Com a abertura da Escola Secundária e da Escola Preparatória Conde D. Henrique foi criada uma nova zona habitacional em Albergaria-a-Velha conhecida por "Novos Arruamentos das Escolas Técnicas". Com o tempo passou a ser conhecida apenas por "Novos Arruamentos".
domingo, 19 de março de 2017
2004 - Os "Guardiões" das Florestas de Albergaria
À medida que os dias passam, o estradão da Floresta de Vila Nova de Fusos, no concelho de Albergaria-a-Velha, corre menos riscos de ser consumido pelas chamas. O local, propício a incêndios, encontra-se agora, num bom par de quilómetros, com menos acácias secas, graças ao trabalho de 12 "escuteiros", beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI). São eles, os "guardiões da floresta", que todos os dias, das 7h30 às 14h30, limpam a mata albergariense e vigiam o espaço. E, com isso, ganham uns garantidos 365 euros por mês, o suficiente para levarem uma vida diferente da que estavam habituados.
"Estou contente", afirma Maria, justificando que "sempre é melhor do que andar a depender de outras coisas, do Estado ou isso". Maria tem 41 anos, três filhos, divorciada, e já não sabia o que era trabalhar desde 2001. Desempregada, foi com alegria que recebeu a notícia de que a câmara de Albergaria a tinha escolhido para o projecto, pioneiro no distrito de Aveiro, de prevenção de fogos florestais. "Estou satisfeita", insiste, referindo apenas que "quando está calor é que custa". "Não é trabalhar que me chateia, porque gosto muito de trabalhar, o problema é o calor", sublinha, salientando que o que recebe "é um bocado justo, mas tem que chegar".
O calor é realmente um problema apontado por todos e, como tal, ficou acordado com a coordenadora do projecto, Isabel Pinto, que a limpeza da mata se faz pelo fresco e o resto, a vigilância e o sagrado almoço, fica reservado para as horas mais quentes. "Só o calor é que é mau", confirma Ana, de 43 anos, viúva e com um filho de 15 anos para sustentar. Ana já não trabalhava há dois anos e o dinheiro que recebe da pensão de viuvez não dá para sobreviver. "Só recebo cento e tal euros e vivia muito mal, cheguei a passar fome", conta ao PÚBLICO, frisando: "Tenho mesmo que ter um trabalho". Razões que justificam a satisfação de Ana, por ter sido escolhida para o projecto. "Agora, já é melhor quanto ao dinheiro", sublinha, lembrando, porém, que "em Setembro acaba" e que irá, novamente, para o desemprego. "Gostava de ficar a trabalhar na câmara, nas limpezas", revela
Um "Tarzan" entre "Amazonas"
A chegada de Isabel Pinto é um motivo de alegria. Os "escuteiros", na sua maioria senhoras, correm para o carro da coordenadora, para a cumprimentarem e falarem, sobretudo, sobre as suas necessidades no desempenho laboral. "Não esqueça a caixa de primeiros-socorros que prometeu", avisa uma, enquanto outras se preocupam em marcar os dois dias de férias a que têm direito por mês. E já lá vai precisamente um mês de trabalho (a iniciativa arrancou a 15 de Junho), por isso, as folgas e férias são merecidas. Isabel Pinto não tem qualquer razão de queixa: "Têm sido cumpridoras e não é fácil levantarem-se todos os dias às 7h00 para apanharem o transporte da câmara e virem para o local", defende, revelando que "o trabalho realizado tem sido muito".
"Cumpridoras", no feminino, porque entre os 12 "escuteiros", dez são mulheres e um dos homens está de baixa. Apenas António, um homem de 47 anos muito bem disposto, se encontra a trabalhar de momento. "O que custa mais é levantar da cama", revela ao PÚBLICO, mostrando-se satisfeito com o dinheiro que recebe no final do mês: "É bom, dá mais ou menos, estou contente". Divorciado e com uma filha maior, António gosta do trabalho que faz. "Aqui passa-se bem o tempo, só custa às vezes com os paus mais pesados", revela. E quanto ao facto de ser um homem entre mulheres? "Não há problemas, somos muito amigos", diz acrescentando com um sorriso malandro: "É o Tarzan e as Amazonas".
