quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Em Busca do Arquivo Municipal


Porque não criar actividades ligadas ao conhecimento da nossa terra?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Conhecer a Nossa Terra - 2003

Crianças do 1º ciclo visitaram Paços do Concelho

Inserido no projecto “Conhecer a Nossa Terra”, os alunos do 2º e 3º anos da Escola EB1 Nº2 de Albergaria-a-Velha visitaram os Paços do Concelho no dia 15 de Janeiro de 2003. Recebidos pelo Adjunto do Presidente, Engº. Luís Fernando Oliveira (dado que o Presidente, Prof. João Agostinho, se encontrava em reunião de Câmara), as crianças foram encaminhadas para o Salão Nobre onde puderam compreender melhor as Instituições do poder local.

Numa apresentação em Data Show, o Engº Luís Fernando fez uma pequena visita guiada às várias freguesias do Concelho, aproveitando também para demonstrar exemplos de eventos que poderão tomar lugar no Salão Nobre, para além da Assembleia Municipal (colóquios, lançamentos de livros, conferências de imprensa, etc...). Seguiu-se depois uma pequena explicação sobre a disposição das bandeiras concelhia, nacional e europeia no estandarte principal e a identificação de algumas personalidades concelhias, cujos retratos estão expostos naquela divisão.

Dado que a reunião de Câmara entretanto acabara, as crianças ainda tiveram a oportunidade de conhecer pessoalmente o Presidente, Prof. João Agostinho Pereira, o Vice-Presidente, Dr. Flausino Pereira da Silva, e o Vereador da Educação, Dr. José Licínio Pimenta, que ficaram bastante honrados por receber um público tão especial no Salão Nobre!

CMA

domingo, 25 de outubro de 2009

À redescoberta dos moinhos da região


O distrito de Aveiro ocupa uma posição relevante a nível nacional, no que concerne à importância do seu património molinológico.

Tanto numa perspectiva de qualidade, de quantidade ou de diversidade, podemos dizer que esta região é um excelente objecto de estudo e um exemplo a considerar quando abordamos a temática da Molinologia em Portugal.

Trata-de um valioso património, a grande maioria dele desconhecido ou esquecido, em que se aliam velhas técnicas de construção tradicional e engenhosas obras de hidráulica, e cuja actividade associada sempre teve uma grande importância na economia e na vida das populações da nossa região.

Eram muitas as famílias que exerciam a profissão de moleiros, eram inúmeros os lavradores que tinham direito a moer no moinho comunitário e a propriedade de um moinho era um factor de alguma importância social e económica.

Hoje em dia, tudo mudou. O fim do isolamento das populações e da prática da agricultura de subsistência permitiu o acesso a outras formas de vida e de consumo. O advento dos moinhos eléctricos, os quais se instalavam dentro de casa e permitiam a moagem durante todo o ano, afastou muitas pessoas da ida ao moinho tradicional e reduziu substancialmente o negócio dos moleiros.

O progressivo abandono da agricultura e o envelhecimento daqueles que dominavam as técnicas e a paixão por estes engenhos votou ao abandono quase todo este património, tanto na nossa região como a nível nacional.

Pontos de interesse

Se quisermos definir um roteiro pelos locais da nossa região em que ainda podemos encontrar interessantes exemplares do seu património molinológico, decerto que não se arrependerá se aceitar o desafio de o percorrer.

Dessa forma estará a contribuir para o reconhecimento deste património, tantas vezes desconhecido e por valorizar.

Parta à descoberta de lugares e coisas que pensava já não existirem, mostre-as aos mais novos que decerto se vão interessar, volte atrás no tempo revivendo imagens, sons e cheiros intemporais.

Sugerimos que, tomando como ponto de partida a cidade de Aveiro, faça a sua primeira paragem em Ervosas, Ílhavo, onde se encontra um moinho de vento, de armação, em perfeito estado de conservação e exemplar único a nível nacional. Não muito longe dali, no Boco, Vagos, procure as azenhas que ainda funcionam como antigamente. Depois, rume mais para sul e em Mira admire os Moinhos da Lagoa, com a sua curiosa arquitectura inspirada nos palheiros daquela região.

Já no concelho de Albergaria-a-Velha, visite a Cova do Fontão, Angeja, lugar de moleiros e padeiras onde ainda existe um moinho de água a funcionar. Se preferir caminhar em contacto com a Natureza, percorra o caminho dos moleiros, que das imediações do Santuário da Nossa Senhora do Socorro desce até às bucólicas margens do Rio Caima, onde se situa o conjunto dos Moinhos da Freirôa, complexo moageiro que voltou a moer depois de várias décadas de abandono.

Rume um pouco mais a norte e faça uma paragem em Figueiredo, Pinheiro da Bemposta, onde no último domingo de cada mês pode admirar o extraordinário trabalho de recuperação que foi efectuado nos Moinhos do Caldeirão. Ali ao lado, em Ul, visite o Parque Temático Molinológico de Oliveira de Azeméis, onde poderá saber um pouco mais sobre a actividade dos moleiros e das padeiras deste lugar.

