RELATÓRIO ÁCERCA DA ARBORISAÇÃO GERAL DO PAIZ - 1868
(...)
Na parte mais alta e accidentada da cordilheira, isto é, ao poente da linha que une S.-Pedro-do-Sul com a aldeia de Gafanhão, é onde a porção inculta d'este tracto tem maior desenvolvimento. As serras de S.-Macario, Arada, Manhouce, as da Freita, de Cambra, do Arestal, etc., que compõem a parte principal d'este massiço montanhoso, são constituidas principalmente de rochas schistosas profundamente metamorphicas e com o aspecto granitoide, ás quaes se associam schistos não metamorphicos e outras rochas paleozoicas. De toda a cordilheira são estas serras as mais desertas de arvoredo e de cultura; só ao descer para S.-Pedro-do-Sul, para a fertil bacia de Arouca e valle do Arda, para os lados da Farrapa, e para o bello valle de Cambra, é que se descobre uma vegetação risonha e uma activa cultura propria da região.
Se exceptuarmos as pequenas manchas de terreno cultivado que circumdam as povoações de Arada, Manhouce, Arões, Junqueira, Albergaria-das-Cabras, etc., todo o solo d'estas serras é coberto de mato rasteiro, ou deixa ver uma penedia escalvada.
Nas cumiadas dá-se por toda a parte o carvalho: o castanheiro e o pinheiro bravo prosperam excellentemente na parte superior das encostas; porém a primeira d'estas essencias é a que parece accommodar-se melhor áquelles sitios onde haja intensos frios causados pela demora, durante alguns mezes, das neves, que só na entrada da primavera deixam inteiramente os cumes das serras.
As serras que indicámps enviam ramificações ou contrafortes para oéste, noroéste e sul, e formam o solo montuoso que o viajante descobre indo de Albergaria-Velha para Manhouce, de Oliveira-d'Azemeis para Arouca, e da Feira para Sobrado. Todas estas montanhas são em gerai incultas e cobertas de mato, nomeadamente a serra do Arestal, a E. de Ossella e do rio Caima: os coutos de Mansôres; o solo monticulado entre Fermedo e o Arda; a serrania que vae da Povoa-de-Pédorido para S.-Pedro-do-Paraizo e para Arouca, etc.
Como de parte d'estes terrenos incultos possuimos informações minuciosas, julgamos conveniente apresental-as, como das mais vezes temos feito.
«Tem ainda este districto (de Aveiro), diz o engenheiro F. A. de Resende Junior, extensas porções de terreno, que a falta de cultivo tem deixado presas da esterilidade. As urzes e tojos roubam ahi muitas forças, que a industria devera aproveitar. Largos tractos aridos e incultos se observam aqui e ali, esperando o esforço que lhes auxilie as forças productoras, trazendo-lhes a fecundidade. Não ha concelho, não ha talvez freguesia rural, onde se não sinta esta necessidade, onde se não palpe esta conveniencia. Mas para a delimitação das charnecas, como a quer estabelecer o paragrapho 5.° das Instrucções, exigindo pelo menos 2.500 hectares de superficie para cada zona, não poderão, nem é intento incluir-se essas frequentes, mas menos extensas porções de terreno. Não as mencionaremos por isso.»
«Existem porém muitas charnecas, que devem ser consideradas pela sua vastidão, e não podendo descrevel-as todas, porque me faltam elementos para a delimitação e medições, citarei a extensa charneca do concelho de Albergaria, limitada ao poente e ao sul pelas povoações de Villa-Nova, Mouquim, Valle-Maior-de-Santo-Antonio, Valle-Maior-da-Igreja, Carvalhal, Ribeira e Talhadella; ao norte e nascente, pelas freguesias de Pecegueiro, Sever e Silva-Escura. Esta porção de terreno é pela maior parte incluida entre o rio Mau e o rio Caima, n'uma zona dirigida segundo a linha N.-S. Poderá ter 3.600 hectares, segundo as informações que sobre este ponto colhi na localidade. A sua arborisação tem sido tentada por alguns particulares, mas tem-a estorvado a obstinada opposição dos povos, a quem a cultura prejudicaria um pouco, roubando-lhes a regalia do uso-fructo dos matos bravios.»
