Na Rota das Pousadas
Descer o Vouga até Aveiro
A Pousada de Santo António, em Serém de Cima, nos arredores de Albergaria-a-Velha, é o ponto de arranque para um passeio por fora de estrada que nos leva a acompanhar o curso do rio Vouga até Aveiro, cruzando trilhos florestais entre pinheiros e eucaliptos, e percorrendo caminhos de serventia a férteis explorações agrícolas, nos ricos vales que se estendem nas margens do rio.
A povoação de Serém mal se descobre no mapa, mas durante décadas foi ponto de passagem obrigatória dos viajantes que percorriam a famosa Estrada Nacional Nº1, entre Lisboa e o Porto. Dominando uma colina sobranceira ao rio Vouga, a escassos quilómetros de Albergaria-a-Velha, Serém foi escolhida em 1942 para a implantação de uma das primeiras Pousadas de Portugal, com uma dúzia de quartos e uma suite, bem como um simpático restaurante panorâmico, de onde se disfruta uma bela vista para o vale recortado pelo rio. Hoje, para quem faz a viagem de automóvel entre as duas cidades, o melhor caminho é a auto-estrada, e saindo desta no «nó» de Albergaria, tomamos a I.P.5 em direcção a Viseu e deixamos este «Itinerário Principal» pouco mais à frente, na primeira saída que encontramos, onde se virarmos para Águeda e Coimbra basta percorrer um par de quilómetros para chegar à Pousada de Santo António. Esta unidade da Enatur adaptou-se também aos novos tempos e de «porto de abrigo» para automobilistas cansados de uma viagem que há 15 anos ainda podia demorar um dia inteiro, foi completamente renovada de acordo com os padrões das Pousadas de Portugal, direccionando-se para o turismo de qualidade e tomando-se num local agradável para gozar uns momentos de descontracção.
Tal como o conceito das Pousadas de Portugal, o todo-o-terreno é igualmente uma actividade «anti-stress» e o itinerário que traçámos entre a Pousada de Santo António e o centro da cidade de Aveiro, percorrendo mais de meia centena de quilómetros, é disso um bom exemplo!
Arrancando frente à porta da Pousada de Santo António, cumprimos apenas 500 metros até trocar o asfalto pelos pisos de terra, tomando um caminho que nos faz passar junto à piscina da pousada e conduz até à povoação de Serém de Cima. Aqui, no cruzamento já em asfalto, seguimos pela esquerda até ao fim da estrada, que termina na saída poente da povoação, numa bifurcação em que tomamos a direita, entrando num estradão florestal. Um quilómetro depois, cruzamos o asfalto e prosseguimos em frente, sempre pelo estradão de terra principal, desprezando todos os caminhos que surgem à direita ou esquerda até voltar a encontrar uma estrada alcatroada. Desta feita, seguimo-la durante 800 metros até reentrar em terra, entrando à direita para novo estradão, entre um pinhal e eucaliptal. Cumprimos mais um quilómetro para alcançar a povoação de Fial, onde tomamos a esquerda na rua principal e seguimos a estrada de asfalto que liga com a povoação de Salgueiral. Já à entrada desta, subindo a primeira rua do lado direito penetramos uma vez mais nos caminhos poeirentos entre os pinhais e eucaliptais, cruzando uma ponte sobre a auto-estrada. Depois desta, avançamos à direita em asfalto e 350 metros adiante, na bifurcação seguinte, prosseguimos para terra (nota nº l5 do «roadbook»), seguindo em frente por caminhos que não fazem chegar à entrada da povoação de loure.
Em Loure, viramos à direita na primeira rua que encontramos, a das Fontaínhas, descendo-a até ao fim, para então tomar um caminho de terra à direita e contornar a localidade. Entramos finalmente no vale quando reencontramos o asfalto à saída de Loure, cruzando a estrada para seguir um caminho entre campos agrícolas. Num instânte avistamos o rio Vouga e a partir daqui raras vezes o perdemos de vista, acompanhando o seu curso até Aveiro, ora numa margem, ora ao longo da outra.
