Com a abertura da Escola Secundária e da Escola Preparatória Conde D. Henrique foi criada uma nova zona habitacional em Albergaria-a-Velha conhecida por "Novos Arruamentos das Escolas Técnicas". Com o tempo passou a ser conhecida apenas por "Novos Arruamentos".
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Albergaria-a-Velha 1873
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Ponte do Pinho - Telhadela
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
José Nunes Alves
Jornal dos Clássicos
O Museu do Caramulo vai produzir, através do Jornal dos Clássicos, uma série documental sobre os automóveis portugueses.
O objectivo desta série é mostrar alguns dos mais extraordinários automóveis produzidos em Portugal, evitando que as suas histórias caiam no esquecimento ou permaneçam no total desconhecimento por parte do grande público.
A série “Automóveis Portugueses” terá seis episódios, cobrindo os automóveis Felcom (1933), Edfor (1937), Alba (1952), DM (1953), AR (1955), cinco dos automóveis que sobreviveram e que ainda se encontram em condições de circulação. Cada um destes cinco episódios focará a história do modelo, do seu criador assim como do seu actual proprietário.
O último episódio será dedicado a toda a indústria e projectos motorizados portugueses e contará com a apresentação de José Barros Rodrigues, o conhecido autor de vários livros sobre automóveis produzidos em Portugal.
Haverá ainda um episódio extra com o “making of” da série, incluindo as imagens do “behind the scenes”, bloopers, conversas com os participantes, entre outros conteúdos.
Para isto, o Jornal dos Clássicos vai recorrer a uma produção profissional e munida de todas as capacidades técnicas para poder trazer o melhor que existe na arte de contar uma história e mostrar da melhor forma possível as extraordinárias aventuras de criatividade e empreendedorismo que marcaram a era dourada da produção de automóveis em Portugal, entre os anos 30 e 50.
A série “Automóveis Portugueses”, que já se encontra em gravações, vai estrear durante o segundo semestre de 2020 [adiado?] no canal do Jornal dos Clássicos no Youtube, com um episódio a ser lançado a cada semana.
https://www.jornaldosclassicos.com/2020/07/03/museu-do-caramulo-vai-produzir-serie-sobre-automoveis-portugueses/
https://www.jornaldosclassicos.com/tag/alba/
https://www.youtube.com/c/JornaldosCl%C3%A1ssicosTV/videos
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
Recordações toponímicas de Alquerubim
A força da Tradição…
Não me lembro de quem escreveu estas palavras:
… É enorme. Podem os homens mudar os nomes das ruas, das praças ou dos becos, que o vulgo continuará a chamar Rua Direita à mais tortuosa rua da cidade e a designar pelo seu antigo nome, às vezes velho de séculos, as curvas, as encruzilhadas, tudo o que na toponímia da aldeia, da cidade, da região, ganhou fixação duradoura na memória das gerações.
Temos exemplos disto na nossa terra. Ali, naquele trecho que da casa comercial de Américo Gonçalves dos Santos segue para Beduído, a uns 15 a 20 metros do estabelecimento, há um ponto que eu sempre ouvi chamar a «Laranjeira Azeda». Tal nome decerto resultou de uma laranjeira azeda que ali existisse, no Passal dos priores. E suponho mesmo que tal árvore é a que ali ainda existe, tombada, de tronco carcomido e vèlhinha, tão vèlhinha, que não se aguenta direita, como uma pessoa que, sob o peso dos anos, não se mantém de pé. Sabida a longevidade que as laranjeiras atingem, não me repugna acreditar que aquela árvore, que ali jaz, ainda dando frutos, seja a mesma que, há mais de 70 anos, deu o nome por que ainda hoje é conhecido o local.
Outro sítio nas mesmas condições é aquele onde se cruza com a estrada 16-2, o troço que vai da antiga fonte de chafurda de Fontes e que é vulgarmente conhecido por «Val de Carneiro». De onde lhe vem tal nome? Ninguém o sabe, creio.
A encruzilhada, perto da qual fica a «Casa do Povo», é conhecida por «Senhor dos Aflitos». Haverá alguém que me possa elucidar sobre a origem de tal designação? Palpita-me que deve haver qualquer coisa de interessante na origem deste nome.
Entre a «Laranjeira Azeda» e o «Senhor dos Aflitos», na curva do muro que veda a propriedade do Sr. Eduardo Lemos, foram colocadas umas Alminhas, creio que no tempo do Pároco Padre Miguel, as quais, pela inscrição que nelas foi colocada, vejo que são designadas por «Alminhas do Chão da Cruz». Confesso ignorar que algum dia ali tivesse havido essas alminhas, e louvo o zelo e diligência daquele sacerdote em te-las descoberto da poeira do tempo e assinalado com um monumento novo, reatando assim o fio de uma tradição que se desvaneceria se o restauro não fosse feito.
O outeiro que se levanta defronte da igreja matriz é conhecido por «Alto da Igreja Nova». Poucas pessoas haverá hoje em Alquerubim que tenham sido contemporâneas de tal baptismo. Ele deriva da circunstância de ter sido destinado a erigir-se ali uma nova igreja matriz, que viria substituir a antiga, que naquele tempo era um templo sem elegância e já se encontrava muito necessitado de reparação. Neste jornal já foi feira uma referência a isto pelo erudito autor dos «Retalhinhos Históricos». Ainda lá se conservam, no estado de abandono definitivo de há mais de 60 anos, os caboucos que foram abertos para demarcação do edifício, que ficaria sendo uma das mais notáveis, se não a mais notável, pela situação e linhas arquitectónicas, das igrejas destas redondezas.
Abandonada a ideia da construção do novo templo, foi resolvido reparar o antigo, que, diga-se também, ficou sendo um dos mais lindos da diocese de Aveiro. Foi pena que não ficasse no alto do outeiro, que ficou sendo conhecido pelo «Alto da Igreja Nova», designação que se tem conservado através dos anos e creio que se conservará pelos séculos fora.
Logo ao ultrapassar o edifício das Escolas Primárias Centrais, na estrada para Albergaria, o terreno à esquerda, hoje aproveitado como terra de cultura, é conhecido pelo «Hospital». Também já aqui fiz referência a isso num dos meus Recordandos. Foi ali construído, há mais de 70 anos, o edifício para um hospital. Não chegou a acabar-se, por falecimento do doador, e mais tarde foi demolido, mas o sítio sempre ficou sendo conhecido por «Hospital».
Isto seria um nunca acabar. A imaginação popular é prolífera na criação de motivos que, uma vez erigidos na mente das populações, ficam anos e anos, séculos e séculos, a atestar a existência de factos que muitas vezes não passam de uma promessa, de um desejo, de uma aspiração.
Todos os lugares da freguesia têm destas recordações toponímicas, e se eu estivesse mais novo, ainda me lançaria à tarefa de organizar uma colectânea que colheria da tradição. Um ponto que não me escaparia de averiguar na sua origem é o de «Pica-Boi», acolá no alto do Fial de Cima, lugar cheio de poesia, como é toda a zona por onde se estende o Fial (de Baixo e de Cima), e onde todos os anos se realiza uma romaria aonde acorre metade da mocidade da freguesia. Por que razão foi dado ao aprazível sítio um tão esquisito nome?
Este e muitos outros eu procuraria averiguar, mas isso demanda esforço com que já não posso.
António Augusto de Miranda, Mensagem, 15 de março de 1961
"A publicação das crónicas Recordando, da autoria de António Augusto de Miranda, publicadas na Mensagem, o Boletim da Paróquia de Alquerubim, entre 1956 e 1962, pretendem constituir um contributo para a preservação da nossa memória." Emília Maria Santiago Miranda (a sua neta mais nova)
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Moinhos de Portugal
https://www.facebook.com/MoinhosPortugal
Para quem gosta de colaborar na divulgação e valorização do património molinológico do nosso país sugerimos a página de facebook Moinhos de Portugal que está a fazer onze anos e que já se tornou uma referência da área a nível nacional.