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Projecto pioneiro no distrito de Aveiro
Este é um projecto pioneiro no distrito de Aveiro, que a autarquia albergariense pôs em prática já a 15 de Junho e que terá a sua conclusão a 15 de Setembro. Durante esse período, os 12 beneficiários do RSI - recrutados do Centro de Formação e Emprego de Águeda (que lhes paga o salário mínimo), através do Programa Ocupacional de Prevenção de Fogos Florestais - ficam incumbidos de fazer a vigilância e limpeza de espaços florestais e de estradões, sobretudo nas freguesias de Vale Maior, Ribeira de Fráguas e Branca. "É uma forma de termos estas pessoas ocupadas, a fazer um trabalho importante para o concelho, e eles sentem-se felizes por isso", sublinha o presidente da câmara, João Agostinho Pereira, acrescentando ainda que o projecto - que conta ainda com a colaboração da Associação Florestal do Baixo Vouga, do Centro Social e Paroquial de Santa Eulália e dos bombeiros locais - está a correr "muito bem".
Quinta-feira, 15 de Julho de 2004
Reportagem de Filipa Gaioso Ribeiro (texto) e Carla Carvalho Tomás (foto)
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Terra a Terra

Semana a semana o microfone da TSF dá voz às gentes e aos sítios que visita. No Terra-a-Terra soltam-se os sons de conversas e reportagens que revelam as maravilhas da paisagem, o património e as histórias e personagens de todos os cantos do país.
Os saberes tradicionais, a gastronomia, o passado e a modernidade tem espaço garantido e em directo num programa de rádio que cruza as histórias do povo que somos.
Terra-a-Terra
Aos Sábados, das 09h10 até às 11h00
Emissão do dia 9/04/2011 directamente da Exploflorestal
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
1982: criação de uma zona industrial
Decreto Regulamentar n.º 19/82, de 10 de Abril
Encontra-se Albergaria-a-Velha num situação privilegiada no que respeita à possibilidade de criação de uma zona industrial, uma vez que se situa no nó de importantes vias rodoviárias (estrada nacional n.º 1, variante à estrada nacional n.º 16, com os respectivos prolongamentos para Vilar Formoso e para o nó de Sobreiro da Auto-Estrada do Norte, em construção).
A existência de vastas zonas sem aptidão agrícola e com óptimas características para a implantação de indústrias (fraca pendente dos terrenos, fácil escoamento de efluentes, proximidade de núcleos urbanos, entre outras) conduziu ao aparecimento desordenado de indústrias de carácter diversificado, que englobam desde a pequena oficina até às unidades de grandes dimensões.
Em face destas pressões, e integrado no reordenamento urbanístico, está a ser elaborado um plano de estrutura da zona industrial, a que se seguirá um plano de pormenor de modo a garantir um aproveitamento racional do terreno disponível e possibilitar a criação de uma rede viária e de infra-estruturas que, com traçados correctos, venha a servir convenientemente toda a zona.
O referido plano prevê 3 fases distintas de execução. Verifica-se, entretanto, que os proprietários dos terrenos abrangidos pelo plano de estrutura da zona industrial estão tentando a destruição, que ameaça ser sistemática, da densa arborização que cobre a zona. Daqui advirão prejuízos incalculáveis para toda a estruturação prevista, uma vez que as zonas de arborização existentes foram classificadas pelo plano de estrutura e proposto o seu aproveitamento para a organização de zonas de protecção e enquadramento dos diversos percursos, áreas desportivas e outros equipamentos que virão a implantar-se no território abrangido pelo plano.
A efectivar-se a destruição das árvores que se anuncia, só dentro de muitos anos se poderá repor o necessário equilíbrio ecológico pela criação de uma flora semelhante, com evidentes prejuízos para a zona industrial projectada e ainda para os aglomerados urbanos entre os quais a mesma se situa - Albergaria-a-Velha e Albergaria-a-Nova.