«No mesmo concelho existe uma extensa mata de pinhaes, sobre terreno firme, confinando pelo norte, sul e poente com as freguesias de Alcherubim, S.-João-de-Loure, Frossos, Angeja, Canellas, Fermelã e Branca; e pelo nascente com as freguesias de Valle-Maior, Ribeira-de-Frágoas e Macinhatado-Vouga. Quasi no centro fica-lhe a freguesia de Albergaria. A sua superficie será approximadamente 8.100 hectares, se não falharem grandemente as informações colhidas na localidade; mas inclue-se dentro do perimetro grande porção de terras agricultadas da freguesia de Albergaria.»
(...)
«No concelho de 0liveira-d'Azemeis, em que póde notarse a mata denominada do Côvo, de dominio particular, não faltam terrenos onde a plantação de arvoredo não fosse conveniente e se podesse fazer; como pela cumiada das elevações que separam o valle ao nascente d'aquella villa do de Cambra, a serra denominada do Ponto, etc. Ambos estes dois valles, e sobre tudo o segundo, muito mais extenso, contêem muitas terras agricultadas, e algum arvoredo.»
«No concelho de Cambra é para notar-se o monte do Arestal de uma superficie não inferior talvez a 10.000 hectares/ confinando pelo norte com o logar de Chãs, freguesia da Junqueira, pelo sul com as freguesias de Rocas e Silva-Escura do concelho de Sever; pelo nascente com Arões e com Castellões; ao poente está no caso de se considerar no 3.° grupo, e de ser indicado como uma das elevações mais proprias para a plantação de uma grande floresta. Já ali se encontram alguns carvalhos e bastantes sobreiros, sendo o terreno adequado para o desenvolvimento d'estas especies de arvores.»
«O monte da Anta, no mesmo concelho, que se póde considerar uma continuação do primeiro e com uma superficie quasi egual, é proprio para a mesma vegetação. Confina pelo norte e poente com Capêlos, pelo nascente com o logar de Felgueira-d'Arões, e pelo sul com esta freguesia e a da Junqueira.»
«O do Gallinheiro com uma superficie approximada de metade dos dois antecedentes, porém menos arborisado, está ainda nas mesmas condições. Confína este pelo norte com Quintella, freguesia de Chaves-d'Arouca; pelo sul, com PortoNovo-de-Macieira, com Soutêlo-de-Roge; pelo nascente com Fonte-de-Roge; e pelo poente com Macieira, prolongando-se por este lado pelo monte de Porrinho em eguaes condições, e quasi com a mesma superficie.»
«No mesmo concelho se apresenta para ser aqui notada» uma charneca extensa, medindo a superficie approximada de 5.000 hectares, e que confína pelo nascente e sul com o logar d'Agualva-d'Arões e o rio Teixeira, pelo norte com a serra Castanheira, e poente com Paraduça-d'Arões. É a charneca do Gralheiro. É um tracto que se comprehende no 5.° grupo, e a que ha a attender pelo § 5.° da 1.a instrucção annexa ao decreto de 21 de setembro. Alguns sobreiros, carvalhos, medronheiros e loureiros que a povôam, já são uma prova da propriedade do seu terreno para aquella vegetação.»
«Para o poente dos grandes tractos que temos indicado, o terreno é mais cultivado, menos arido, muito mais povoado, e mal podendo descrever-se não offerece circumstancias para aqui se attenderem.»
«Tenho agora a considerar os terrenos de Sever seguindo a ordem que levo.»
«Uma setima parte talvez da superficie d'este concelho está já arborisada.»
«Pertence ao estabelecimento das minas do Braçal uma mata pequena de pinheiros novos pela margem direita do rio Mau; entre aquelle estabelecimento e a Malhada, e contigua a esta e pela mesma encosta pôr que segue o caminho americano d'aquellas minas ao Vouga, tem a camara de Sever feito uma sementeira em bastante superficie. A mesma camara tem ultimamente animado a iniciativa particular na plantação e aproveitamento de grandes tractos de terreno arido e inculto do mesmo concelho.»