Foto publicada na referida página:
Segurelha, bucha, veio e cunhas. Moinhos da Freirôa. Rio Caima. Albergaria-a-Velha, 2006.
sábado, 21 de novembro de 2020
hóquei em Patins
O desejo de hóquei em Patins
O Correio de Albergaria avançou com a noticia: Vai o Clube de Albergaria, a centenária colectividade desta nossa terra, criar uma secção de Hoquei em Patins.
Perante a notícia recuei alguns anos, quarenta e dois a quarenta e cinco, e dei comigo a ver a então novel secção de Hoquei em Patins do Sport Clube ALBA, ali no então Parque de Recreio e Desporto da ALBA, a preparar os seus atletas para disputar jogos a nível distrital.
Os mais novos eram dos mais entusiastas e tanto fizeram que se sagraram Campeões Distritais de Infantis, lá para o ano 1972-1973 (?)
Era um tal entusiasmo que tudo se foi arranjando e os jovens jogadores viviam com intensidade os seus treinos e jogos e sentiam-se apoiados pelos dirigentes do Clube e pelos seus familiares, Chegou a ter uma equipa de Seniores (gente grande) reforçada com alguns elementos vindos da Sanjoanense Foi uma forte vivência que infelizmente não se prolongou no tempo e daí a minha surpresa e satisfação pelo anunciado renascimento do Hoquei em Patins em Albergaria-a-Velha.
Vivi a minha juventude acompanhando a criação e o desenvolvimento de um glorioso e famoso clube de hoquei, o Hockey Club de Sintra, de que sou, ainda hoje, sócio, tendo convivido com os seus jogadores alguns dos quais chegaram a Campeões do Mundo. E nisto está a origem da minha paixão pelo hoquei que foi agora avivada com a realização, no Pavilhão de Albergaria, do jogo entre o Benfica (vencedor da Taça de Portugal) e o Valongo (vencedor do Campeonato Nacional). Foi um jogo do “tu cá tu lá”, de alteração permanente do marcador, mas um jogo com alguns momentos de magnífico hoquei com alguns jogadores a mostrarem que neste jogo quem patinar melhor faz a diferença. O meu Benfica perdeu e o Valongo levou consigo a taça com o nome de um dos melhores jogadores de sempre o António Livramento.
Este oportuno jogo veio numa altura preciosa para agitar o “pessoal” e dar ânimo a quem está decidido a avançar com a prática do hoquei em patins aqui pelas terras de Albergaria.
Pelo passado, pelo valor da juventude de todo o Concelho, que vem deixando bons comportamentos em várias áreas do desporto pela “carolice” de técnicos e dirigentes, pelos apoios que as autarquias (Juntas e Câmara), empresas, comerciantes etc, não deixarão de continuar a prestar a estas iniciativas, cremos que a concretização do DESEJADO Hóquei em Patins é possível.
O que acabo de relatar é o ANVERSO da situação mas, não ficaria de bem comigo se não falasse no REVERSO.
Neste reverso deixo duas situações que sempre foram preocupantes para dirigentes e jogadores:
a) As exigências do equipamento dos jogadores, em particular dos Guarda-Redes, equipamentos que não são baratos e que obrigam a uma atenção permanente de manutenção.
b) As exigências de boa patinagem o que obriga à prática frequente de patinar que começa por depender da entrega e sacrifício dos jogadores e da disponibilidade de disporem de espaço para o poderem fazer quer individualmente quer em equipa.
Nada disto é surpresa, pois um objectivo, um sonho,,. sempre tem duas faces em que uma é mais atraente e mais simbólica e apetecível que a outra. O projecto, em minha opinião está em boas mãos e o Clube de Albergaria, como reza o seu passado, vai encontrar a via ideal para dar vida a este sonho, tendo presente que… “as dificuldades fizeram-se para serem vencidas”.
José Piedade Laranjeira, Correio de Albergaria, 05/11/2014
https://arquivo.pt/wayback/20150912105915/http://www.correiodealbergaria.pt/?p=1900
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Revista Albergue
Editorial da Revista Albergue nº 7
Tempos estranhos estes, que vivemos. O ano de 2020 será lembrado, talvez, como o primeiro de vários, em que o Homem se vê obrigado a adaptar a uma nova realidade, condicionadora, para quem viveu tempos de desenvolvimento económico, social e cultural.
Esta adaptação a um “novo tempo”, também trouxe, e trará, novas formas de vivência e convivência, de introspecção, hábitos, rotinas e preocupações.
Talvez por isso a leitura tenha voltado a ser uma boa aliada de uma vida intelectualmente equilibrada e estimulante, voltando a ser valorizada a História com a qual tanto se aprende.
Assim chegámos ao sétimo número da nossa “Albergue” e, com ele, uma vez mais, a satisfação de mais uma missão cumprida. Manter a periodicidade e a qualidade, conseguindo também manter o aumento gradual do interesse dos leitores, a procura dos investigadores pelas fontes aqui publicadas, mas também o desejo dos autores em verem editados os resultados dos seus trabalhos de investigação, são factores mais do que suficientes para director e editor se sentirem preenchidos.
Passo a passo o concelho vai ficando mais rico e a missão apresentada no primeiro número vai sendo cumprida: criar uma edição que sirva de veículo de inventariação, preservação, valorização e divulgação da História e do Património do Concelho de Albergaria-a-Velha.
Neste sétimo número, trazemos a público um conjunto de artigos diversificados e de grande amplitude cronológica, que vão do século XVI, com um artigo sobre uma casa histórica, passando pela arquitectura, arte sacra, genealogia, tanatologia e por quatro artigos biográficos, qual deles o mais interessante, pois vão de uma afamada curandeira do século XVII a um conceituado advogado do século XX. Pelo meio, temos ainda um artigo sobre um projecto especial dedicado ao património natural.
Todos estes motivos serão, estamos em crer, mais do que suficientes para continuar a agradar aos leitores e contribuir para que todos aqueles que se interessam pela História e Património do Concelho de Albergaria-a-Velha aprofundem os seus conhecimentos, alimentem a sua curiosidade e se tornem mais atentos, mais informados, mais e melhores defensores e fruidores daquele que foi o legado dos nossos antepassados.
De novo, aqui fica o nosso mais sincero agradecimento a todos os autores, historiadores, arqueólogos e investigadores diversos, que colaboram graciosamente nesta publicação, trazendo a público os resultados dos seus mais recentes estudos e investigações.
Para imagem de capa, a escolha recaiu desta vez sobre a Adoração dos Magos, notável pintura do século XVII existente na Igreja Paroquial de Valmaior, desconhecida da grande maioria dos leitores.
A todos aqueles que tornaram possível a concretização deste projecto editorial, desde autarcas a colaboradores e leitores, o nosso muito obrigado.
Delfim Bismarck Ferreira - Vice-Presidente da Câmara Municipal e editor da revista municipal Albergue.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
A necessária missão da Imprensa Local
No dia 3 de Maio de 2014 participei, na qualidade de director do Jornal de Albergaria durante 18 anos (1993-2011), numa mesa redonda, realizada no âmbito da exposição comemorativa dos 150 Anos de Imprensa Local no Concelho de Albergaria, a decorrer na Biblioteca Municipal.
A exposição é um acontecimento imperdível para os albergarienses, que poderão visitar os cabeçalhos e algumas páginas dos jornais que ao longo dos decénios aqui se foram publicando. É sobretudo uma oportunidade para, certamente com alguma surpresa, se verificar como era pujante a intervenção cívica dos cidadãos em épocas recuadas.
Do muito que de importante foi dito nessa mesa redonda, e do longo rosário de dificuldades, em confronto com a profusão de títulos que já se publicaram, ficou a apreensão pelo futuro da imprensa local, e concretamente da imprensa local em Albergaria. No fim de contas, que futuro para a nossa imprensa local?
Importa precisar que um jornal local não é um jornal que se “faz” e se vende numa localidade: ele é “local” em atenção ao seu específico conteúdo, predominantemente virado para os factos e pessoas da localidade que é o seu espaço físico e pessoal de observação.
JORNAL E PÚBLICO LEITOR
A imprensa local pressupõe um binómio incindível: um jornal e um público leitor. Um jornal só existe se houver quem o leia; um público leitor só é leitor se tiver um jornal que lhe interesse ler.