Entre Loure e a povoação seguinte, São João de loure, seguimos pela margem direita, «contra a corrente» do rio, percorrendo cerca de cinco quilómetros. Nesta segunda localidade, e já em estrada de asfalto, cruzamos o rio sobre uma antiga ponte de ferro e à saída desta viramos à direita para um caminho que segue pela margem esquerda do Vouga. Momentâneamente deixamos de ver o rio, seguindo por uma pista entre uma alameda de árvores tão cerrada que forma um túnel natural onde nalguns pontos não chega a luz do dia, permitindo adivinhar «belos lamaçais» por altura das chuvas, já que aí os terrenos não secam com a mesma facilidade daqueles que estão permanentemente expostos ao sol. No fim do «túnel» (nota nº 43 do «roadbook») seguimos pela esquerda um estradão «rapidíssimo» que contorna duas pontes da lP5, uma sobre o rio Vouga, outra sobre uma pequena e admirável lagoa, que merece a pena espreitarmos. A ideia é exactamente essa, pois o estradão não tem saída, fazendo-nos voltar para trás pelo mesmo caminho e só no cruzamento anterior atravessamos o rio, Passando por uma pequena ponte. Na margem oposta, entramos na povoação de Angeja, seguindo sempre pela esquerda. Não chegamos a percorrer as ruas de Angeja, mas na bifurcação em que ao virar à esquerda deixamos a localidade pelas costas temos a «Casa dos Leitões», excelente para uma breve pausa, sugerindo retemperar forças com uma sanduíche do dito ou, no caso de não ser apreciador dos «bacorinhos» assados à moda da Bairrada, pode sempre experimentar uns rojões de porco igualmente de fazer crescer água na boca.
Voltando ao percurso, certamente que bem mais «aconchegados», avançamos por asfalto à bifurcação com a Estrada Nacional Nº lO9, que se dirige de Aveiro ao Porto através de Estarreja, Ovar e Espinho. Virando à esquerda no sentido de Aveiro, logo a seguir, mesmo antes da ponte sobre o Vouga, abandonamos a E.N. 109 e tomamos o estradão de terra que acompanha a margem direita do rio. ladeamos ainda alguns braços da ria de Aveiro e atravessamos o Vouga por uma pequena ponte de aspecto algo frágil, mas suficientemente sólida para suportar o peso de dois Range Rover em simultâneo. Na margem oposta, avançamos em frente até à povoação de Vilarinho e só então os caminhos de terra ficam definitivamente para trás. Então, não deixe de observar as casas solarengas desta povoação, e siga para o centro de Aveiro, passando junto às fábricas da Renault até entrar na E.N. 109, e saindo desta pela IP5 na direcção de «Aveiro Oeste» até à rotunda que nos leva ao centro de Aveiro, contornando um dos canais que faz a cidade merecer o rótulo de «a Veneza portuguesa».
Terminamos o passeio no centro de Aveiro. Para regressar à Pousada de Santo António e gozar um merecido descanso, não tem nada que enganar: tome a IP5 em direcção ao interior e siga este Itinerário Principal até ao «nó» que cruza a Estrada Nacional Nº 1. E se o passeio por fora de estrada o deixou com vontade de percorrer mais quilómetros, pode aproveitar dois outros itinerários na «Rota das Pousadas», um que se desenrola também a partir da Pousada de Santo Antónlo, dirigindo-se rio Vouga acima (no sentido inverso ao deste «road-book») até às imediações de Sever do Vouga (Talhadas), e outro que tem como base a Pousada da Ria, perto de São Jacinto, e percorre inúmeros caminhos ao longo da riadeaveiro.
Consulte a sua colecção da Todo Terreno ou siga as «Rota Land Rover», uma colectânea de vinte e dois destes itinerários, à vendas nas boas livrarias, bem como via postal, fazendo o pedido à Todo Terreno.
http://supragw.supra.pt/todo-terreno/jul96/pousadas.htm (1996)
Serém de Cima pertence ao concelho de Águeda e faz fronteira com Albergaria-a-Velha
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