreja Paroquial de Albergaria-a-Velha foi iniciada em 1692, por ordem do rei D. Pedro II. Este soberano concedeu um alvará de expropriação do terreno no sítio dos casais, onde ainda hoje se encontra. O soberano também determinou que o povo da freguesia, que considerava numeroso e pobre, recebesse para auxílio das obras os reais sobre cada quartilho de vinho e os sobejos da capitação das Sizas durante cinco anos, correndo os pagamentos e despesas por ordem da Provedor da Comarca de Esgueira.

E foi assim que "com o que puderam dar os suplicantes (isto é, os albergarienses) se tinha feito e acabado a dita Igreja", embora, na realidade, passados os cinco anos faltassem ainda muitas coisas desde o pavimento até aos retábulos e mesmo ao adro.

Então, o rei concedeu mais um período de seis anos para se aproveitar um real lançado sobre cada litro de vinho. E o Convento de Jesus de Aveiro contribuiu com a rica obra de talha dourada altar-mor e dos altares laterais, compensando, desta forma, o povo dos dízimos que, havia longos anos, cobrava sobre as produções locais,

Foram solenes e mesmo sumptuosas, para paróquia tão carecida, as cerimónias da inauguração da nova igreja, nos dias 23 e 24 de Junho de 1695. À solene procissão com o Santíssimo, presidiu o Notário Apostólico, em representação do Bispo de Coimbra, As ruas encontravam-se engalanadas de verduras e atapetadas de flores, com as janelas e varandas de ande pendiam colgaduras repletas de gente, mostrando sentimentos de religioso júbilo. No templo houve te deum e missa solene com o sermão do estilo.

Sessenta e quatro anos depois, no Reinado de D. José, em 4 de Junho de 1759, véspera das solenes festividades da Espírito Santo, um foguete mal lançado incendiou o telhado da igreja, tenda escapada ao fogo a capela-mor, algumas imagens e as grossas paredes.

As medidas para uma rápida reconstrução à custa da Coroa, do Convento de Jesus de Aveiro e das rações do nosso Hospital foram determinadas pelo Marquês de Pombal.

Assim, a igreja paroquial de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha voltou, mais esplendorosa ainda, a servir o povo, aguentando com vários outros restauros, mais ou menos felizes, até ao presente.

Texto retirado do antigo site da JF Albergaria

1 comentário:

nth disse...

http://www.terravista.pt/aguaalto/24137 pg antiga grupo jovens