A questão que se coloca terá necessariamente de ser esta: o jornal local surge, porque já há um público para ele; ou o público será leitor, se houver um jornal local que o atraia?
Antigamente, e apesar das elevadas taxas de analfabetismo, em qualquer localidade havia um público leitor para as notícias que lhe importavam mais de perto. A inexistência de outros meios de comunicação, a coesão das comunidades, a importância, elevada, que os pequenos/grandes acontecimentos significavam para as pessoas, a necessidade afectiva dos que emigravam de saberem das coisas da sua terra e dos seus, a pontificação de líderes de opinião (licenciados, professores, proprietários, comerciantes), políticos (os caciques) e não só, intervindo activamente nos assuntos comunitários – eram ingredientes óptimos para que os jornais locais surgissem e proliferassem.
Havia, naturalmente, um público leitor propício a receber o jornal, a “consumir”. E os jornais surgiam, em épocas em que certamente até seria mais difícil conceber a sua existência, considerando a logística da sua composição tipográfica, as dificuldades de comunicação, a censura.
Apesar dos avanços tecnológicos e da informática, hoje as coisas não são assim. São piores.
Dada a frenética mobilidade populacional, com os caudais de pessoas que tão depressa vêm residir em Albergaria (e nas outras localidades é o mesmo), como daqui saem, as comunidades estão desestruturadas e desenraizadas. As pessoas estão cada vez mais de passagem, sem chegarem a criar laços afectivos profundos com uma localidade. Infelizmente, Albergaria derrapa perigosamente para ser uma localidade “de-onde-não-se-é”, ou seja, corre-se o risco de ser uma terra cujos habitantes estão de passagem, sem que alguma vez cheguem a criar raízes.
Assim sendo (ou quando assim for), diminuirá, abaixo do mínimo de subsistência, o público que se interesse pela história de Albergaria, pelos
seus antigos, pelas suas tradições ou costumes, pelos seus problemas, pelo seu quotidiano e, pior que isso, pelo seu futuro. E deixará de haver massa crítica que consuma e suporte um jornal local.
O “FAZER-PARTE-DE”
Só que isso é muito perigoso. A desagregação comunitária é um risco imenso e de consequências graves. É, desde logo, a própria negação da sociabilidade, pois as pessoas vivem em comunidade, e é em comunidade que se efectiva a sua dimensão primordial de ser social, de ‘homo gregarius’, enquanto manifestação da própria dignidade da pessoa humana. Sem comunidade, sem a consciência de pertença a um grupo, a pessoa estiola intelectualmente e afectivamente. Acresce que a sua consciência de pertença, de “fazer-parte-de” é um pressuposto básico da própria democracia, como modo de governo da coisa pública, sobretudo na sua configuração mais exigente de democracia participativa, e portanto da sua realização enquanto ‘homo politicus’.
É por isso que a sociedade só se realiza plena e democraticamente desde que os seus elementos participem activamente no seu fluir histórico. Mas para participarem, é necessário que tenham a consciência de a integrar, de pertença.
Ora, qualquer intenção de inclusão, de “fazer-parte-de”, fracassará se não houver o conhecimento do todo social, na sua dimensão histórica e fenomenológica. E aí a imprensa local desempenha um papel ingente, revelando o que foi, discutindo o que é, projectando o que será.
É por esta ordem de razões que a subsistência da imprensa local é um desígnio de natureza pública, isto é, de interesse público, que não pode ser deixado ao alvedrio das regras de mercado, de ser ou não rentável ou sustentável. Deve ser apoiada pela sociedade politicamente organizada, porque (por paradoxal que seja) só assim a imprensa local será livre e cumprirá a sua função de “integrador comunitário”.
E portanto, ao contrário do que acontecia antigamente, em que era o público que fomentava os jornais locais, bem me parece que hoje o sentido tem de ser outro: é o jornal local que, com a sua qualidade, criará o público leitor, contribuindo positivamente para a coesão da comunidade. Mas para ter a necessária qualidade, o jornal tem de ser persistente, o que não é compatível com regras de mercado, de estreita e redutora contabilidade de receitas e despesas. Tem de ser apoiado, porque é do interesse público que se trata.
Mário Jorge Lemos Pinto, Correio de Albergaria, 14/05/2014
https://arquivo.pt/wayback/20150912105330/http://www.correiodealbergaria.pt/?p=1184
http://jornais-aav.blogspot.com/2015/09/2014-artigo-sobre-imprensa-local.html
Foi o único director na 2ª série do Jornal de Albergaria que durou 18 anos. Curiosamente verificou-se no último ano o desaparecimento do Correio de Albergaria mas mantém-se o Jornal de Albergaria que reapareceu, na sua 3ª série, em 2018.
https://jornaldealbergaria.pt/pedido-de-contacto/ |
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
Hospital de Alquerubim
Documento (.pdf)ler.letras.up.pt › uploads › ficheiros
A CONSTRUÇÃO CIVIL EM AVEIRO, 1860-1930 - NOTAS PARA A SUA COMPREENSÃO HISTÓRICA - MANUEL FERREIRA RODRIGUES
647-Pela sua importância, tanto na economia da região como no imaginário da época, sublinho a presença nesta relação de três emigrantes, «capitalistas», residentes ou regressados de Luanda, Califórnia e Brasil. Encomendam os prédios mais caros, mais sumptuosos e tecnologicamente mais evoluídos. Essas escrituras são, por isso, excelentes catálogos das soluções técnicas disponíveis, como, a título de exemplo, se mostra no Anexo II. Tornam-se notados e admirados pela sua filantropia, pela intensa actividade em prol do melhoramento das condições de vida nas suas terras de origem. Um bom exemplo é o do promotor da construção do hospital de Alquerubim, concelho de Albergaria-a-Velha, ao enfatizar os seus desígnios filantrópicos, afirmando que desejava «beneficiar com um hospital a freguesia de Alquerubim, onde nascera».
713-No contrato referente ao hospital de Alquerubim, o texto refere o autor do risco da obra, o Director das Obras Públicas deste Distrito de Aveiro, Eng. António Ferreira de Araújo e Silva. O responsável por uma grande parte dos projectos da cidade no século XIX, João da Maia Romão, desenhador e arquitecto da Câmara Municipal de Aveiro e professor do Liceu local, é referido como o autor de dois projectos: em Abril de 1883 desenha um jazigo e, em Janeiro de 1885, uma casa de habitação. Francisco A. Silva Rocha, director da Escola Industrial e Comercial de Aveiro, é referido, de passagem também, como o autor (...) três projectos: uma casa de habitação e de dois jazigos.
1302-Algumas escrituras explicitam claramente os «modelos das obras ajustadas: «Que todo o trabalho interior compreendendo estuques e madeiras será feito pelo segundo outorgante lo construtor] em conformidade com o seguido na casa de Rosa Marcela, sita no Largo do Cojo, desta cidade, que se escolhe por modelo, devendo ter igual acabamento e perfeição». Noutra obra, com projecto por certo da autoria de Silva Rocha, diz-se: «Servirá de tipo na execução dos trabalhos e suas dimensões, no interior, a casa de habitação actualmente ao Senhor [Frederico] Saporiti Machado, sita na Rua do Carmo, e de tipo dos trabalhos exteriores os respectivos desenhos e peças escritas». Na edificação do hospital de Alquerubim, «as carpintarias seguirão o tipo das da casa da Escola de Alquerubim, menos quanto ao envidraçamento das enfermarias, que serão persianas, tipo quartel de Cavalaria 10, desta cidade de Aveiro»
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Revista Albergue nº 7
O sétimo número da Revista Albergue – História e Património do Concelho de Albergaria-a-Velha vai ser apresentado ao público no dia 7 de novembro, pelas 16h00, na Sala Principal do Cineteatro Alba. Tendo em conta as medidas de prevenção no âmbito da Covid-19, a participação na sessão carece de inscrição prévia para biblioteca@cm-albergaria.pt ou ctalba@cm-albergaria.pt.