Termine o seu roteiro subindo à Serra da Freita, percorra as pequenas aldeias de xisto e granito, descubra que ainda existem moinhos comunitários onde se continua a moer o pão nosso de cada dia.

Estes são só alguns exemplos de locais onde este património está disponível para que o possamos conhecer e admirar.

Apesar do abandono e da destruição que fez desaparecer a esmagadora maioria destes engenhos, muitos outros moinhos ainda se encontram em funcionamento na nossa região.

Memórias a recuperar

A recuperação e a manutenção deste património deve-se muitas vezes ao empenho e à dedicação de uns quantos, proprietários e antigos moleiros, os quais se recusam a deixar morrer estes saberes, estas técnicas tradicionais, estas memórias.

O aproveitamento de exemplos representativos deste património para fins didácticos, culturais ou meramente turísticos, pode e deve ser a solução para permitir a sua preservação, podendo mesmo contribuir para o próprio desenvolvimento local.

Para tal será fundamental que exista o envolvimento de entidades públicas e privadas, de maneira a que se possam celebrar protocolos de colaboração, criar incentivos e despertar consciências, com o objectivo de preservar o património molinológico regional e evitar que alguns trechos da nossa memória colectiva sejam irremediavelmente perdidos.

Armando Carvalho Ferreira -http://www.noticiasdeaveiro.pt/ 17/02/2008

http://moinhosdeportugal.no.sapo.pt/index.html

O livro “Moinhos do Concelho de Albergaria-A-Velha”, da autoria de Armando Carvalho Ferreira e Delfim Bismarck.

Trata-se de um levantamento histórico e fotográfico que resultou de dois anos e meio de pesquisas. Com mais de quinhentas páginas, a obra pretendeu fazer um inventário o mais rigoroso possível do que foi e já pouco resta da actividade moageira em Albergaria-A-Velha.

Delfim Bismarck considerou interessante para o concelho seguir o exemplo do projecto de recuperação de moinhos em Ul, Oliveira de Azeméis, para o qual a edilidade obteve apoios estatais e comunitários.

O historiador recomendou a aquisição de pelo menos um moinho de forma a ser recuperado com fins pedagógicos, culturais, etnográficos e turísticos. “É uma das actividades mais importantes para a sobrevivência do Homem, pois sem moinhos, não havia moleiros, e sem moleiros não havia farinha, e sem farinha não haveria o pão que foi a base da alimentação de todos os nossos antepassados”, disse.

Notícias de Aveiro 16/12/2003

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aveyro





Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal
P. Antonio Carvalho da Costa - 1708

Albergaria, Freguefia da invocaçaõ de Santa Cruz , Curado, tem 521 vifinhos, que fe dividem pelos feguintes lugares, Sobreyro, Silho, Frias, Valmayor, Mouqueira, Samarcos, Fontão, Rendo, Samarcos de bayxo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Poesia Experimental Portuguesa

Uma leitura da variada obra literária de Salette Tavares (1922-1994) muito ganha se for enquadrada com um (re) conhecimento da sua intervenção artística e da sua reflexão enquanto teórica e crítica de Arte.

"Alquerubim" é outro poema gravado em alumínio que, com todo o seu brilho e luminosidade, esgrime pelo seu lugar entre as fronteiras das artes. Mas é na leitura anagramática que propõe que a sua poeticidade melhor se exprime. Na dobra da repetição da palavra, Salette Tavares promove um arranjo visual combinatório com a palavra "ALQUERUBIM" (1) em maiúsculas que nos permite lê-la em várias direcções numa sucessão de onze linhas, criando uma estrutura viva de leituras circulares.

(1) De Alquerubim apenas sabemos tratar-se de uma freguesia portuguesa do concelho de Albergaria-a-Velha, mas desconhecemos a razão da sua utilização por Salette Tavares, além da óbvia musicalidade.

Rui Torres


Alquerubim. 1979. Alumínio polido. 70cm x 70cm [aprox.]. Desparecido; Imagem cedida por S.B.

Ligação

NOVA ALQUERUBIM

“Há textos poéticos que descrevem objectos e na sua mancha gráfica assemelha-se a eles”, disse o director de Serralves. João Fernandes explicou (...) que em mostra está “uma visualização da escrita” e uma “textualização da imagem”. Ou seja, a poesia experimental portuguesa desenvolve-se num processo de redefinição da obra de arte, numa estreita relação entre a escrita e a imagem. Em mostra (...) estão revistas de poesia experimental, sacos de razão, sinalética contraditória, uma nova Alquerubim e poemas. Poemas feitos com palavras recortadas da imprensa e agrupadas numa nova forma. Em jogo estão os sentidos das palavras e a sua visualidade, conforme o director de Serralves afirmou. Liliana Guimarães

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Padre Querubim - novo Director do Colégio de Calvão