«Um tracto extenso e largo de charneca estende-se entre o rio Mau, confinando pelo poente com o concelho de Albergaria, continuando para o sul até ao Vouga, e seguindo para o norte pela serra de Villa-Nova-dos-Fusos até ás alturas sobre o Braçal, onde vae encontrar terrenos que já descrevemos do concelho de Cambra.»
«As ravinas que a cortam, vertentes do rio Mau, Vouga, ribeiro de Mouquim, estão quasi todas arborisadas, e vêemse n'ellas sobreiros de grande porte, e outras arvores que accusam um terreno proprio para plantação d'aquellas especies de arvoredos.»
«Se n'este concelho principalmente, e no de Albergaria não está hoje arborisada toda ou quasi toda a superflcie de terreno que não vale a pena agricultar-se, ou que o não possa ser, deve attribuir-se tão grande mal a uma pratica condemnavel e a um abuso que muito carece ser reprimido. Refiro-me ás queimadas que por este tempo (mez de outubro) se fazem n'estes concelhos nos matos altos, com o fim de obter e melhorar as pastagens para o gado lanigero que por ali se cria.»
«Não poucas vezes o fogo assim lançado sem cuidado em alguns pontos das gandaras d'estes concelhos com o fim designado, se tem communicado a muitos tractos de pinhaes que tem destruido.»
«Semelhante pratica de que desgraçadamente não se tem aproveitado, nem prohibição, nem instrucções que ao menos a regulem, é talvez o primeiro estorvo a uma arborisação importantissima, que a não ser aquelle, se realisaria sem esforço.»
«No concelho de Albergaria, por um e outro lado da cumiada pouco elevada por que segue a estrada de Coimbra ao Porto, entre a ponte do Vouga e proximidade de Albergaria-a-Nova, encontram-se muitos pinhaes e bastante charneca, mas que não está no caso de considerar-se no 5.° grupo. Quando se sóbe do Vouga áquella cumiada, depara-se com a pequena, mas frondosa mata de Serem, que pertencia a um convento hoje transformado em habitação do proprietario que comprou á fazenda aquella mata.»
A área inculta que este tracto abrange, segundo póde deduzir-se das informações que colhemos, é de 96.000 hectares. Se a esta área juntarmos a das outras partes tambem incultas da região septentrional, teremos um total de 328.000 hectares; e addiccionando a esta área a das regiões sul-occidental e central, obteremos 1:348.000 hectares, que representa na nossa carta a superficie de solo desaproveitado entre os rios Tejo e Douro.
Notaremos ainda, que dos 500.000 hectares de terreno cultivado que se designa nos districtos de Vizeu e da Guarda, ha a deduzir uma boa parte de chão inculto que não está indicado no mappa por falta de esclarecimentos; e tomando em conta tambem, como devendo destinar-se á cultura florestal, os terrenos centeeiros de toda a Beira, que são cultivados com grandes intervallos e não produzem mais de 5 ou 6 sementes, então talvez não nos desviemos da verdade, avaliando em 1:500.000 hectares a área do solo que entre o Tejo e o Douro póde ser arborisado.
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Na parte mais alta e accidentada da cordilheira, isto é, ao poente da linha que une S.-Pedro-do-Sul com a aldeia de Gafanhão, é onde a porção inculta d'este tracto tem maior desenvolvimento. As serras de S.-Macario, Arada, Manhouce, as da Freita, de Cambra, do Arestal, etc., que compõem a parte principal d'este massiço montanhoso, são constituidas principalmente de rochas schistosas profundamente metamorphicas e com o aspecto granitoide, ás quaes se associam schistos não metamorphicos e outras rochas paleozoicas. De toda a cordilheira são estas serras as mais desertas de arvoredo e de cultura; só ao descer para S.-Pedro-do-Sul, para a fertil bacia de Arouca e valle do Arda, para os lados da Farrapa, e para o bello valle de Cambra, é que se descobre uma vegetação risonha e uma activa cultura propria da região.
Se exceptuarmos as pequenas manchas de terreno cultivado que circumdam as povoações de Arada, Manhouce, Arões, Junqueira, Albergaria-das-Cabras, etc., todo o solo d'estas serras é coberto de mato rasteiro, ou deixa ver uma penedia escalvada.