Há, portanto, necessidade de intervir, com urgência, na área abrangida pelo plano de estrutura da zona industrial de Albergaria-a-Velha, conforme proposta da respectiva câmara municipal, por forma a disciplinar a intervenção dos particulares e evitar os prejuízos apontados.
Nestes termos:
Ao abrigo do disposto no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 794/76 , de 5 de Novembro, o Governo decreta, nos termos da alínea c) do artigo 202.º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º Durante o prazo de 2 anos fica dependente de autorização da Direcção-Geral do Planeamento Urbanístico, sem prejuízo de quaisquer outros condicionamentos legalmente exigidos, a prática, na área definida na planta anexa a este diploma, dos actos ou actividades seguintes:
a) Criação de novos núcleos populacionais;
b) Construção, reconstrução ou ampliação de edifícios ou outras instalações;
c) Instalações de explorações ou ampliação das já existentes;
d) Alterações importantes, por meio de aterros ou escavações à configuração geral do terreno;
e) Derrube de árvores em maciço, com qualquer área superior à fixada;
f) Destruição do solo vivo e do coberto vegetal.
Art. 2.º É aplicável às medidas preventivas aqui previstas o disposto nos artigos 10.º a 13.º do Decreto-Lei n.º 794/76 , de 5 de Novembro.
Francisco José Pereira Pinto Balsemão - José Ângelo Ferreira Correia - José Carlos Pinto Soromenho Viana Baptista.
Promulgado em 24 de Março de 1982.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO RAMALHO EANES.
domingo, 31 de janeiro de 2010
1868: Relatório acerca da Arborização

(...)
Na parte mais alta e accidentada da cordilheira, isto é, ao poente da linha que une S.-Pedro-do-Sul com a aldeia de Gafanhão, é onde a porção inculta d'este tracto tem maior desenvolvimento. As serras de S.-Macario, Arada, Manhouce, as da Freita, de Cambra, do Arestal, etc., que compõem a parte principal d'este massiço montanhoso, são constituidas principalmente de rochas schistosas profundamente metamorphicas e com o aspecto granitoide, ás quaes se associam schistos não metamorphicos e outras rochas paleozoicas. De toda a cordilheira são estas serras as mais desertas de arvoredo e de cultura; só ao descer para S.-Pedro-do-Sul, para a fertil bacia de Arouca e valle do Arda, para os lados da Farrapa, e para o bello valle de Cambra, é que se descobre uma vegetação risonha e uma activa cultura propria da região.
Se exceptuarmos as pequenas manchas de terreno cultivado que circumdam as povoações de Arada, Manhouce, Arões, Junqueira, Albergaria-das-Cabras, etc., todo o solo d'estas serras é coberto de mato rasteiro, ou deixa ver uma penedia escalvada.
Nas cumiadas dá-se por toda a parte o carvalho: o castanheiro e o pinheiro bravo prosperam excellentemente na parte superior das encostas; porém a primeira d'estas essencias é a que parece accommodar-se melhor áquelles sitios onde haja intensos frios causados pela demora, durante alguns mezes, das neves, que só na entrada da primavera deixam inteiramente os cumes das serras.
As serras que indicámps enviam ramificações ou contrafortes para oéste, noroéste e sul, e formam o solo montuoso que o viajante descobre indo de Albergaria-Velha para Manhouce, de Oliveira-d'Azemeis para Arouca, e da Feira para Sobrado. Todas estas montanhas são em gerai incultas e cobertas de mato, nomeadamente a serra do Arestal, a E. de Ossella e do rio Caima: os coutos de Mansôres; o solo monticulado entre Fermedo e o Arda; a serrania que vae da Povoa-de-Pédorido para S.-Pedro-do-Paraizo e para Arouca, etc.
Como de parte d'estes terrenos incultos possuimos informações minuciosas, julgamos conveniente apresental-as, como das mais vezes temos feito.