Delfim Bismarck, Vice-Presidente da Câmara Municipal e editor da revista anual, refere que a publicação do sétimo número traz a satisfação de mais uma missão cumprida. “Passo a passo o Concelho vai ficando mais rico e a missão apresentada no primeiro número vai sendo cumprida: criar uma edição que sirva de veículo de inventariação, preservação, valorização e divulgação da História e do Património do Concelho de Albergaria-a-Velha”, refere o autarca. Manter a periodicidade e a qualidade, despertar o interesse dos leitores, bem como motivar investigadores para o estudo da História Local são desafios que têm sido conquistados ao longo dos vários números da revista.
(...)
CMAV, 28/10/2020
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Moinhos
Em Albergaria-a-Velha há uma rota que o leva a descobrir 14 moinhos
Construíram-nos nas margens dos rios, ribeiros e regatos; desviaram as águas para que embatessem furiosamente nos rodízios de madeira; os grãos que lhes dão a moer fazem as pesadas pedras giratórias ranger sincronizadamente e a farinha que de tudo isto resulta sussurra ao cair das mós. Durante séculos, o moinho foi um dos lugares centrais da vida das comunidades rurais e, em toda a Europa, não há terra que os tenha em tão grande quantidade como o município de Albergaria-a-Velha. Existirão mais de 350 moinhos no concelho!
Com vista à requalificação e proteção destas estruturas, o município de Albergaria-a-Velha, em parceria com associações e instituições locais, criou, em 2014, a Rota dos Moinhos, uma oferta turística que, atualmente, conta já com 11 núcleos (num total de 14 moinhos) espalhados por todas as freguesias. O projeto vai além da salvaguarda do património edificado e da atração de turistas, focando-se na preservação dos saberes, memórias, vivências e tradições dos antigos moleiros, bem como na afirmação da identidade de Albergaria-a-Velha como terra de água, moinhos e pão.
(...)
https://www.aveiromag.pt/2020/07/11/em-albergaria-a-velha-ha-uma-rota-que-o-leva-a-descobrir-14-moinhos/
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Regueifa de canela
Agora que tanto se fala (e ainda bem!) da regueifa de canela de Albergaria, dou aqui público testemunho que a do fabrico do Élio Dinis, do Nobrijo, Branca, de que sou comprador, há mais de dez anos, é excelente.
Sempre a compramos no mercado da Costa Nova, nas manhãs de sábado ou domingo, quando lá vamos, ao peixe. E é a melhor altura de a comprar, para se comer à sobremesa do almoço, quando a sua textura, sabor e aroma estão mais refinados.
Então, é assim.
Quando lá for, não peça “uma” regueifa: peça, sim, “aquela” regueifa. Ou seja, escolha-a primeiro, com o olhar, na bancada. Escolha a que estiver mais cozida, e portanto mais castanha e com muitos “olhos” e mais negros. Depois de indicar “aquela” regueifa, a escolha ainda não está completada: observe a parte de baixo, que também deve estar escura, entre o castanho escuro e a cor de cinza. Daí que o processo possa demorar o seu tempo, mas pode crer que o Élio Dinis ou as meninas que estão no balcão terão a necessária paciência, pois identificarão imediatamente que é um conhecedor do assunto, a quem se deve corresponder com solicitude. De um lado, quem cozinha com arte; do outro, quem sabe o que quer comer. E depois, pode ser que os espanhóis que andam por lá também aprendam alguma coisa.
COM VAGAR
Feita a compra e pago o ridículo preço de 1,25€ pela regueifa, tenha cuidado em não a amassar dentro do saco. Por isso, se entretanto também comprou um saco de suspiros, ou de bolos de gema, ou um folar (ou tudo junto, o que está longe de ser um exagero, pois dá para oferecer aos filhos e aos pais) tenha cuidado para não colocar tudo dentro do saco, a esmo: separe os artigos com cuidado.
Agora, não tenha pressa em começar a comer a regueifa, pois se o fizer arrisca-se a não ter sobremesa. Guarde-a na mala do carro e traga-a direitinha para casa.
Depois dos preliminares prandiais de um almoço de sábado ou domingo, que imagino que sejam mais demorados que o costume, é chegado o momento de atacar a regueifa. Tenha logo em atenção que se trata de um acto comunitário, familiar. O exemplar vem para a mesa, inteiro, e a família ou os amigos estão cerimoniosamente expectantes. O produto merece-o. Vai começar o segundo momento da sua digressão gustativa, pois que o primeiro foi a escolha.
E pergunto eu: sabe como se come a regueifa? Digo-lhe já que há uma regra de oiro: nada de faca! A regueifa não pode ser cortada, mas sim esgaçada, o mais delicadamente possível, com as pontas dos dedos, para não a asfixiar. Cada conviva retira o seu pedaço de regueifa, esgaçando-o na horizontal e coloca-o no seu pratinho. E pode então começar, “descascando”, ou seja, retirando a crosta de cima, pelos “olhos”, que não são mais que bolhas de massa que cozeram e ficaram enfolipadas) e vai comendo. As pequenas hóstias castanhas, quebradiças, são uma delícia! E por isso já percebeu por que a regueifa deve estar bem cozida, pois só assim obterá uma crosta consistente e levemente quebradiça, às vezes crocante.
UMA UNIÃO PARA A VIDA!
Comida a parte cima do seu naco de regueifa, passa à parte de baixo, que é rugosa, estriada. Vai arrancando essas estrias de pão, como se estivesse a desfiar um pedaço de bacalhau – se a crosta foi saborosa, a côdea, comida em lascas, é ainda melhor. Faça por as lascas saírem rapadas, sem miolo, porque este vai a seguir. Na sua mão vai por fim ficar então o que restou do pedaço de regueifa, que é o miolo. E quando o comer, logo perceberá porque lhe recomendei que tivesse cuidado no transporte do artigo e não o amassasse, e também porque lhe disse que não deve usar faca e porque deve “desconstruir” o pedaço de regueifa com cuidado e com critério. É que só assim obterá um miolo esponjoso, dúctil, leve e perfumado. Comer aquele bocado final de regueifa, o miolo, é o culminar de sensações gustativas de eleição, e que só um produto único e de extraordinária qualidade como é a regueifa de Albergaria lhe pode proporcionar.
Já agora, ela vai com qualquer bebida, até mesmo a água. Mas a regueifa com um cálice de Vinho do Porto – é uma união para a vida!
Mário Jorge lemos Pinto / Correio de Albergaria, 28/05/2014
https://arquivo.pt/wayback/20150912105211/http://www.correiodealbergaria.pt/?p=1268
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Rádios Locais (1986-1988)
RIAV - RÁDIO INDEPENDENTE DE ALBERGARIA-A-VELHA / RÁDIO OSSELOA
A 11 de Fevereiro de 1986 foi para o ar e pela primeira vez a Rádio Independente de Albergaria, que constituída em cooperativa, veria o seu nome alterado meses depois para Rádio Osseloa — C. R. L. nome que presentemente ostenta. Poder-se-á dizer que não foi fácil a sua implantação e quanto ao seu nascimento ele observou-se com um certo medo e indesmentível pessimismo. Talvez quem sabe, se uma experiência e nada mais! Mas assim não aconteceu. Com o saber, esforço e tenacidade dos seus fundadores srs. Horácio Araújo Gomes, Fausto Pereira Gomes e seu filho Manuel Pereira Gomes a rádio local fez ouvir a sua voz. Quanto a estúdios é que a coisa não tem andado bem, isto é, tem-se andado de Caifaz para Pilatos como soe dizer-se, valendo neste aspecto a boa vontade de diversas pessoas que voluntariamente têm cedido a título precário as instalações por vezes em casa própria. Em 18-12-86 tomou posse a primeira direcção a (….)
Beira Vouga nº 395, 16/02/1987
https://novos-arruamentos.blogspot.com/2009/02/11-de-fevereiro.html
Notícia sobre a festa organizada pela Rádio Osseloa para galardoar os melhores do Desporto em 1986.
https://novos-arruamentos.blogspot.com/2010/11/os-melhores-de-1986.html
Ficheiro aúdio com a transmissão da visita do Grupo Folclórico Cultural Recreativo Albergaria à Rádio Osseloa, em 1987, onde foram entrevistados no programa de Jacinto Martins (Peninha).
https://novos-arruamentos.blogspot.com/2015/07/grupo-folclorico-cultural-recreativo.html
Ainda me lembro dos dias de verão em que o único locutor era o António Amador. Sintoma de falta de meios a que juntava a necessidade de andar sempre a mudar de “casa”. Mas também recordo as emissões matinais de Domingo com o Jacinto Martins. Ainda me recordo dele a falar de pessoas que iam ao Girassol beber “chá”.