A doença inesperada e a morte prematura do Padre João Mónica da Rocha, Director do Colégio Diocesano de Nossa Senhora da Apresentação, de Calvão, vieram impor a necessidade e determinar a urgência de dar ao Colégio um novo Director que possa continuar, consolidar e desenvolver o prestigiado trabalho pedagógico e o excelente serviço pastoral realizados nesta instituição da Diocese. O mundo do ensino e da educação é um campo imenso onde a Igreja é chamada a servir com competência pedagógica, sentido profético e entrega generosa. Neste espírito que acompanha o Colégio Diocesano de Nossa Senhora da Apresentação desde a sua origem e consciente do sentir comum, manifestado por quantos dedicadamente ali trabalham ao serviço da juventude, das famílias e das comunidades da Diocese e das terras vizinhas;

HEI POR BEM NOMEAR:

Padre Dr. Querubim José Pereira da Silva, Director do Colégio Diocesano de Nossa Senhora da Apresentação, sendo dispensado, em ordem ao exercício desta nova missão, do múnus pastoral de Pároco in solidum e Moderador da Unidade Pastoral de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha, Santa Marinha de Alquerubim, S. Paio de Frossos, S. João Baptista de Loure, permanecendo Pároco de Nossa Senhora das Neves de Angeja e continuando com as demais responsabilidades diocesanas e nacionais que agora exerce.

Recordando na oração e na gratidão o Padre João Mónica da Rocha e agradecendo a disponibilidade manifestada pelo novo Director, agora nomeado, solicito a todos os alunos, funcionários e professores que com ele colaborem e trabalhem com o mesmo espírito e igual dedicação.

Aveiro, 7 de Outubro de 2009, Festa de Nossa Senhora do Rosário

+ António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro


Notas:

O P.e Dr. Querubim José Pereira da Silva tem 62 anos e foi ordenado padre em Dezembro de 1969. É pároco de Angeja (onde vai continuar) há mais de 25 anos. Em 2004 recebeu a Medalha de Grau Prata do município. Desde Setembro de 2004 é Director do jornal Correio do Vouga (orgão oficial da Diocese de Aveiro). É também responsável pelas EDIÇÕES TEMPO NOVO e director do ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Gualdino Pimenta

Aos dois anos, uma paralisia infantil deixou-lhe sequelas que perduram até aos dias de hoje. A doença impediu-lhe de ajudar o pai no campo e um dos trabalhos que se adaptava à sua situação era o de alfaiate. Foi através da ajuda da sua segunda mãe que entrou no mundo das agulhas e linhas, com apenas 11 anos.

Foi num domingo, no dia em que o pai fazia anos, que Gualdino Pimenta viu a sua vida tomar um novo rumo. A impossibilidade de trabalhar nas lides do campo com o pai deu lugar à oportunidade de fazer das linhas e agulhas uma profissão.

No dia do aniversário do meu pai, um alfaiate foi entregar um fato novo e houve uma conversa na qual disse que precisava de ajuda e o meu pai autorizou. A minha segunda mãe ajudou muito nesse sentido. O meu grande desejo era estudar, mas não havia condições na altura.

Ao fim de cinco anos de trabalho, decidi ser mesmo alfaiate. Decidi aprender realmente a arte e seguir um caminho mais profissional. Até aí andava na profissão para fugir das vacas, do trabalho no campo, mas sem amor à profissão. Naquela época, os patrões faziam um pouco de pressão sobre os pais e quando disse que ia embora o meu patrão foi fazer as queixinhas do costume ao meu pai, que me tentou demover. Mas nesse momento decidi que eu passaria a comandar a minha vida.

Com 16 anos, depois de ter estado a trabalhar cinco anos de graça, tive o meu primeiro ordenado. Ah, pois é … por isso é que a juventude de hoje não sabe o que é a vida. O meu primeiro ordenado foi dado aos meus pais porque na altura éramos criados para dar o ordenado aos pais e assim foi até três meses antes de casar.

(texto publicado na edição da 1.ª quinzena de Dezembro do jornal Beira Vouga)

A sua carreira teve início na alfaiataria de Manuel Caixeiro, onde permaneceu durante um ano, e onde estava "encarregue dos acabamentos". Depois, foi trabalhar com o alfaiate Manuel Sacristão, durante quatro anos e meio, onde, para além desta profissão "aprendi a ser sacristão e cangalheiro", relembra.

Com 16 anos, tomou a grande decisão de ser alfaiate e começou a trabalhar por conta própria. Aos 24 anos casou-se com Esmer Pimenta, costureira de profissão, que ainda hoje o auxilia no trabalho. "Fui aprendendo continuamente e comecei a evoluir", conta Gualdino Pimenta.

Dos primeiros grandes trabalhos que realizou, destaque para as fardas de gala dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha.

Há 25 anos, José Maria Marques, na altura presidente da Federação Portuguesa de Folclore convidou-o a confeccionar trajes regionais para o Grupo Etnográfico de Albergaria. "A partir daí, comecei a ser procurado por outros grupos do distrito. Foi uma arte que aprendi nos anos 50, através da visualização do modelo original, reproduzia os trajes que remontavam a 1900, era um trabalho que me dava muito gosto", confessa.

Entretanto, foi contactado por um empresário italiano que encomendou 15 smokings para um evento no Casino Estoril. "Para minha alegria, no dia seguinte à festa veio agradecer e dizer que o meu trabalho tinha sido muito elogiado. O que me levou a ter de fazer mais smokings para outro evento e, inclusive, fui o alfaiate de serviço para um casamento de família", diz sorridente.