«Tem ainda este districto (de Aveiro), diz o engenheiro F. A. de Resende Junior, extensas porções de terreno, que a falta de cultivo tem deixado presas da esterilidade. As urzes e tojos roubam ahi muitas forças, que a industria devera aproveitar. Largos tractos aridos e incultos se observam aqui e ali, esperando o esforço que lhes auxilie as forças productoras, trazendo-lhes a fecundidade. Não ha concelho, não ha talvez freguesia rural, onde se não sinta esta necessidade, onde se não palpe esta conveniencia. Mas para a delimitação das charnecas, como a quer estabelecer o paragrapho 5.° das Instrucções, exigindo pelo menos 2.500 hectares de superficie para cada zona, não poderão, nem é intento incluir-se essas frequentes, mas menos extensas porções de terreno. Não as mencionaremos por isso.»
«Existem porém muitas charnecas, que devem ser consideradas pela sua vastidão, e não podendo descrevel-as todas, porque me faltam elementos para a delimitação e medições, citarei a extensa charneca do concelho de Albergaria, limitada ao poente e ao sul pelas povoações de Villa-Nova, Mouquim, Valle-Maior-de-Santo-Antonio, Valle-Maior-da-Igreja, Carvalhal, Ribeira e Talhadella; ao norte e nascente, pelas freguesias de Pecegueiro, Sever e Silva-Escura. Esta porção de terreno é pela maior parte incluida entre o rio Mau e o rio Caima, n'uma zona dirigida segundo a linha N.-S. Poderá ter 3.600 hectares, segundo as informações que sobre este ponto colhi na localidade. A sua arborisação tem sido tentada por alguns particulares, mas tem-a estorvado a obstinada opposição dos povos, a quem a cultura prejudicaria um pouco, roubando-lhes a regalia do uso-fructo dos matos bravios.»
«No mesmo concelho existe uma extensa mata de pinhaes, sobre terreno firme, confinando pelo norte, sul e poente com as freguesias de Alcherubim, S.-João-de-Loure, Frossos, Angeja, Canellas, Fermelã e Branca; e pelo nascente com as freguesias de Valle-Maior, Ribeira-de-Frágoas e Macinhatado-Vouga. Quasi no centro fica-lhe a freguesia de Albergaria. A sua superficie será approximadamente 8.100 hectares, se não falharem grandemente as informações colhidas na localidade; mas inclue-se dentro do perimetro grande porção de terras agricultadas da freguesia de Albergaria.»
(...)
«No concelho de 0liveira-d'Azemeis, em que póde notarse a mata denominada do Côvo, de dominio particular, não faltam terrenos onde a plantação de arvoredo não fosse conveniente e se podesse fazer; como pela cumiada das elevações que separam o valle ao nascente d'aquella villa do de Cambra, a serra denominada do Ponto, etc. Ambos estes dois valles, e sobre tudo o segundo, muito mais extenso, contêem muitas terras agricultadas, e algum arvoredo.»
«No concelho de Cambra é para notar-se o monte do Arestal de uma superficie não inferior talvez a 10.000 hectares/ confinando pelo norte com o logar de Chãs, freguesia da Junqueira, pelo sul com as freguesias de Rocas e Silva-Escura do concelho de Sever; pelo nascente com Arões e com Castellões; ao poente está no caso de se considerar no 3.° grupo, e de ser indicado como uma das elevações mais proprias para a plantação de uma grande floresta. Já ali se encontram alguns carvalhos e bastantes sobreiros, sendo o terreno adequado para o desenvolvimento d'estas especies de arvores.»
«O monte da Anta, no mesmo concelho, que se póde considerar uma continuação do primeiro e com uma superficie quasi egual, é proprio para a mesma vegetação. Confina pelo norte e poente com Capêlos, pelo nascente com o logar de Felgueira-d'Arões, e pelo sul com esta freguesia e a da Junqueira.»
«O do Gallinheiro com uma superficie approximada de metade dos dois antecedentes, porém menos arborisado, está ainda nas mesmas condições. Confína este pelo norte com Quintella, freguesia de Chaves-d'Arouca; pelo sul, com PortoNovo-de-Macieira, com Soutêlo-de-Roge; pelo nascente com Fonte-de-Roge; e pelo poente com Macieira, prolongando-se por este lado pelo monte de Porrinho em eguaes condições, e quasi com a mesma superficie.»