Nas cumiadas dá-se por toda a parte o carvalho: o castanheiro e o pinheiro bravo prosperam excellentemente na parte superior das encostas; porém a primeira d'estas essencias é a que parece accommodar-se melhor áquelles sitios onde haja intensos frios causados pela demora, durante alguns mezes, das neves, que só na entrada da primavera deixam inteiramente os cumes das serras.
As serras que indicámps enviam ramificações ou contrafortes para oéste, noroéste e sul, e formam o solo montuoso que o viajante descobre indo de Albergaria-Velha para Manhouce, de Oliveira-d'Azemeis para Arouca, e da Feira para Sobrado. Todas estas montanhas são em gerai incultas e cobertas de mato, nomeadamente a serra do Arestal, a E. de Ossella e do rio Caima: os coutos de Mansôres; o solo monticulado entre Fermedo e o Arda; a serrania que vae da Povoa-de-Pédorido para S.-Pedro-do-Paraizo e para Arouca, etc.
Como de parte d'estes terrenos incultos possuimos informações minuciosas, julgamos conveniente apresental-as, como das mais vezes temos feito.
«Tem ainda este districto (de Aveiro), diz o engenheiro F. A. de Resende Junior, extensas porções de terreno, que a falta de cultivo tem deixado presas da esterilidade. As urzes e tojos roubam ahi muitas forças, que a industria devera aproveitar. Largos tractos aridos e incultos se observam aqui e ali, esperando o esforço que lhes auxilie as forças productoras, trazendo-lhes a fecundidade. Não ha concelho, não ha talvez freguesia rural, onde se não sinta esta necessidade, onde se não palpe esta conveniencia. Mas para a delimitação das charnecas, como a quer estabelecer o paragrapho 5.° das Instrucções, exigindo pelo menos 2.500 hectares de superficie para cada zona, não poderão, nem é intento incluir-se essas frequentes, mas menos extensas porções de terreno. Não as mencionaremos por isso.»
«Existem porém muitas charnecas, que devem ser consideradas pela sua vastidão, e não podendo descrevel-as todas, porque me faltam elementos para a delimitação e medições, citarei a extensa charneca do concelho de Albergaria, limitada ao poente e ao sul pelas povoações de Villa-Nova, Mouquim, Valle-Maior-de-Santo-Antonio, Valle-Maior-da-Igreja, Carvalhal, Ribeira e Talhadella; ao norte e nascente, pelas freguesias de Pecegueiro, Sever e Silva-Escura. Esta porção de terreno é pela maior parte incluida entre o rio Mau e o rio Caima, n'uma zona dirigida segundo a linha N.-S. Poderá ter 3.600 hectares, segundo as informações que sobre este ponto colhi na localidade. A sua arborisação tem sido tentada por alguns particulares, mas tem-a estorvado a obstinada opposição dos povos, a quem a cultura prejudicaria um pouco, roubando-lhes a regalia do uso-fructo dos matos bravios.»
«No mesmo concelho existe uma extensa mata de pinhaes, sobre terreno firme, confinando pelo norte, sul e poente com as freguesias de Alcherubim, S.-João-de-Loure, Frossos, Angeja, Canellas, Fermelã e Branca; e pelo nascente com as freguesias de Valle-Maior, Ribeira-de-Frágoas e Macinhatado-Vouga. Quasi no centro fica-lhe a freguesia de Albergaria. A sua superficie será approximadamente 8.100 hectares, se não falharem grandemente as informações colhidas na localidade; mas inclue-se dentro do perimetro grande porção de terras agricultadas da freguesia de Albergaria.»
(...)
«No concelho de 0liveira-d'Azemeis, em que póde notarse a mata denominada do Côvo, de dominio particular, não faltam terrenos onde a plantação de arvoredo não fosse conveniente e se podesse fazer; como pela cumiada das elevações que separam o valle ao nascente d'aquella villa do de Cambra, a serra denominada do Ponto, etc. Ambos estes dois valles, e sobre tudo o segundo, muito mais extenso, contêem muitas terras agricultadas, e algum arvoredo.»