Sempre teve clientes nacionais e internacionais e relembra a visita de um empresário francês, "passei a ser o alfaiate dele quando se deslocava a Portugal". A nível nacional, confessa que sempre trabalhou com todas as classes sociais, "desde ministros, médicos, políticos e lavradores". Mas destaca um cliente peculiar, o Dr. José Homem, com as suas famosas "calças de oito bolsos e vincos permanentes, feitos em exclusivo".

Ao longo de toda a carreira foi sendo reconhecido pelo trabalho desenvolvido na alfaiataria de homem, senhora e criança. Mas, Gualdino Pimenta nunca vai esquecer o dia 11 de Outubro de 2004, um dia de festa passado em Paris, França, data em que recebeu o "Prémio de Ouro pela Qualidade", em que foi considerado o melhor alfaiate do mundo. "É uma emoção indescritível. De entre uma selecção feita em 168 países, 85 dos quais presentes (com um alfaiate a representar cada país), eu fui o escolhido", conta visivelmente emocionado.

Em Fevereiro de 2007, foi reconhecido em Frankfurt, Alemanha, com o "Internacional Arch of Europe Award - Platinum Category" mas não esteve no local para receber a distinção.

Casado com a costureira Esmer Pimenta, o casal tem três filhos (dois homens e uma mulher) mas só um deles aprendeu esta arte, "apenas o Zé é um bom profissional de agulha", diz, referindo-se a Licínio Pimenta, vereador da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha.

Gualdino Pimenta tem como sonho escrever um livro com as suas memórias como alfaiate. "Neste momento, estou a reunir fotografias e documentos antigos para mais tarde passar esses momentos para o papel", finaliza.

(texto de Sandra Pinho publicado no jornal Litoral Centro)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Legado Napoleão de Lisboa e Oeiras

ADMINISTRAÇÃO DOS PRÉDIOS DO MUNICÍPIO DE ALBERGARIA-A-VELHA EM OEIRAS E LISBOA – RENÚNCIA DE PROCURAÇÃO DO DR. JOSÉ ARMANDO DA SILVA FERREIRA

No seguimento da carta de renúncia de procuração do Sr. Dr. José Armando da Silva Ferreira referente ao poderes de administração dos prédios do Legado Napoleão de Lisboa e Oeiras com efeitos a partir do fim de Março do corrente ano [2006], foi presente uma informação do Chefe de Gabinete de Apoio ao Presidente da Câmara, datada de 6 de Janeiro último, que se transcreve:

“Sou a informar que o Sr. Dr. José Armando da Silva Ferreira tem administrado o património do Legado de Napoleão referente aos prédios urbanos nos Concelhos de Lisboa e Oeiras, desde 1981 tem sido sempre gerido por administradores exteriores ao Município e para o devido enquadramento da questão do legado junto anexo cópia da escritura do mesmo e da procuração da Câmara para administração dos referidos prédios. Neste momento a Câmara é proprietária de 4 prédios adquiridos no período de 1960/1970:

1. RUA FALCÃO TRIGOSO, N.º 20 - 1600-066 LISBOA, FREGUESIA DE N. SENHORA DE FÁTIMA (com 3 lojas e mais 11 fracções).

2. RUA DA BELA VISTA À GRAÇA, N.º 65 - 1170-054 LISBOA, FREGUESIA DA GRAÇA (com 2 lojas e mais 6 fracções).

3. RUA DOS JERÓNIMOS, N.º 30 - 1400-212 LISBOA, FREGUESIA DE BELÉM (com 12 fracções).

4. AV. DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, N.º 23, ALGÉS - 1495-024 LISBOA, - FREGUESIA DE CARNAXIDE(com 2 caves e mais 12 fracções).

Notas:

- Estes prédios foram adquiridos com dinheiros resultantes da herança do benemérito Napoleão Luiz Ferreira Leão. Em 1966 foi colocado um Busto junto aos Paços do Concelho.

- Em 1922, sentindo-se doente, fez testamento público dois meses antes de morrer, deixando quase todos os seus muito avultados bens à sua terra natal.

- Em 1928 foi comprado, no sítio do Serrado, o terreno para construção do Bairro para Pobres conforme disposição testamentária. Foi demolido cerca de 50 anos depois para se urbanizar a zona e construir a Escola Elementar. (bda)

- O programa do CDS/PP referia a utilização destes prédios para residência universitária de estudantes albergarienses. Possivelmente os prédios estarão todos ocupados por inquilinos e trata-se de uma fonte de rendimento do municipio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Juntas de Freguesia

Concelho de Albergaria-a-Velha - 2010/2013

Albergaria-a-Velha . José Manuel Torres e Menezes
Alquerubim . António Manuel Silva Oliveira
Angeja . António Nunes de Almeida
Branca . Fernando Soares Ferreira
Frossos . Sandra Isabel Silva Melo Almeida
Ribeira de Fráguas . Maria Emília Martins Campos Pereira
São João de Loure . Adalberto Manuel Mónica Correia Póvoa
Valmaior . Manuel Tavares da Silva Letra

Pós-eleições

Nestas décimas eleições autárquicas, após a Revolução de Abril de 1974, vai a votos, pela terceira vez consecutiva, encabeçando a lista do Partido Social Democrata – PPD/PSD – à Câmara Municipal, o Prof. João Agostinho.