E.R., 5 de Fevereiro de 2010
A Rádio Osseloa pertencia à Cooperativa de Radiodifusão - Radio Osseloa Crl. Após a legalização das rádios locais nenhum alvará foi concedido às rádios do concelho. A frequência do concelho era o 101.9.
Cooperativa de Radiodifusão - Radio Osseloa Crl - R 25 DE ABRIL LT 7 4 DT AP 158 - ALBERGARIA A VELHA - 3850-000 ALBERGARIA-A-VELHA - Contribuinte: 501762817
RÁDIO TALÁBRIGA
BlogdeAlbergaria disse...
Recebemos o seguinte e-mail do Dr. Delfim Bismarck, o qual desde já agradecemos:
"Há muito mais para dizer sobre estas rádios.
Apesar da minha colaboração ter sido muito esporádica, acompanhei de perto o que se passou na Rádio Talábriga.
Fernando Nogueira da Silva (ao tempo presidente da junta de freguesia de Albergaria-a-Velha e gerente da Sociedade de Padarias Beira-Vouga), cedia o espaço, O Dr. Pedro Marques (do Colégio de Albergaria) e Henrique de Castro garantiam o apoio financeiro indispensável.
De entre os muitos autores de programas, lembro-me de:
Henrique de Castro ("Fados e Guitarradas" ao domingo de manhã), Rui Pinto ("Jó Manias", e assistência técnica a quase todos os programas), José Francisco Alho (programação de quase todas as tardes à semana, e um programa infantil ao domingo com Cristina Castro, em que participavam Ricardo Neves e Daniela Chaló), Orlando Oliveira ("Discos Pedidos", todos os dias das 20.oo às 21.00 horas), João Carlos Pereira (“Colchões Quentes”, uma espécie de "Oceano Pacífico da RFM), António José Oliveira(“Praia do Meco”), João Madail e Carla Pinto (Noticiários, de hora a hora)
Eduardo Pinto ("Poção Mágica"), Prof. Hernâni Domingues ("Sorte ao Jogo", ao sábado, sobre lotarias e totobolas), Dr.ª Paula Vieira (programa sobre história, aos sábados de manhã), Policarco (programa ao sábado),
Dr. Pedro Marques (programa ao sábado sobre economia), Jacinto Martins (programa sobre Desporto, essencialmente Futebol), entre tantos outros.
Para além disso, a "Talábriga" fazia as transmissões em directo das provas de motociclismo que então se realizavam em Albergaria-a-Velha e que contavam para o campeonato nacional.
Aqui fica este breve apontamento.
Delfim Bismarck
4 de maio de 2010 às 18:13
https://blogdealbergaria.blogspot.com/2010/03/no-tempo-das-radios-pirata-1986-1987.html
Anónimo disse...
Pouco se falou sobre a radio Talábríga muito ha a dizer a radio começou em São Marcos (Lapeira) com emissor fabricado por mim e os estudios eram numa casa de arrumos da casa dos meus pais (Fernando Moreira) tudo fiz para a radio funcionar desde antenas montadas por mim com algum perigo, no para raios do torreão ainda deve haver alguem com fotos dessa montagem (...) em tempos muitas politicas para tudo acabar, ficou a experiencia e muitas horas de gozo com apenas 2wats de pwr inicialmente escutava-se em Aveiro mais tarde aumentou-se potencia para cerca de 30Wats emissor de fabrico artesanal fabricado por um Eng. de Aveiro.
30 de maio de 2010 às 00:10
https://blogdealbergaria.blogspot.com/2010/03/no-tempo-das-radios-pirata-1986-1987.html
Armando Ferreira disse...
Estávamos em 1987, o programa chamava-se "A Ronda do Mocho", em homenagem à coruja das torres que nidificava nas imediações do torreão. Aos sábados à noite, entre as 23.00 e a 01.00 da manhã. Éramos o último programa da grelha e cabia-nos a tarefa de fechar a porta e deixar a chave no sítio combinado. Muita música da preferência dos autores, alguma poesia portuguesa e textos de ocasião. Os autores, Armando Ferreira e Paulo Tavares, tinham por vezes a colaboração do amigo Carlos Gonçalves. O "estúdio" era um local único e sui-generis. O amadorismo, a carolice e a descoberta de um novo mundo, onde era possível tentar fazer rádio e sonhar que éramos ouvidos por alguém. A memória da reunião na padaria para decidir a grelha também está bem presente. Pena que algumas cassetes do programa que foram gravadas por amigos, ao que parece se tenham perdido na voragem do tempo. Restam as memórias da aventura que foi a Rádio Talábriga.
20 de março de 2010 às 19:39
https://blogdealbergaria.blogspot.com/2010/03/no-tempo-das-radios-pirata-1986-1987.html
Anónimo disse...
Também o Lions Clube de Albergaria manteve durante algum tempo uma emissão semanal que era assegurada por Narciso Cruz e de cujos programas ainda existem as cassetes gravadas.
26 de março de 2010 às 19:08
https://blogdealbergaria.blogspot.com/2010/03/no-tempo-das-radios-pirata-1986-1987.html
RÁDIO CAIMA - Emissora Independente de Vale Maior
Constituída igualmente como Cooperativa (CRL).
(...)
PAULO MONIZ disse...
Todos os comentarios ainda que triados (sic) sobre estas radios das quais fiz parte são genericamente caseiros e com várias imprecisões mas a história é feita destas coisas. É pena que assim seja mas um dia com alguma distância alguém escorregará na realidade e borrará a pintura. Não me cabe a tarefa de revelar o que verdadeiramente aconteceu com as referidas rádios (r.i.a-talábriga-r.caima) mas sim aos detentores dos respectivos patrimónios, aos pseudo-jornalistas, a todos os oportunistas dessa época (ou d)e outras. Eu estarei com toda a certeza tranquilo, a rir, a apreciar o circo.
24 de junho de 2010 às 14:58
https://blogdealbergaria.blogspot.com/2010/03/no-tempo-das-radios-pirata-1986-1987.html
Ângelo Castanheira, 5 de Fevereiro de 2010, 10:03
Fantástico!
Eu era puto mas lembro-me muito bem das provas que penso que eram realização do Motoclube de Albergaria. O Paulo Moniz, o mestre das electrónicas, chegou a fazer a cobertura para uma das três, rádios (desaparecidas) que havia no concelho via telefone a partir da casa dele que era em frente ao campo do Alba, eu cheguei mesmo a relatar em directo um acidente que tinha visto. Relatar não será bem o termo será melhor dizer que falei para o telefone de uma forma muito atrapalhada, ansiosa e a comer as palavras, outros tempo.
Um dia destes proponho uma tertúlia publica para discutirmos estas questões!
Um abraço e parabéns ao Portal de Albergaria!
Os concursos para atribuição de licenças para operadores privados de radiodifusão apenas se realizaram em 1989.
Muitas pessoas perguntar-se-ão porque é que Albergaria, localidade em franco e reconhecido desenvolvimento, não têm uma rádio. Será que não tinha ou não tem direito? No concurso a que foi sujeita, não continha o seu projecto os necessários requisitos para obter o indispensável alvará? Pura e simplesmente, ninguém concorreu?
Perguntas que os albergarienses farão com toda a legitimidade, mas para as quais não temos resposta. Perguntas que encerram «questiunculas» pessoais e transmissíveis que, a serem de novo içadas ao mastro «pater» da praça pública, nada de novo ou de relevante trariam porque são questões passadas e, claro está, tautológicas.
