sexta-feira, 18 de junho de 2021

Eleições 1989

 

A oposição na Câmara de Albergaria-a-Velha

Há dias perguntaram-me, com alguma entoação sarcástica na voz:

— "Que oposição existe na Câmara de Albergaria-a-Velha?"

Nas eleições de Dezembro de 1989, os cidadãos eleitores foram bem claros nas suas opções e, assim, para a Câmara "deram" a maioria absoluta (4 elementos) ao CDS e a minoria a dois outros partidos (PSD - 2 elementos; PS - 1 elemento); e para a Assembleia Municipal não tendo dado a maioria absoluta a qualquer dos partidos "deram", no entanto, a maioria relativa ao CDS.

Por ter a maioria na Câmara, o CDS viu o seu "cabeça de lista" assumir a Presidência, como determina a lei, enquanto no seio da Assembleia Municipal foi eleita uma mesa CDS correspondendo, embora por via indirecta, à vontade dos eleitores que, com a maioria relativa, deram indicações claras de que desejavam o CDS a presidir a este órgão Autárquico. Neste último caso — da Assembleia Municipal — nem sempre foi assim pois há anos, e também sem qualquer dos partidos ter a maioria absoluta, uma ligação CDS - PS colocou a presidir à Assembleia um partido que não correspondia à vontade dos eleitores que apontaram, inequivocamente, para que fosse um elemento do PSD a exercer aquela função, já que este partido obteve então a maioria relativa.

Deste modo, temos, actualmente, em Albergaria-a-Velha, nos órgãos autárquicos municipais, duas situações bem distintas: uma na Câmara, onde a "oposição" pelo voto nada consegue contra a "maioria absoluta"; e outra na Assembleia Municipal onde, pelo voto, se duas das minorias se aliarem vencem a outra minoria, mesmo que esta seja a maior minoria.

Fica bem claro que na Assembleia Municipal é possível propor alterações e fazer aprovar ou não aprovar propostas da Câmara ou de qualquer um dos partidos representados nesta Assembleia, enquanto na Câmara a "oposição" - se a maioria estiver unida se  limita a ditar para a acta a sua opinião mas, como é óbvio, sem qualquer resultado prático.

Mas é assim que tem acontecido em Albergaria-a-Velha?

A "oposição" na Câmara nada tem conseguido?

Em meu entender, a "oposição" muito tem conseguido e no que me diz respeito, não me tenho limitado a ditar para a acta, mas tenho apresentado propostas que têm merecido a aprovação da Câmara, ou tenho procurado influenciar a Câmara de modo a que sejam alteradas propostas em discussão.

Mas na Câmara muitas das questões não são aprovadas por unanimidade?

É um facto e é o que relatam as actas, mas o que não se escreve nas actas é que muitas das deliberações por unanimidade (maioria mais oposição) só foram possíveis após intensos debates em que se modificaram profundamente as propostas iniciais, modificações que também têm tido por base as posições assumidas pela "oposição".

E tem sido assim porque em vez de uma "oposição", só usando a "crítica selvagem" (contra tudo e contra todos) optamos por uma "critica humana", isto é, por uma crítica que apresenta alternativas para os problemas em apreciação.

Temos tido êxito e por isso o resultado desta "luta" oposição-maioria, no seio da Câmara, só pode favorecer o Concelho de Albergaria-a-Velha, nosso objectivo primeiro quando tomamos posse do cargo de Vereador, mesmo em minoria absoluta e, assim, nos manteremos até ao fim do nosso mandato.

Por José António Laranjeira — Vereador (PSD)
Boletim Municipal nº 14, Fevereiro de 1992

terça-feira, 8 de junho de 2021

História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX


No âmbito das comemorações do centenário da Alba, o Município de Albergaria-a-Velha vai lançar o livro "O Mundo é um Moinho - História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX", de Raquel Varela e Luísa Barbosa Pereira. A apresentação oficial tem lugar a 19 de junho, pelas 16h00, na Biblioteca Municipal. A lotação do espaço é limitada, pelo que é obrigatório fazer a marcação prévia através do endereço biblioteca@cm-albergaria.pt.

"O Mundo é um Moinho - História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no Século XX" partiu de um arquivo raro em Portugal, o arquivo das fichas completas de todos os trabalhadores da Alba, uma das mais importantes metalúrgicas nacionais, desde o início do século XX até ao seu encerramento. São quase quatro mil fichas com informação detalhada de quem lá trabalhou, quando foi admitido, escolaridade, origem, etc. Isto permitiu às investigadoras Raquel Varela e Luísa Barbosa Pereira traçar um panorama histórico, ao longo de 100 anos, do mundo do trabalho na Alba.

Foi este o mote para um livro que não só traz a público estas informações, inéditas, que se enquadram e são explicativas da História global de Portugal, incluindo das ex-colónias, como olha a História económica e social de Albergaria-a-Velha no século XX, região conhecida por abrigar empresas que marcaram a história industrial de Portugal.