«No mesmo concelho se apresenta para ser aqui notada» uma charneca extensa, medindo a superficie approximada de 5.000 hectares, e que confína pelo nascente e sul com o logar d'Agualva-d'Arões e o rio Teixeira, pelo norte com a serra Castanheira, e poente com Paraduça-d'Arões. É a charneca do Gralheiro. É um tracto que se comprehende no 5.° grupo, e a que ha a attender pelo § 5.° da 1.a instrucção annexa ao decreto de 21 de setembro. Alguns sobreiros, carvalhos, medronheiros e loureiros que a povôam, já são uma prova da propriedade do seu terreno para aquella vegetação.»
«Para o poente dos grandes tractos que temos indicado, o terreno é mais cultivado, menos arido, muito mais povoado, e mal podendo descrever-se não offerece circumstancias para aqui se attenderem.»
«Tenho agora a considerar os terrenos de Sever seguindo a ordem que levo.»
«Uma setima parte talvez da superficie d'este concelho está já arborisada.»
«Pertence ao estabelecimento das minas do Braçal uma mata pequena de pinheiros novos pela margem direita do rio Mau; entre aquelle estabelecimento e a Malhada, e contigua a esta e pela mesma encosta pôr que segue o caminho americano d'aquellas minas ao Vouga, tem a camara de Sever feito uma sementeira em bastante superficie. A mesma camara tem ultimamente animado a iniciativa particular na plantação e aproveitamento de grandes tractos de terreno arido e inculto do mesmo concelho.»
«Um tracto extenso e largo de charneca estende-se entre o rio Mau, confinando pelo poente com o concelho de Albergaria, continuando para o sul até ao Vouga, e seguindo para o norte pela serra de Villa-Nova-dos-Fusos até ás alturas sobre o Braçal, onde vae encontrar terrenos que já descrevemos do concelho de Cambra.»
«As ravinas que a cortam, vertentes do rio Mau, Vouga, ribeiro de Mouquim, estão quasi todas arborisadas, e vêemse n'ellas sobreiros de grande porte, e outras arvores que accusam um terreno proprio para plantação d'aquellas especies de arvoredos.»
«Se n'este concelho principalmente, e no de Albergaria não está hoje arborisada toda ou quasi toda a superflcie de terreno que não vale a pena agricultar-se, ou que o não possa ser, deve attribuir-se tão grande mal a uma pratica condemnavel e a um abuso que muito carece ser reprimido. Refiro-me ás queimadas que por este tempo (mez de outubro) se fazem n'estes concelhos nos matos altos, com o fim de obter e melhorar as pastagens para o gado lanigero que por ali se cria.»
«Não poucas vezes o fogo assim lançado sem cuidado em alguns pontos das gandaras d'estes concelhos com o fim designado, se tem communicado a muitos tractos de pinhaes que tem destruido.»
«Semelhante pratica de que desgraçadamente não se tem aproveitado, nem prohibição, nem instrucções que ao menos a regulem, é talvez o primeiro estorvo a uma arborisação importantissima, que a não ser aquelle, se realisaria sem esforço.»
«No concelho de Albergaria, por um e outro lado da cumiada pouco elevada por que segue a estrada de Coimbra ao Porto, entre a ponte do Vouga e proximidade de Albergaria-a-Nova, encontram-se muitos pinhaes e bastante charneca, mas que não está no caso de considerar-se no 5.° grupo. Quando se sóbe do Vouga áquella cumiada, depara-se com a pequena, mas frondosa mata de Serem, que pertencia a um convento hoje transformado em habitação do proprietario que comprou á fazenda aquella mata.»
A área inculta que este tracto abrange, segundo póde deduzir-se das informações que colhemos, é de 96.000 hectares. Se a esta área juntarmos a das outras partes tambem incultas da região septentrional, teremos um total de 328.000 hectares; e addiccionando a esta área a das regiões sul-occidental e central, obteremos 1:348.000 hectares, que representa na nossa carta a superficie de solo desaproveitado entre os rios Tejo e Douro.