Albergaria Merece Ter Rádio - artigo de 1991 de José Manuel Alho
https://novos-arruamentos.blogspot.com/2010/11/1991-albergaria-merece-ter-radio.html
Naturalmente que tive pena que não tenha vindo nenhuma frequência para Albergaria mas quando vemos o que aconteceu com rádios como a Rádio Clube do Vouga ou a Rádio Moliceiro ainda bem que não veio. Passaram a simples retransmissores de rádios nacionais ou a rádios gira-discos.
RIAV – Rádio Independente de Albergaria (Rádio Osseloa), Rádio Talábriga e havia uma outra (...). Não me lembro bem.
Mas a rádio em Albergaria nunca tomou proporções de outras terras e depois acabaram por terminar.
http://radiobasedados.no.sapo.pt/ [101.9 Albergaria a Velha]
Em Albergaria havia alguns carolas mas os projectos nunca se solidificaram e entretanto apareceu a Lei da Rádio e essas pessoas não conseguiram meios para conseguir o alvará. A internet tem uma coisa boa que é requerer menos meios mas sem “carolas” também se torna complicado prosseguir.
E.R., 5 de Fevereiro de 2010
adriano disse...
Ainda hoje existe uma frequência atribuída ao concelho de Albergaria. http://www.mundodaradio.org/flux/viewtopic.php?id=252 101.9 - Outros nomes: Lena Machado, José Manuel Alho (http://www.eb1-curval.rcts.pt/coord_escola09.htm), etc
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Aveiro 74 - Informação
Indicações úteis:
SERVIÇOS PÚBLICOS
Câmara municipal, telef. 52114
Serviços Municipalizados, telef. 52176
Correio, telégrafo e telefone (Estação do), telef. 52111
Notário (Cartório), telef. 52181
AGRICULTURA, COMÉRCIO, INDÚSTRIA E PROFISSÕES
- Adubos (Depositários de):
Augusto M. Pereira, telef. 52214 e 52263
Fausto Vidal, telef. 52174
Fernando Rodrigues (Herdeiros de)
José Tavares Coelho
Manuel Tavares da Cruz (Herdeiros de)
Orlando de Almeida Branco
- Advogados:
Alfredo de Sousa Melo, telef. 52122
António Lopes Ferreira, telef. 52297
Manuel Homem Ferreira, telef. 52278
Silvino Gonçalves de Sousa, telef. 91134
Vasco de Lemos Mourisca, telef. 52152
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Casa de Alcino Soutinho em Albergaria-a-Velha
A caixilharia foi uma brutalidade em dinheiro, foi o Soutinho que a desenhou, são todas com vidro triplo. Ele inicialmente queria vidro duplo, mas eu tinha um amigo meu que tinha uma fábrica de vidros e ele pôs o laminado por fora, têm dois, caixa de ar e depois têm outro por dentro. Obriga a uma manutenção grande a casa. Isto é uma brutalidade, na altura o que eu gastei aqui em madeiras dava para comprar um apartamento (gargalhadas).
(…)
Havia aqui um presidente da Câmara, que era o doutor Rui Marques do CDS. Ele tinha comprado uma casa ali em cima, que é uma zona chamada Campinho com uma área muito grande de terreno e envolvente, uma casa antiga, apalaçada e ele começou a restaurar essa casa e foi o Soutinho que começou a restauração.
Entretanto comprei este terreno que é dum tio-avô meu. É muito grande este loteamento, tem oito lotes. Este aqui têm 1250 metros quadrados. Comprei isto em 1985 e dei por este terreno quatro mil e quatrocentos contos, era muito dinheiro. A casa é de 1990 mas só foi concluída em 1999.
E então o Rui Marques, ele era meu amigo eu falei com ele e disse-me “vou-te apresentar um arquiteto e gostava que tu fizesses a casa com ele, é um arquiteto muito bom e eu precisava de começar a ter casas arrojadas em Albergaria”. E nós fomos falar com o Soutinho, fomos lá ao Porto, estava ainda na zona nova, ele estava na rua que vai dar à Constituição do lado esquerdo. Nós fomos falar com ele, e lá lhe demos o programa, o quê que queríamos. Era uma casa de primeira habitação, cinco quartos, cinco casas de banho, piscina…
(…)
Têm aqui um jardim interior quando se entra, onde as divisões se desdobram em volta deste jardim. Tudo feito por construtores locais. Isto aqui (o jardim interior) é o sítio de brincadeira do meu neto, ele adora este sítio.
O chão é todo em madeira em tábua corrida. O sol desgasta as madeiras. Isto aqui é um escritório, repare neste móvel que faz uma separação e serve de apoio ao escritório,
foi ele que fez o desenho. Ainda tenho aí os desenhos e ainda esquissos que ele fez para explicar aos proprietários.
Esta casa tem um problema muito grande é a falta de arrumos. A casa para ser construída no terreno teve de ser toda desaterrada, e criou aqui um falso e podia ter aproveitado para fazer um compartimento nessa zona que foi aterrada depois e resolvia-se a falta de arrumação. É que o arquiteto desenha mas depois nós que vamos habitar temos outras necessidades.
Este quarto de baixo, serve para quando alguém tem um problema de mobilidade e não consegue ir para o andar de cima. E a casa de banho que dá serventia à parte de baixo. Repare que tudo têm portadas interiores, é uma segurança. Já na altura enveredei por comprar materiais bons, as peças sanitárias são todas Rocca. Ali é a cozinha. Aqui é um corredor que dá acesso a três salas. Esta sala usamos todos os dias, a outra é mais quando vem visitas, mas no fundo não é uma sala muito usada. A casa à frente têm pouca abertura, atrás está toda rasgada.
Lá atrás tenho um forno de lenha e a casa da piscina com balneário. Uma pérgula a toda a volta.
(…)
Aquele muro (de vedação da propriedade) caiu, houve um ano em que choveu muito e existia uma linha de água, isto aqui eram uns campos com silvas e dum momento para o outro choveu muito e as linhas de água aparecem. Os vizinhos não tinham muros e o meu muro fez de barragem, aquilo foi até à tensão de rotura. A piscina desapareceu, apareceu-me água no piso debaixo. A qualidade dos materiais revelou-se nesse momento, porque mesmo inundado o piso debaixo o chão de madeira ficou impecável.
(…)
Aqui tem uma sala, uma sala de jantar. Esta escada aqui é bonita, mas tira aqui um espaço nas salas, se ficasse uma sala ampla era outra coisa. Para festas é aqui que subimos e descemos. Quando vimos o projeto final da casa a minha mulher disse: “aqui esta escada senhor arquiteto não gosto muito”. Ele também queria por umas colunas redondas nas salas, e ainda me cortava mais as salas. A ideia quando eu lhe falei é que eu queria uma sala de jantar com portas de correr mas que me desse continuidade para outra sala, imagine que tinha aqui um jantar grande abria as portas e tinha outra sala para puder aumentar-me. É interessante este pormenor da escada porque eu lembro-me que o arquiteto disse “isso é como as senhoras que usam aqui um apêndice, um penduricalho num casaco” (gargalhadas).
(…)
As portadas abertas ou fechadas criam dois ambientes diferentes, nem parece a mesma casa.
(…)
Não comemos na cozinha, a cozinha é para cozinhar não é para comer, o Soutinho queria que assim fosse. Estes móveis da cozinha foram todas desenhadas por ele criando um plano de fora a fora. Tem bastante luz a casa toda. Os móveis são todos de origem. Eles dizem que isto é um “implúvio”. Tem este interior árabe. Vinha sempre a Andrea aqui e outro arquiteto que também lá estava no escritório, parece-me que foi o João Cabral, tinha assim o cabelo grande, seria da mesma idade da Andrea. Quando houve este problema do muro o Soutinho veio logo ver o que aconteceu.
(…)
Lembro-me de termos ido ver outras casas que o Soutinho fez, por exemplo a de Matosinhos.
(…)
Esta casa era para ser branca, o arquiteto foi a um congresso em Itália, e tinha, inicialmente a ideias de pintar de branco. Entretanto acho que fez a apresentação em Itália da nossa casa e perguntaram-lhe a cor, e ele falou em branco e houve críticas ao branco e disseram para ele não a pintar de branco, que a casa ficava com outro ser completamente diferente. Nem imagino esta casa pintada de branco.