Não vou agora recordar as disputas que, quer a nível interno do PPD/PSD, quer a nível externo, surgiram aquando da sua primeira candidatura em 2001, situação que vivi intensamente, de que resultou uma vitória por maioria absoluta, vitória repetida em 2005, com esta última a ser mais abrangente já que as listas propostas pelo PPD/PSD também ganharam em sete das oito Freguesias do Concelho e, ainda, para a Assembleia Municipal.

Passados estes anos, é natural que surjam interrogações como:

Não teve a oposição, ou este ou aquele munícipe, motivos para criticar, desfavoravelmente, algumas acções destes autarcas? Foram cumpridos, integralmente, os programas eleitorais? Do muito que se fez, foi tudo perfeito?

As respostas todos conhecemos, mas o que interessa analisar não é o peso do que não foi feito ou não foi bem feito, mas sim o peso do muito que foi concretizado e que, indiscutivelmente, se traduziu em reflexos positivos na melhoria de vida de todos os que habitam ou trabalham na área do nosso Município.

Assim, e por considerar que os autarcas do PPD/PSD deram suficientes provas de servirem, com dedicação e empenho, a nossa comunidade, decidi, novamente, ser o seu mandatário, o que faço com muita alegria e satisfação.

É nesta condição de mandatário que saúdo a todos aqueles – homens e mulheres – que aceitaram participar nas listas do PPD/PSD e em todas as outras listas concorrentes a estas eleições autárquicas, felicitando quem dá a cara nestes actos e se propõe servir na vida pública a nossa comunidade. Em respeito por todos estes nossos concidadãos, creio que só me resta uma atitude – Vamos Todos Votar.

José António da Piedade Laranjeira

Mensagem do Mandatário Concelhio do PPD/PSD (Vamos todos votar)

O PPD/PSD manteve a maioria absoluta na Câmara e na Assembleia Municipal, bem como 5 das 8 freguesias.

domingo, 11 de outubro de 2009

Novos Museus?

BE: "Entendemos possível que a Fábrica Alba albergue um polo universitário, um centro cultural associativo e o museu metalúrgico, tirando o máximo partido da estrutura existente."

CDS: "Porque razão a Quinta do Torreão não é transformada num projecto mais multi-funcional, (...), com a construção de uma biblioteca e do Museu de Albergaria?"

CDS/Ribeira de Fráguas: "Contactar a Diocese de Aveiro, no sentido de protocolar e viabilizar a cedência da antiga residência paroquial, com o objectivo de instalar um Museu e Biblioteca para a Freguesia."

PS: "Museus etnográficos nas freguesias. "

PSD: "Conversão da Escola do Pinheiro em Escola Museu. "

PSD/Angeja: "Criar um pequeno museu na escola do Fontão, dedicado às actividades do Lugar, o pão e os moinhos."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Site do IEFP


de quem é a culpa?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Azulejos


Aquando da inauguração da nova sede do Grupo Folclórico e Etnográfico de Albergaria-a-Velha, António Vinhas, presidente do Grupo, prometeu um espaço dinâmico, aberto à comunidade. Dado que as promessas são para cumprir, decorreu, entre os dias 15 e 22 de Dezembro de 2002, a I Exposição de Pintura em Azulejos, com trabalhos de Agostinho Gomes Duarte.



Este artista, nascido em Arcos de Anadia, estudou cerâmica e pintura ainda jovem e, após ter ganho vários prémios, decidiu dedicar-se exclusivamente à arte de azulejaria em 1980. No seu estúdio “Don Duarte”, em Espairo - Curia, Agostinho Gomes Duarte dedica-se à azulejaria artística, sendo bastante requisitado para a decoração de interiores.


A sua obra pode ser já admirada no Concelho, pois os painéis de azulejo que enfeitam a sede do Grupo Folclórico e Etnográfico de Albergaria-a-Velha são da sua autoria.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Prefácio do livro "Angeja e a Região do Baixo Vouga"


Todo o homem é, espiritualmente, filho da paisagem que iluminou a sua infância. A nossa alma é moldada na terra. As serras e as praias calcinadas e ardentes da Córsega acompanharam Napoleão até Santa Elena. O lirismo de João de Deus é, todo ele, perfumada pelas amendoeiras em flôr do Algarve. Triste ou colorida, árida ou verde, encapelada pelas ondas e pelos ventos do mar, ou montanhosa e batida pela tentação da altura - a alma humana será, através da vida, o espelho da primeira luz, doirada ou cinzenta, rósea ou noturna, que os seus olhos receberam.

A primeira árvore, a cuja sombra dormimos ou a primeira onda, cujo canto nos embalou, ficarão perpetuamente reverdecendo em raiz ou irisando-se em espuma no fundo do nosso espírito - e a cada hora da nossa existência, inconscientemente, é sob ela que nos abrigamos ou junto dela que sonhamos.