Notaremos ainda, que dos 500.000 hectares de terreno cultivado que se designa nos districtos de Vizeu e da Guarda, ha a deduzir uma boa parte de chão inculto que não está indicado no mappa por falta de esclarecimentos; e tomando em conta tambem, como devendo destinar-se á cultura florestal, os terrenos centeeiros de toda a Beira, que são cultivados com grandes intervallos e não produzem mais de 5 ou 6 sementes, então talvez não nos desviemos da verdade, avaliando em 1:500.000 hectares a área do solo que entre o Tejo e o Douro póde ser arborisado.
(...)
Gestão da Floresta - o papel das associações

Conhecer o trabalho desenvolvido e as apreensões de várias associações de Albergaria-a-Velha foram alguns dos objectivos de uma visita [realizada em Maio de 2008] ao concelho de deputados socialistas, eleitos pelo círculo de Aveiro.
Na Associação Florestal do Baixo Vouga, os deputados ficaram a conhecer um pouco mais do trabalho desenvolvido, ao longo dos quase 10 anos de existência, pelos dirigentes da associação, bem como as principais preocupações.
José António Laranjeira começou por referir aos deputados que a grande política da associação é "juntar os proprietários", uma vez que tal permite "melhorar a produção e o rendimento e, simultaneamente, criar uma defesa das pragas". Além disso, unidos, os proprietários, "numa zona onde o eucalipto é rei", conseguem "ter mais força junto das entidades competentes", bem como junto dos compradores, de forma a existir um equilíbrio "entre quem compra e quem vende".
Com uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF) a ser estudada na zona sul do concelho, o presidente da Associação Florestal do Baixo Vouga lembrou que houve uma aposta na concentração de produção, à semelhança do sucede no Alentejo, e que essa concentração "já tem vindo a dar resultados".
Contudo, existem alguns entraves para desenvolver o trabalho que pretendem. Como tal, foi aproveitada a visita de ontem para lembrar que "o cadastro predial deveria ser a base da estratégia para o sector" e que a o sector da legislação florestal deveria ser "reformulada". Esta alteração permitiria, na opinião de José António Laranjeira, "simplificar processos num sector muito importante para o país", e onde a prevenção "é a primeira forma de combater os fogos florestais".
Rute Melo / As Beiras, 20/05/2008
António Guimarães assumiu, ontem, a liderança da Associação Florestal do Baixo Vouga. Solução de continuidade pela experiência em anteriores direcções. Vai substituir José António Laranjeira numa estrutura que procura mobilizar os proprietários florestais da Região, procurando unir esforços no sentido do desenvolvimento sustentado.
António Guimarães espera dar continuidade ao projecto: “Quando as coisas estão a andar bem, creio que não há necessidade de se fazerem grandes mudanças. Naturalmente que tivemos a preocupação de encontrar «sangue novo», o que nos parece extremamente importante. Acredito na evolução da continuidade. Temos preocupação, temos alguns projectos arrojados e, nessa medida, exige-se muita disponibilidade, muito profissionalismo dos técnicos e estamos, também, à espera da adesão maciça dos produtores/ proprietários florestais. Sem eles não se justifica o associativismo”.
Rádio Terranova, 28/01/2010
Associação para a Certificação Florestal do Baixo Vouga
No dia 24 de Setembro [de 2009], no Salão Nobre dos Paços do Município de Albergaria-a-Velha, tomaram posse os órgãos sociais da Associação para a Certificação Florestal do Baixo Vouga – triénio 2009-2011. Esta nova entidade pretende promover a correcta gestão da floresta e o desenvolvimento sustentável, garantindo, assim, a qualidade dos bens e serviços produzidos no sector.
A ACF Baixo Vouga é constituída por diversos organismos que, em parceria, esperam desenvolver um trabalho profícuo em defesa da floresta da região. Nos órgãos sociais para o presente triénio fazem parte representantes da FORESTIS – Associação Florestal de Portugal, da FENAFLORESTA – Federação Portuguesa das Cooperativas de Produtores Florestais, da QUERCUS, da Associação Florestal do Baixo Vouga, da CIRA – Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, da Associação Industrial do Distrito de Aveiro e da AGUA TRIANGULAR – Associação de Ambientalistas da Bacia Hidrográfica do Vouga.