(…)
Se soubesse quando ela foi construída, foi na altura do Saddam Hussein, e aqueles problemas que houve no médio oriente, foi muito criticada a casa. Foi polémico, chamaram bunker. Na altura os meus filhos andavam na secundária e mesmo eles eram criticados, chegavam a casa e diziam “oh mãe, a mãe do meu amigo disse, Carlos que casa horrível que vocês estão a fazer.” Depois da nossa começaram já a mudar na rua.
(…)
O que foi uma loucura foram os cálculos de engenharia. Ele estava a trabalhar nos prédios da Mota Engil um engenheiro qualquer, ele até estava com receio em nos dizer o preço, foi uma loucura. O comentário que eu fiz ao Soutinho foi “Oh senhor arquiteto
ponha a arquitetura de lado e comece a fazer cálculo” e ele disse “tem razão, vou pensar seriamente nisso” (gargalhadas). Em relação à casa, eu acho que tem um trabalho muito meritório e forte. É um contraste.
(…)
Tem aqui uma parte muito linda, esta escada de lanço único, com este varão aqui de lado enquadrado com estes painéis brancos é espetacular.
Obrigado, volte sempre que precisar ou queria visitar a casa, gostámos muito.
EXCERTOS DA CONVERSA COM CARLOS VIDAL - Anexos (123-126)
(2 de agosto 2019, na casa de Albergaria-a-Velha)
AS CASAS DE ALCINO SOUTINHO - estudo das habitações unifamiliares entre 1963 a 2003
PROJETO DE DISSERTAÇÃO. ANA RITA MOREIRA (2020)
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/8693/2/TM_Ana%20Moreira.pdf
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/8693/3/TM_Ana%20Moreira%20-%20Anexos.pdf
--
ANEXO II LISTA DAS OBRAS DE SOUTINHO
1988 - Remodelação e ampliação de uma habitação em Albergaria-a-Velha
1990 - Habitação unifamiliar, Albergaria-a-Velha
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
Arauto de Osseloa 11 de janeiro de 1973
O Distrito de Aveiro em Arauto de Osseloa - Albergaria-a-Velha
Bodas de prata paroquiais do Padre José Maria Domingues
Exposição nos Bombeiros de desenhos feitos pelas crianças das escolas do ensino básico
Provável extinção da Banda Alba
Visita de Eduardo Santiago pelo natal
A Rua do Jogo em necessidade de reparações
Trânsito na avenida
Serviços Municipalizados
Uma saúde ao nosso jornal - reportagem de Carlos Gomes sobre a passagem de ano
Uma nova loja
Saco de Promessas
(...)
terça-feira, 4 de agosto de 2020
Arquivo
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Fonte da Telha
Uma boa fotografia desta belíssima fonte que deu o nome à Fonte da Telha.
Fonte centenária (já muito anterior ao meu avô José Ribeiro), de água corrente, com dois tanques de granito, onde, durante décadas, as populações (essencialmente mulheres) vinham lavar roupa e encher os cântaros de água para beber e cozinhar.
Ponto de encontro de gentes da nossa Albergaria, como era comum e habitual noutras fontes e lavadouros.
Zona privilegiada de nascentes que embelezam e enriquecem estes terrenos frondosos.
Margarida Mourão Ribeiro, 25/06/2020 (retirado do facebook)
Foto partilhada por Celso Santos no facebook A nascente da Fonte da Telha)
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Na Esquina
Todas as Câmaras municipais têm vereadores a tempo inteiro, adjuntos e secretários.
O número de uns e de outros varia consoante a dimensão da autarquia. Admito que, em média, a coisa seja como em Albergaria: dois vereadores a tempo inteiro, um adjunto, um(a) secretário(a). Câmaras haverá com mais, outras com menos. Por isso, é uma média.
Quanto se gasta com este staff?
Contas por alto, admitamos que, em gastos directos, sejam uns 8.000€/mês (brutos) para os quatro, ou seja, 112.000€/ano.
Temos 308 municípios, e é só multiplicar: 34.496.000€/ano.
Isto, em gastos directos. Mas há os gastos indirectos: automóveis, telemóveis, consumíveis, desperdícios, etc.
Quanto vale isto? Não sei, mas admitamos mais 20%. Um total, portanto, superior a 41 milhões de euros, por ano.
E cabe perguntar: que faz esta gente? Ou melhor: que faz esta gente, que os funcionários das câmaras não possam, ou não saibam fazer?
Os funcionários das câmaras são trabalhadores experimentados, com provas dadas, habilitações adequadas, com quem o Estado (com os nossos impostos) já gastou na sua preparação. São partidariamente isentos, dedicados (ou pelo menos obrigados) ao serviço público. Estão vinculados à lei e respondem, perante os cidadãos e os tribunais, pelo zelo e diligência com que cumprem as suas funções.
Já os vereadores permanentes, adjuntos e secretários são o pessoal partidário que constitui “o gabinete da presidência”, apenas vinculados ao presidente, trabalhando para a sua manutenção no poder, cuidando das respectivas clientelas político-partidárias. E, como agora se vê por todo o lado, são a estrutura que prepara a recandidatura dos actuais presidentes, ou que suporta a candidatura de um dos vereadores.
A preparação desta gente, em termos de administração autárquica, é em geral nula: apenas se lhes exige fidelidade partidária e voluntarismo.
Sendo assim, porquê, nos tempos de contenção em que vivemos, a existência destes gabinetes, suportados pelos impostos dos portugueses, quando é certo que os funcionários camarários cumpririam bem melhor as suas funções? Pois, de duas, uma: ou as tarefas desse pessoal são administração autárquica, e então lá estão os funcionários que estão mais preparados para as desempenhar. Ou as suas tarefas são de natureza político-partidária, e então não têm que ser pagos pelo orçamento da autarquia!
Seria preferível voltar aos tempos antigos, em que ser vereador era um serviço público, sem outra remuneração que uma senha de presença nas respectivas reuniões, e em que o trabalho técnico era desempenhado pelos funcionários, que são preparados para isso.
E assim se poupavam uns milhões de euros, muito preferível a que o Governo os vá buscar despedindo funcionários públicos, ou cortando as pensões de reforma.
FB
ALBERGARIA SEM VIDA
Faz agora um ano que publiquei no Jornal de Albergaria um artigo sobre o antigo Girassol, e que agora é o Praça Pública, ali entre os Paços do Concelho e a Casa da Justiça. Fiz-lhe um pouco da sua história, enalteci o espaço de convivialidade que tão bem desempenhou, lamentei o seu desdouro e censurei o marasmo em que agora se atolou.
Um ano decorrido, tudo continua na mesma, ou pior. O edifício mantém-se hostil à ampla frequência pública que antes tinha, e por isso, ao começo da noite, o centro da vila (não me habituo a chamar-lhe cidade) fica deserto, inóspito, esvaindo-se de pessoas que, como sombras, se vão afastando.
Escrevi mais ou menos isto (aproveitando agora um título emprestado):
Em 1973, o presidente da Câmara de Albergaria, José Nunes Alves, imaginou a instalação de um café na praça em frente aos Paços do Concelho. Nessa altura ainda não existia o edifício do tribunal, nem a actual Alameda (pastelaria e escritórios). Havia apenas o terreno amplo, com ameixoeiras e diospiros. Ali, um café seria um excelente espaço de convivialidade e de movimentação cívica e comunitária, criando um complemento importante ao centro cívico da vila. Uma espécie de sala de estar, categorizada pela localização e pela vizinhança dos Paços do Concelho (onde, além da câmara, funcionavam os serviços municipalizados, a tesouraria e repartição de finanças, o tribunal e as conservatórias) e pelo restaurante da Casa Alameda, que nessa altura era um referencial turístico da vila (talvez o único).