O lugar onde nascemos pode ser indiferente. Mas o primeiro contacto físico com a natureza e com o mundo dominarão imperceptivelmente a nossa existência. Camilo é de Lisboa, mas a sua infância e a sua adolescência foram transmontanas. Os açudes e as torrentes de Trás-os-Montes constituirão a perpétua païsagem moral da sua existência dramática - dramática como a serra que a criou.

É, por isso, que o sentimento da pátria é um sentimento natural e não social, eterno como a vida. Mas a imagem da pátria só se torna por assim dizer física através da provincia, da aldeia, da cidade, da colina ou da planície em que, a nossos olhos, na primeira visão, se fundiu. para sempre e para sempre ficou vivendo em nós a primeira maternidade do solo e da luz, de que espiritualmente nascemos. A primeira raiz que deitámos à terra prenderá sempre, por longe que andemos, os nossos passos incertos. Quando ela por acaso se rompe, o elo moral da nossa vida partiu-se. O homem deixa então de ser aquilo para que Deus o criou - uma planta animada pela seiva da terra para se tornar, num reino de sombras, apenas uma sombra sem destino.

O livro que o meu velho amigo Dr. Ricardo Souto acaba de me enviar em provas e para o qual, afectuosamente, deseja algumas palavras minhas de introdução, é sobretudo para mim uma evocação dos doces, frescos e cantantes vergeis do Vouga, em que meus primeiros anos decorreram.

O túnel de Angeja, a pateira de Frossos, as estradas e as tricanas, a ria, as fontes, os cômoros, os milharais ao vento, o ar lavado dos montes, os adros floridos, os pinhais e as eiras - todo o horizonte da minha infância e da minha adolescência revive, a meus olhos, nesta tarde pálida da Belgica em que escrevo. Oiço os rebanhos nos campos, revejo o milho doirado ao sol, contemplo de novo sobre as areias claras, as águas do Vouga que brincam com os salgueiros e as codornizes - e, de longe, à distância de tantos anos, eu vos bemdigo, oh bemfazejas saüdades!

A poetisa Ana de Noailles escreveu, um dia, que de todos os estados humanos, a infância é o mais persistente. Verdade perfeita. A mocidade passa e desaparece sem deixar no nosso espírito traços perceptíveis. Raras são as velhices que prolongam a juventude. Mas as impressões da meninice, a semente emotiva como a formação visual, que a primeira idade lançou no nosso espírito, ficarão germinando pela vida fora, e os nossos sentidos, como as nossas faculdades morais, crescendo e desenvolvendo-se, conservarão até à morte a primitiva marca.

O homem esquecerá facilmente factos e figuras dos seus vinte anos ou da sua maturidade, mas recordará perpétua e insensivelmente os seus primeiros brinquedos, os seus primeiros amigos, as suas primeiras dores, os primeiros olhos que o beijaram ou os primeiros braços que o repeliram, o mal e o bem que se curvaram sobre o seu rosto - e, como num espelho, as primeiras sensações físicas da vida refletir-se-ão sempre no fundo da sua alma, alastrando através dos anos a primeira aprendizagem da Natureza. O espírito infantil é uma cera virgem. A infância é uma escultura.

Essa influência emotiva e sensorial é tão grande que pode dizer-se que o ideal feminino do homem dependerá, no decurso de toda a existência, da imagem que as primeiras carícias maternais imprimiram na sua imaginação. O conceito sexual de Freud é, nesse capitulo, absolutamente exacto. E, no dominio dos sentidos, quem não sabe que o nosso paladar, por exemplo, ficará indestrutivelmente escravo da cozinha da nossa infância - e que um flamengo pode correr o mundo, mas delirará sempre diante dos mesmos acepipes que já fizeram delirar Rubens; que um italiano preferirá, inevitavelmente, mesmo após cinquenta anos de exilio, a sua "pollenta" e os seus "spaghetti", que um russo, um português, um espanhol ou um hungaro desprezarão, em qualquer lugar ou idade em que se encontrem, o mais régio acepipe, para se sentirem dilatar de gozo pela recordação culinária dos seus primeiros anos?

O rei Alberto confessava que, na Corte de Londres, ou no protocolo do seu Palácio de Bruxelas, dificilmente sabia reprimir a tentação das grossas sopas de café com leite a que, caseiramente, quando criança, sua mãe o habituara, todas as manhãs. E aqui me têm a mim que, neste momento, daria todos os banquetes principescos do mundo, por uma caldeirada de peixe do rio d'Aveiro, cheirosa, fumegante, crepitando de azeite e côdeas de trigo, espessa e picante, capaz de ressuscitar o estômago de um morto - preparada e saboreada à sombra dos salgueiros, ao ar livre e quente, numa dessas tardes d'Agosto, verde e oiro, de que o Vouga da minha infância conserva ainda hoje a meus olhos, o privilegiado e claro segredo!