A certificação florestal representa um sistema voluntário de promoção da gestão florestal que atesta que a matéria-prima é proveniente de uma exploração que cumpre as boas práticas reconhecidas por entidades qualificadas e acreditadas. Para José António Laranjeira, Presidente da Direcção da Associação Florestal do Baixo Vouga, há que desenvolver um trabalho de proximidade para fomentar a qualidade não só dos produtos, mas também dos processos de produção. Já Francisco Carvalho Guerra, Presidente da Direcção da FORESTIS, defendeu que “vale a pena dar as mãos”, por uma das nossas maiores riquezas nacionais: a floresta!
CMA, 25/09/2009
AFBAIXOVOUGA - Associação Florestal do Baixo Vouga
Centro Coordenador de Transportes
3850-022 Albergaria-a-Velha
Telefone: 234 524 056
Fax: 234 524 056
E-mail: geral@afbaixovouga.pt
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Anefa - Entrevista a José Ricardo Bismarck

Qual a área florestal e população que a corporação tem a “seu cargo” e com quantos efectivos contam?
José Ricardo Bismarck - O concelho de Albergaria-a-Velha tem 15.300 ha. Sendo que 80% é área florestal, com predominância quase absoluta de eucalipto. Temos uma população de 25.000 habitantes.
No Corpo de Bombeiros, contamos com 20 elementos profissionais e 120 voluntários. O piquete de fogo é diariamente constituído por 5 bombeiros, profissionais no horário normal semanal e voluntários nos outros horários.
Na fase Bravo e Charlie, existem 5 e 7 bombeiros para intervirem nos incêndios florestais.
Há muitos “obstáculos” na vossa actividade?
J.R.B. - As dificuldades gerais são estruturais e de entrosamento entre as diversas entidades que têm responsabilidades no combate aos incêndios florestais.
Nas dificuldades estruturais, saliento a falta de apoio do Estado ao voluntariado e o excesso de exigências, algumas delas burocráticas; Limitação da idade para a entrada nos bombeiros aos 35 anos; ausência de um quadro auxiliar de especialistas (Engenheiros florestais, civis, químicos. Médicos, enfermeiros, psicólogos. Mecânicos, motoristas, socorristas).
Por outro lado, no terreno, existem diversas entidades que assumem o combate inicial aos incêndios florestais, como especialistas em 1ª intervenção (conforme a legislação em vigor), mas na prática, o ónus do combate está nos bombeiros. É muito mais fácil ter taxas de eficiência no combate a fogachos, torna-se mais difícil em incêndios com mais de 10 ha, ainda mais com 100 ou 1000 ha. Diz um ditado popular que “quem come a carne, que roa os ossos”.
Não se pode continuar a passar a mensagem para a população, que uns são rápidos e bem treinados e que os outros não têm formação adequada (quando esta é a mesma e ministrada na mesma instituição).
Que mecanismos e meios têm à disposição para prevenção e combate e qual a vossa capacidade de resposta?
J.R.B. - Durante a fase bravo 1 ECIN 5 bombeiros (Equipa de Combate a Incêndios Florestais). Na fase Charlie 1 ECIN e 1 ELAC 5+2 bombeiros (Equipa Logística de Apoio ao Combate). 2 Grupos GIPS-GNR terrestres 2 helicópteros com brigada de 5 soldados. 1 Equipa de Sapadores Florestais. A capacidade de resposta é boa e rápida, permitindo que no Concelho não haja nenhum incêndio com mais de 10 ha desde 2005.
Quais as principais dificuldades encontradas no terreno?
J.R.B. - A falta de ordenamento florestal será o maior problema, reflectindo-se na falta de acessos, limpeza. Por outro lado, como estamos numa zona de monocultura do eucalipto, não existe descontinuidade florestal, o que aumenta significativamente o risco de um incêndio consumir uma parte importante da floresta. Este fenómeno, em Albergaria-a-Velha, ocorre sensivelmente cada dez anos.
O que pode a população fazer para ajudar ao vosso trabalho?