Alder Lemos Lopes interessou-se pela ideia e construiu ali o café, em regime de contrato de concessão com a câmara municipal. O projecto, da autoria do arquitecto Gigante, era básico, como convinha: um edifício de um piso, circular, totalmente envidraçado, excepto o lado dos serviços (arrecadação, cozinha e WC), virado para o cinema. À frente, para os Paços do Concelho, ficava a esplanada sob as ameixoeiras. O estacionamento era farto e à vontade. De tão simples, e aberto para todos os lados, com largas e despretensiosas vidraças, mobiliário moderno e simples, o edifício era atraente e aprazível. Inaugurado como café e snack-bar, o Girassol (assim foi designado) logo se tornou um local de eleição para o convívio e o encontro dos albergarienses.
As pessoas visitavam-no e frequentavam-no, de manhã até à meia noite (no verão até era mais), sete dias por semana, fosse para a conversa de grupos, fosse para a leitura de um jornal ou um livro, fosse apenas para a contemplação de quem passava nas ruas, num “dolce fare niente” que é também um dos prazeres da vida. O sol jorrava intensamente, para satisfação dos mais idosos que ali espreguiçavam na cavaqueira do futebol e da política.
Era também o local de encontro de quem vinha de fora, porque era uma referência simples e directa: “encontramo-nos no café em frente à câmara”.
Quando em 1980 foi inaugurado o edifício do tribunal, das conservatórias e do notariado, assim completando o centro cívico, o café ganhou maior importância, como local de passagem quase obrigatório das pessoas que acediam a estes serviços públicos.
O Girassol tinha os seus clientes fiéis: mesmo quem almoçava na Casa Alameda, vinha ali tomar o café. Clientes eram praticamente todos os albergarienses que cultivavam o convívio e o “sair de casa”. O espaço era amplo, a esplanada um amplo palco estratégico para quem se entretinha a ver quem passava. Ponto comum a todo o tipo de utilizações, era um espaço óptimo de relações humanas.
O café Girassol acabou no início da década de noventa: foi demolido e substituído por uma outra construção, onde se pretendia manter o café, com a nova valência de restaurante.
Mas o projecto foi claramente infeliz. Não se percebeu que aquilo que fazia a beleza do Girassol e que o tornava um local por excelência de convivialidade era a sua abertura ao exterior, as suas vidraças – e o que foi construído em seu lugar foi exactamente o oposto. Nasceu um edifício bisonho, fechado, com uns requebros classicistas que o tornam sisudo e pesadão, com um arremedo de esplanada para o lado da estação, mas em flagrante conflito com um lago e uma queda de água que, com um bocado de vento, salpica os circundantes. Por dentro, o edifício é claustrofóbico, e quem lá se senta, ou olha para a televisão, ou para as outras mesas: a visão ao exterior, para os Paços do Concelho, para o tribunal, para o jardim, enfim, o “ver quem passa” torna-se praticamente impossível, porque agora, em vez de largas vidraças, passou a haver janelos e postigos, frestas e paredes, a despensa e a cozinha!
O edifício que sucedeu ao excelente Girassol perdeu a funcionalidade natural de sala de estar do centro da vila. E a sua existência lá se veio arrastando penosamente, por mais vinte anos, com gerências desinteressantes e frequência minguada, toda a gente lamentando o desaparecimento do antigo edifício.
Mas se isso era mau, pelo muito que se perdia de rossio e praça de estar de Albergaria (…), pior é agora a utilização que dele estão a fazer.
Redenominado de Praça Pública, ele é hoje a negação do que deve ser um edifício de matriz pública, num local central!
As poucas janelas ou postigos que ainda tinha estão agora praticamente tapados, certamente impedindo que se veja de fora para dentro, mas também a inversa.
Depois, o seu funcionamento é desadequado à sua geratriz de local de convívio e de estar: o “bar”, ou discoteca têm por natureza uma frequência redutora e sectorial, que está nos antípodas da frequência heterogénea dos que apenas pretendem ler o jornal, falar, ou encontrar-se com alguém, ou simplesmente “estar”, no remanso dos dias que passam. Hoje, aquele já não é um local para os albergarienses, novos ou velhos, homens ou mulheres: é um local para uma franja de freguesia muito estreita, provavelmente muito nocturna.
Não se pode consentir em dar esse destino a um espaço central e municipal, que com tanto êxito e eficácia já desempenhou um excelente papel de potenciador da convivialidade dos albergarienses.
O que espanta, é que estas incidências ocorram aparentemente sem qualquer reacção ou oposição da câmara municipal, que é, digamos, a “dona” do edifício, e que assiste, impávida, à subversão da sua finalidade. É um estranho conceito de “interesse público” este, da câmara municipal, que aceita a instalação de semelhante equipamento nas suas “barbas”, pois não é crível que ignore a nova prática comercial que vem sendo ali prosseguida.
O edifício é um bem municipal, pertence à autarquia. A sua exploração foi cedida em regime de concessão, ou pelo menos de arrendamento, a que necessariamente há-de presidir o interesse público do seu funcionamento. E não é isso que acontece.
FB 13/01/2012
AS ELEIÇÕES NA MISERICÓRDIA E JOÃO AGOSTINHO: UM AJUSTE DE CONTAS FRUSTRADO
As eleições para os corpos gerentes da Misericórdia de Albergaria decorreram ontem com uma participação record de 442 eleitores. Venceu a lista A (integrada quase totalmente pelos actuais dirigentes) com 318 votos, contra 119 votos da lista B. Os associados expressaram, com larga maioria, que os actuais dirigentes devem continuar por mais um mandato.
Rectificação da pontuação: "Todos vencedores? Não. Houve um único derrotado: João Agostinho Pereira, presidente da Câmara de Albergaria".
FB 11/11/2011
FALTAM ESPAÇOS PÚBLICOS VERDES
O tempo e os dias ainda convidam a caminhadas e passeios de bicicleta, ao fim do dia ou ao fim de semana. Mas em Albergaria não temos espaços para o fazer com prazer e em segurança. Os passeios são irregulares, as estradas são perigosas, por causa do trânsito. Não é compreensível que as terras vizinhas (Estarreja, Murtosa, Ovar, Águeda, Aveiro, Sever...) tenham ciclopistas e trilhos pedonais devidamente pavimentados, sinalizados e protegidos, e em Albergaria não exista um único percurso! Aqui, as crianças e os idosos andarem de bicicleta pelas ruas é uma aventura de desfecho imprevisível. Caminhar pelo gosto de o fazer é apanhar com os escapes dos automóveis, ou correr o risco de um atropelamento ou de um tropeção.
Os aglomerados urbanos devem ter pelo menos 9m2 de espaço público verde por habitante. Segundo esta regra, Albergaria devia ter 50.000 ou 60.000m2 de espaços públicos verdes. Mas se houver 2.000m2 já será muito.
Os nossos "estádios"
Vejo as obras da futura biblioteca (na praça D. Teresa) e as obras do futuro centro cultural/cine teatro Alba. Serão dois edifícios enormes, totalmente fora de escala.
Quanto se gastou nas demolições? Quanto se gastará nas construções? E no seu mobiliário e no seu equipamento? Quanto custará, um dia, a manutenção/conservação de um e de outro? E o seu funcionamento, com pessoal, electricidade, aquecimento, etc?
E com a crise que aí está, e que será ainda mais pesada nos próximos anos, com cortes nos orçamentos das autarquias – haverá dinheiro para tudo isso?...
Em 1997 e 2000 escrevi vários artigos no Jornal de Albergaria, em que defendi que o centro cultural e a biblioteca deviam ser um só edifício, exactamente o Cine-Teatro Alba: com obras de adaptação, claro.
Com a crise em que o País está, sem dinheiro para nada, estou cada vez mais convencido que esta ideia estava e está certa: um só edifício para os dois equipamentos era a solução. O dois edifícios, o seu mobiliário (e a sua manutenção) vão deixar as finanças municipais na penúria.
Ao Cine Teatro chamam-lhe “o monstro”. Do mal, o menos: o pior é se os dois edifícios, a biblioteca e o cine teatro, virão a ser para Albergaria o que os Estádios de futebol são para Aveiro, Leiria, Algarve, etc: sorvedouros de dinheiro, na construção e na manutenção.
As megalomanias saem caras. O óptimo é inimigo do bom.
FB 20/08/2011
Mário Jorge Lemos Pinto
copy+paste do facebook - FB (textos de 2011, 2012, )