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Integrando, originalmente, uma ampla quinta, a Casa de Santo António, erguida na década de 30 do século XVIII pelo Cap. Dr. João Ferreira da Cruz, é um exemplar típico da arquitetura civil de Setecentos, destacando-se pela sua imponência no conjunto habitacional mais modesto de Albergaria-a-Velha. A fachada longitudinal é dividida por pilastras delimitando a zona residencial, o portão de aparato e a capela, cujo frontão triangular se eleva bem acima da linha do telhado. O interior, ainda que muito modificado, testemunha a sobriedade e depuração do estilo de vida da época. Na capela, concluída em 1750, conservam-se os retábulos do altar-mor e os dois colaterais, bem como a sanefa do púlpito, em talha dourada e policromada, as colunas com pias de água benta que suportam o coro alto e as pinturas do interior do arco cruzeiro.
A classificação da Casa de Santo António reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, e à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística.
Delfim Bismarck, Vice-Presidente da Câmara Municipal, considera-se “suspeito” para falar sobre o assunto, uma vez que é sexto neto do fundador da casa e foi o autor do pedido de classificação da mesma realizada há cerca de uma década, quando presidia à ADERAV – Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, tendo ainda escrito o livro Casa e Capela de Santo António em Albergaria-a-Velha (Século XVIII): genealogia, história e arte, editado em 1999. “Mais vale tarde do que nunca. Finalmente começamos a assistir a uma série de classificações de imóveis na região de Aveiro que muito vêm valorizar, divulgar e proteger muito do Património. Pena é que alguns dos melhores exemplos já se tenham perdido ou ficado irremediavelmente comprometidos”.
CMAAV
Arquitectura residencial, barroca. Palácio urbano de planta rectangular composta por ala residencial e capela integrada na fachada.
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Descrição
Planta rectangular, sensivelmente irregular na fachada posterior, composta por ala residencial e capela. Corpos volumetricamente distintos, com coberturas diferenciadas em telhados de 2
águas. Ala residencial de 2 pisos com fachada principal flanqueada por pilastras toscanas, tendo no 1º, portas simples de verga recta com cornija recta saliente, encimadas por janelas, ritmada e alternadamente, de sacada, sobre modilhões, e com avental decorado com almofadas em losango. À direita, abre-se amplo portão com pilastras e verga recta decorada por frisos e cornija saliente sobrepujada por pináculos e enrolamentos com brasão liso terminado por cruz, ao centro. Segue-se-lhe a capela, com portal de verga recta encimado por cornija e nicho ladeado por enrolamentos; lateralmente, abrem-se janelas com enrolamentos sobre a cornija encimadas por outras molduras curvas. Remate em frontão triangular com óculo no tímpano. Também à direita, adossa-se pano de muro com sineira. Fachada posteriormente, de arco pleno, ladeada por volutas invertidas e encimada por pináculos e motivo cílindrico no topo. No interior da capela, coro-alto apoiado em colunas, púlpito no lado da Epístola e 2 altares laterais. Na capela-mor, retábulo de talha com colunas salomónicas com grinaldas.
Acessos
Rua de Santo António, nº 22
Protecção
MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 144/2014, DR, 2.ª série, n.º 37 de 21 fevereiro 2014
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Urbano, flanqueado por casas urbanas com 1 e 3 pisos. Fachada principal virada sobre rua. Do lado esquerdo, um pequeno espaço aberto com acesso através de portão chapeado, ligeiramente recuado, separa-a da casa seguinte.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Residencial
Utilização Actual
Residencial
Propriedade
Privada
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 18
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido
Cronologia
Séc. 18, década de 30 - É mandada construir pelo capitão João Ferreira da Cruz; 1750 - construção da capela; 1843 - transferidos para a capela, os restos mortais de João Henriques Ferreira (1730 - 1802); 1843, posteriormente - passou para a posse da família Castro e Lemos, tendo sido vendida várias vezes; 1967 - a casa é adquirida por Francisco de Jesus Rodrigues da Silva, adaptando-a a casa de comércio e indústria de confecções; 1981, 26 novembro - proposta de classificação da ADPNCAveiro; 1982 - estava ocupado por uma fábrica de camisas; 1994, 13 setembro - proposta de abertura da DRCoimbra; 1995, 15 janeiro - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como IIP; 1997, 12 setembro - Despacho de homologação do Ministro da Cultura; 2010, 29 outubro - proposta de ZEP da DRCCentro; 7 novembro - parecer favorável da SPAA do Conselho nacional de Cultura; 2013, 7 fevereiro - publicação do anúncio nº 59/2013, em DR, 2ª série, nº 27, relativo ao projeto de decisão de fixação da zona especial de proteção (ZEP).
Características Particulares
Destaca-se a composição decorativa do amplo portão para o pátio interior e a existência de pequena sineira sobre pano de muro adossado ao lado direito da capela.
Dados Técnicos
Paredes autoportantes
Materiais
Granito (cantarias), ferro (gradeamentos), telha de aba e canudo, vidro, madeira (caixilhos), ferro (portão lateral).
Bibliografia
GONÇALVES, A. N., Inventário Artístico de Portugal - VI, Distrito de Aveiro, Zona Sul, Lisboa, 1959, p. 53 - 54; PRATA, José, Nota sobre a Casa de Santo António, em Albergaria-a-Velha, Boletim da Associação de Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, Aveiro, 1981-82, nº 6, p. 7 - 10; FERREIRA, Delfim Bismarck, Casa e Capela de Santo António em Albergaria-a-Velha - Século XVIII, Porto, 1999.
Documentação Gráfica
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR; ADERAV *1; CMAAV
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR; ADERAV; CMAAV
Intervenção Realizada
Observações
*1 - Associação de Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro.
Autor e Data
Paulo Dordio 1997
Actualização
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