A coordenação da edição do livro esteve a cargo da historiadora Raquel Varela, que contou com a estreita colaboração dos técnicos do Arquivo Municipal de Albergaria-a-Velha, que disponibilizaram fotografías, depoimentos e documentação variada para a investigação.




Em 2017 foi adjudicado à historiadora Raquel Varela um serviço de investigação especializada e criação de um livro sobre a História económico-social de Albergaria-a-Velha no século XX.

A primeira apresentação do estudo dos trabalhadores da fábrica Alba no século XX (Alba - Uma História Económica e social) foi em 2019 no decurso das "Jornadas Europeias do Património". 

Raquel Varela, Com Luisa Barbosa Pereira (Antropóloga, FCSH/UNL) e Henrique Silveira (Matemático, CAMGSD/IST/UL) 

https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2019/10/06/historia-da-alba

“Há algo em Albergaria que ninguém imagina”

A historiadora Raquel Varela foi desafiada a conhecer por dentro a antiga Fábrica Alba, em Albergaria-a-Velha. Através da análise de antigas fichas dos trabalhadores da metalúrgica, Raquel Varela, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, pôde perceber o importante papel que esta grande indústria desempenhou no desenvolvimento do concelho. 

A Alba, um ícone de Albergaria e não só, foi fundada por Augusto Martins Pereira em 1921 e lá chegaram a trabalhar 700 operários em simultâneo. Acabaria por definhar no final da década de 1990 e fechou as portas no início deste século. O trabalho de investigação de Raquel Varela sobre a história económico-social da empresa vai dar origem a um livro.

Diário de Aveiro: Como nasceu a ideia de fazer uma investigação histórica sobre a Fábrica Alba?

Raquel Varela: Há algo em Albergaria que ninguém imagina. Trago colegas de outras partes do mundo para ver. O arquivo dos trabalhadores da Alba está digitalizado com as fichas, entradas, saída, idade, formação, acidentes, origem, quase tudo... É um mundo para estudar de forma intensiva a classe trabalhadora portuguesa e, claro, a história de Portugal, porque a Alba é uma das grandes empresas metalúrgicas do país no século XX.

Diário de Aveiro, 24/11/2019

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Exposição 100 Anos Alba - Uma História Global


Para comemorar o centenário de uma das marcas mais emblemáticas de Albergaria-a-Velha, da região e do País, a Câmara Municipal inaugura, no dia 5 de junho, pelas 16h00, a exposição “100 Anos Alba, Uma História Global”.

A mostra estará patente na Biblioteca Municipal até ao final do ano.

A Alba, fundição situada em Albergaria-a-Velha, é “uma marca portuguesa no mundo” que atravessa praticamente todo o século XX, com impacto nacional, nas ex-colónias e com exportações para a Europa e o Brasil. Dos bancos de jardim icónicos aos utensílios de cozinha, ao primeiro e único carro português, a Alba, registada oficialmente em 1929, permite-nos olhar a história global a partir de Albergaria-a-Velha.

A história começa com a industrialização portuguesa acarinhada pelo condicionamento industrial do Estado Novo, passa pela II Guerra Mundial, a Guerra Colonial, a independência das colónias, a Revolução dos Cravos, e terminará depois da restruturação produtiva após a adesão à CEE/UE e aos efeitos da concorrência na globalização depois dos anos 90 do século XX. A história da Alba abrange, assim, quase um século de um país em mutação profunda e do seu lugar na economia e no sistema internacional de Estados.

Para Delfim Bismarck, Vice-Presidente da Câmara Municipal e Vereador da Cultura, “esta exposição assume especial importância por diversos fatores: Primeiro porque a ALBA é muito mais do que uma marca; Foi um modelo de progresso industrial, que atingiu um notável prestígio económico, social e cultural, não apenas na região mas em todo o país; Foi uma verdadeira escola técnico-profissional de um sem número de atividades e profissões, bem como uma das marcas pioneiras em utensílios domésticos, mobiliário urbano e acessórios diversos que marcaram o século XX português”.

“Esta exposição é uma "viagem no tempo" que há muito se desejava materializar e que é marcante na memória do nosso território”, conclui o autarca.

No âmbito das comemorações do centenário, será também editado um livro, da autoria da historiadora Raquel Varela, com lançamento previsto para o dia 19 de junho, pelas 16h00, na Biblioteca Municipal.

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

100 ANOS DA ALBA, UMA HISTÓRIA GLOBAL - BIBLIOTECA MUNICIPAL

05 DE JUNHO | SÁBADO | 16H00

Patente de 05 de junho a 31 de dezembro de 2021

Horário

segunda-feira das 09h30 às 18h00, de terça a sexta-feira das 09h30 às 19h00, sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.