J.R.B. - A população é parte integrante do problema e da solução. Em primeiro lugar, limpar as zonas envolventes das suas habitações, criando uma faixa de descontinuidade mínima de 50 metros, permitindo que os incêndios florestais junto de povoações, não envolvam riscos urbanos. Assim, os bombeiros concentram-se unicamente no combate ao incêndio florestal.
Seguirem as instruções emanadas quer pelos bombeiros, quer pelas outras entidades; Não fazer queima de sobrantes durante a época proibida; não lançar foguetes; cumprir com as ordens de evacuação, etc.
Considera que as empresas locais que executam trabalhos florestais deviam ter um papel activo na prevenção e combate aos incêndios?
J.R.B. - Claro que sim. As empresas florestais são as primeiras interessadas em que não existam incêndios na floresta. Vivem da floresta, para a floresta e da floresta. Com a situação actual, só acumulam prejuízos.
A solução passa por fazerem plantações ordenadas e com um plano de DFCI (Defesa da Floresta Contra Incêndios).
Penso que uma das soluções para o futuro, será a constituição de ZIF’s (Zonas de Intervenção Florestal), visto haver a necessidade de emparcelar, para aumentar a dimensão de cada zona a intervencionar.
quarta-feira, 25 de março de 2009
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Monte do Socorro
Delineiam-se parques, traçam-se escadarias monumentais, indicam-se lagos, etc. O que não existe é dinheiro que baste para qualquer dessas obras.
Cremos que cumpre, primeiro que tudo, explorar as águas abundantes em ponto acessível e que poderia ser fixado por um vedor de confiança. Isso é essencial, tal como as boas estradas.
Lembra-nos, a propósito, que fomos, há dias, ao Monte do Socorro, com vários amigos, que nos haviam informado de que encontraríamos lá o que ainda não conhecíamos. Ao regressarmos e a poucos metros já da via férrea que atravessa a Avenida, passou velozmente a automotora em demanda de Espinho e que nem nos saudou com o menor aviso, ou um mero cumprimento.
Confiamos em que a protecção da Virgem do Socorro não falte aos crentes para os livrarem dos apuros dum grave desastre. São os nossos sinceros votos.
Regressando ao futuro.
Entendemos necessário e urgente que se reserve um largo espaço para parque de estacionamento das centenas de veículos que ali afluem. O terreno deve ser vasto e terraplanado.
Não ocultamos a nossa aversão ao eucalipto para arborização definitiva do monte. Árvore para proveito e boa receita, mas com vários inconvenientes. O primeiro denuncia-se já por interceptar a vista do extraordinário panorama que é a melhor recomendação do local. Acresce que é uma árvore feia e que é uma esponja para o terreno onde as raízes se infiltram. Com elas a água desaparece. Há que tosar já os que prejudicam a vista do largo horizonte, bem como os do fim da Avenida, que ocultam a capela aos que por ali transitam.
Indubitavelmente há muita coisa a fazer não só para comodidade atraente dos romeiros, mas para os forasteiros e para a população da vila, que há-de sentir orgulho em recomendar aos seus amigos uma visita ao Bico do Monte, que tantos nos invejam e cobiçam e que nós temos quasi desprezado.
Há-de construir-se o Santuário, pouco depois de se descobrir um manancial de água e da conveniente reparação ds vias de comunicação. Para isso é necessário criar uma robusta fé na Senhora do Socorro e levar essa fé a todas as almas, de modo a encararem a sério o alto valor que representa para a nossa terra o aformoseamento do Monte do Socorro.
Façamos intensa propaganda lá fora e cá dentro; - digamos, como o poeta Correia de Oliveira, que é ali um sanatório e imaginemos que vemos já lá um Hotel de Turismo. Por enquanto é imaginário, mas, mais cedo do que se julga, veremos elevarem-se ali as suas linhas arquitectónicas.
Não olhemos para o passado; - encaremos de frente o futuro, que pertence só aqueles que trabalham, dominados por grande força de vontade e impelidos por um forte entusiasmo pela grandeza de Albergaria.
1 O texto apresentado foi transcrito de uma brochura datada de Agosto de 1950 e assinado por A. de P. [Dr. António de Pinho]