Se toda a nossa vida é dominada pelas impressões visuais da primeira idade, eu devo, sem dúvida, às fontes risonhas, aos calmos e ondeantes campos, às estradas luminosas, às romarias, aos vinhedos e aos pomares do Baixo Vouga, em que fui criado, esse fundo de optimismo tranquilo, de confiança jovial e de sereno amor pelo espaço e pela luz que sempre, até hoje, dominou o meu espírito. Creio que a voz alegre do claros montes me ensinou a esperar e a escutar; no canto das águas, que sabem chorar e rir, aprendi a ternura e a ironia - e foi de lá, desses horizontes floridos e frescos de ribeiros e de pinhais, que trouxe a reserva de claridade que, através de tudo, ilumina a minha alma potuguesa e errante, banhando-a sempre de distância e de sonho.

Foi lá que se formaram esse gosto da Natureza e essa ância de renovação que constituem as permanentes anciedades do meu espírito. Lá aprendi a olhar o sol e o Céu: um, ensinou-me o desejo, outro a esperança. Quando procuro Deus é lá , na pequena e rústica capela do Fontão, perfumada de incenso e rosmaninho, que o vejo estender-me os braços acolhedores e rústicos - e quando recordo a minha mãe é, sob os caramanchões do jardim, em que duas grandes bicas d'água ora soluçam ora cantam, que a vejo passar e chamar-me, perpetuamente viva, com seus grandes olhos que pareciam sempre rezar quando me viam...

Païsagem lirica, que ensinou o lirismo; païsagem doirada que me ensinou o Verão e a alegria; pïsagem de valados húmidos, em que gorgeiam ninhos e laranjais, povoada de colinas e de silvados, de cruzes e de ermidas, que me ensinou Portugal!

Ricardo Souto, o autor deste livro, que tenho a honra de prefaciar, foi um dos amigos dessa minha remota infância e creio que é a este facto, para mim inolvidável, que devo o prazer de ligar, nesta obra, o meu nome ao seu. Meu Pai, cuja memória, querida e ilustre, para mim está ligada a esta região falava constantemente dos "Soutos da Barca". Os Soutos da Barca eram Ricardo Souto, então jovem e distinto médico e seu irmão, estreitamente afeiçoado à minha família, e que foi um eminente magistrado.

Nascido no Porto, tripeiro de origem, foi nas terras do Vouga que passei, posso dizer, a minha infância. De lá, espiritualmente, parti. Quando meus Pais vinham passar as férias do Natal, da Páscoa ou as férias grandes ao Fontão, a pouco mais de três quilómetros de Angeja, começava para mim a grande evasão rústica da aldeia que foi a primeira e a melhor escola do meu espírito. Se mais tarde, a vida me separou dessas primeiras afeições, nunca, na realidade, as esqueci.

Como as païsagens, as figuras que conheci nesse tempo vivem na minha memória como se as tivesse ainda visto ontem: o Padre Santos, alto e espaduado, bom como uma criança, a reger a charanga de Frossos com o seu grosso bengalão de marmeleiro; o Padre José Luiz, o "Padre Zézinho", que tinha e, felizmente, ainda hoje tem talento e graça às carradas; o Castanheira, o Laranjeira, grandes amigos de meu Pai, o Manuel Maria de Angeja, em cuja casa, durante a festa da Senhora das Neves, se comiam os melhores leitões assados da região; os Lemos de Alquerubim (para onde a vida os dispersou?) e tantos outros que povoam ainda hoje de recordações, de pitoresco e de estima o meu espírito.

Todos eles vinham - uns de longe, outros de perto - assistir à festa da Senhora do Carmo, na Capela da nossa casa - festa que, ao som das músicas ao desafio e dos morteiros - missa, arraial, fogo preso - se prolongava por três numerosos dias de danças e descantes. Lá estiveram, o poeta João Lúcio, o grande cantor do Algarve, meu companheiro de Coimbra, morto pouco depois, Júlio Dantas, descido do seu Olympo de Lisboa e Carlos Malheiros Dias que lá começou o primeiro capítulo dum romance, nunca concluído, sobre as tricanas de Aveiro, as lindas tricanas cujo encanto fenício conta entre os mais belos tipos de beleza feminina do mundo. Esse capitulo de Malheiro Dias, que nunca foi conhecido, que eu saiba, descrevia uma pescaria no Vouga e era uma obra prima. Onde pára hoje e porque não publicá-lo?

Seria fastidioso enumerar outras recordações, em que irresistivelmente a minha imaginação se perde. Creio ter escrito suficiente para acentuar quanto melancólico e, ao mesmo tempo, agradecido amor me liga à maravilhosa região, cheia de tradições, de côr e de fibra portuguesa, evocadas neste magnifico livro em que o leitor verá passar perfis e datas, homens e factos, horizontes e imagens que constituem um quadro e uma admirável monografia.

Os livros regionais não são frequentes em Portugal - é pena. Eles constituem um dos mais úteis e significativos géneros literários - depósitos muitas vezes preciosos, de conhecimentos, de investigações e de documentação para a história geral do País. O livro do Dr. Ricardo Souto, vai figurar, com um brilho especial, nessa galeria de estudos e de aspectos nacionais. E eu sinto-me feliz de aqui deixar a minha homenagem ao autor, com o tributo de estima ao amigo, e a evocação, para mim sempre saudosa, das memórias e das perspectivas que estas páginas, entre tantas figuras e coisas vivas e mortas, ressuscitam no meu espírito fiel ao passado e diante dos meus olhos exilados.

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Prefácio de Augusto de Castro* no livro "Angeja e a Região do Baixo Vouga" de Ricardo Nogueira Souto

*Augusto de Castro foi escritor e diplomata (em Julho de 1937 encontrava-se em Bruxelas) e ainda director dos jornais "O Século" e "Diário de Notícias". Foi um dos principais impulsionadores dos Congressos da Imprensa Latina (1923). Foi diplomata e escritor de renome. Era filho do Conselheiro Augusto Maria de Castro que possuía uma casa no Fontão . [A Quinta do Fontão].


"Filho do Conselheiro Augusto Maria de Castro que foi Juiz do STJ, é o depositário e continuador das glórias dos seus maiores. O dr. Augusto de Castro herdou de seu extromoso pai o amor a esta terra e região, onde tem o seu Solar...". AMC era filho da nobre "Casa da Oliveirinha", tal como os Conselheiros José Luciano e Castro Matoso. Benemérito de Angeja. RNS

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Memórias de Alquerubim

A velha igreja de Alquerubim – a que eu conheci quando era menino e moço e que foi restaurada por volta de 1912 – erguia-se, naquele tempo, menos elegante, menos airosa do que hoje, mas mais vulnerável no seu aspecto vèlhinho com seus musgos, suas soleiras desgastadas por séculos de uso, os tufos de hortênsias na ilharga voltada ao Norte, lado de onde ficava a residência paroquial, a uma dezena de passos da porta da sacristia.

A residência era para mim qualquer coisa participante da veneração que eu tributava à Igreja. Entre esta e a residência havia a mesma identidade que eu estabelecia entre Deus e o Prior. Este vivia no 1.º andar, para onde se subia por uma escada de pedra, que ainda existe, de construção mais recente do que a edifício, que foi profanado pela revolução de 1910, a qual o pôs à venda com o passal. O edifício, onde durante alguns anos depois funcionou o Correio, está hoje desabitado e, por isso, e atendendo a que é um edifício velho, está em pouco menos que ruínas.

À esquerda de quem sobe ficava uma pereira “figueiroa”, casta portuguesa de grande fama, a qual ainda lá está, também vèlhinha, mas dando ainda daqueles saborosos frutos que eram, e hoje mais do que nunca, a tentação da garotada. Naquele tempo quase se lhes tocava com a mão. Hoje, só trepando à árvore os rapazes conseguem colhê-los, sem terem a quem guardar respeito, visto a casa estar vaga. Por baixo era o celeiro e a adega, bem como os aposentos do sacristão e pessoal agrícola.

Paralela à residência, ocupando toda a área entre a casa e a igreja, cobrindo o terreno tapetado de relva espontânea, estendia-se uma parreira, alta à moda da região, desentranhando-se numa dupla abundância de sombra e de cachos – no Verão, já se vê. Debaixo desta parreira, junto à parede da residência, na face voltada à Igreja, ficava um banco, simples mas venerável pelas pessoas que ali costumavam sentar-se ao cavaco enquanto esperavam pela missa, pelo que aquele banco tinha para mim mais importância do que a poltrona de um ministro: três ou quatro séries de estacas fincadas no chão, e sobre elas uma tábua de pinho, e eis tudo.

Ali vinham sentar-se as pessoas mais respeitáveis da freguesia (não falando do prior, que ficava no topo da pirâmide social), pessoas todas de elevados méritos mentais e morais.

Era o Dr. José Pereira de Lemos, médico distinto, dotado de rara intuição no diagnóstico de uma doença e competentíssimo na medicação, figura bíblica nas suas barbas patriarcais emoldurando um rosto prazenteiro que, era, só de vê-lo à cabeceira, o melhor remédio para levantar as forças do doente.

Era o Dr. João Eduardo Nogueira e Melo, cérebro robusto mixto de jurisconsulto e de agricultor, advogado de fama nestas comarcas da redondeza e figura de alto relevo na política do distrito.

Era o Professor Leal – Manuel Maria Mendes Leal, de seu nome por inteiro – que aliava as mais afectuosas qualidades de pai às de carinhoso professor, que deixou em cada aluno um amigo e que tinha numa gaveta da secretária a palmatória, a qual servia mais para meter susto do que para castigar e que, apesar dos seus cinco olhos, não conhecia os alunos, porque raras vezes os via.

Era Manuel Maria Amador, o zeloso chefe de Conservação das estradas desta zona, as quais andavam sempre que era um primor, incansável funcionário em que se aliavam, de uma forma rara, qualidades de tipo popular e do diplomata, figura invulgar pela sua dedicação ao serviço público, grande conversador e relacionado com toda a gente. Mais madrugador que o melro, metia no estômago, de manhã cedo, uma terrina de sopas de café e , ala, ele aí vai, sentado à boleia do seu trem de 4 rodas. Não havia temporal que detivesse nem geada que bloqueasse este homem doente que, se parasse, morria, e se lhe entorpecesse a língua, emparvecia.

A. de Miranda / Boletim Mensagem - 15/01/1956