«No concelho de Cambra é para notar-se o monte do Arestal de uma superficie não inferior talvez a 10.000 hectares/ confinando pelo norte com o logar de Chãs, freguesia da Junqueira, pelo sul com as freguesias de Rocas e Silva-Escura do concelho de Sever; pelo nascente com Arões e com Castellões; ao poente está no caso de se considerar no 3.° grupo, e de ser indicado como uma das elevações mais proprias para a plantação de uma grande floresta. Já ali se encontram alguns carvalhos e bastantes sobreiros, sendo o terreno adequado para o desenvolvimento d'estas especies de arvores.»
«O monte da Anta, no mesmo concelho, que se póde considerar uma continuação do primeiro e com uma superficie quasi egual, é proprio para a mesma vegetação. Confina pelo norte e poente com Capêlos, pelo nascente com o logar de Felgueira-d'Arões, e pelo sul com esta freguesia e a da Junqueira.»
«O do Gallinheiro com uma superficie approximada de metade dos dois antecedentes, porém menos arborisado, está ainda nas mesmas condições. Confína este pelo norte com Quintella, freguesia de Chaves-d'Arouca; pelo sul, com PortoNovo-de-Macieira, com Soutêlo-de-Roge; pelo nascente com Fonte-de-Roge; e pelo poente com Macieira, prolongando-se por este lado pelo monte de Porrinho em eguaes condições, e quasi com a mesma superficie.»
«No mesmo concelho se apresenta para ser aqui notada» uma charneca extensa, medindo a superficie approximada de 5.000 hectares, e que confína pelo nascente e sul com o logar d'Agualva-d'Arões e o rio Teixeira, pelo norte com a serra Castanheira, e poente com Paraduça-d'Arões. É a charneca do Gralheiro. É um tracto que se comprehende no 5.° grupo, e a que ha a attender pelo § 5.° da 1.a instrucção annexa ao decreto de 21 de setembro. Alguns sobreiros, carvalhos, medronheiros e loureiros que a povôam, já são uma prova da propriedade do seu terreno para aquella vegetação.»
«Para o poente dos grandes tractos que temos indicado, o terreno é mais cultivado, menos arido, muito mais povoado, e mal podendo descrever-se não offerece circumstancias para aqui se attenderem.»
«Tenho agora a considerar os terrenos de Sever seguindo a ordem que levo.»
«Uma setima parte talvez da superficie d'este concelho está já arborisada.»
«Pertence ao estabelecimento das minas do Braçal uma mata pequena de pinheiros novos pela margem direita do rio Mau; entre aquelle estabelecimento e a Malhada, e contigua a esta e pela mesma encosta pôr que segue o caminho americano d'aquellas minas ao Vouga, tem a camara de Sever feito uma sementeira em bastante superficie. A mesma camara tem ultimamente animado a iniciativa particular na plantação e aproveitamento de grandes tractos de terreno arido e inculto do mesmo concelho.»
«Um tracto extenso e largo de charneca estende-se entre o rio Mau, confinando pelo poente com o concelho de Albergaria, continuando para o sul até ao Vouga, e seguindo para o norte pela serra de Villa-Nova-dos-Fusos até ás alturas sobre o Braçal, onde vae encontrar terrenos que já descrevemos do concelho de Cambra.»
«As ravinas que a cortam, vertentes do rio Mau, Vouga, ribeiro de Mouquim, estão quasi todas arborisadas, e vêemse n'ellas sobreiros de grande porte, e outras arvores que accusam um terreno proprio para plantação d'aquellas especies de arvoredos.»
«Se n'este concelho principalmente, e no de Albergaria não está hoje arborisada toda ou quasi toda a superflcie de terreno que não vale a pena agricultar-se, ou que o não possa ser, deve attribuir-se tão grande mal a uma pratica condemnavel e a um abuso que muito carece ser reprimido. Refiro-me ás queimadas que por este tempo (mez de outubro) se fazem n'estes concelhos nos matos altos, com o fim de obter e melhorar as pastagens para o gado lanigero que por ali se cria.»
«Não poucas vezes o fogo assim lançado sem cuidado em alguns pontos das gandaras d'estes concelhos com o fim designado, se tem communicado a muitos tractos de pinhaes que tem destruido.»
«Semelhante pratica de que desgraçadamente não se tem aproveitado, nem prohibição, nem instrucções que ao menos a regulem, é talvez o primeiro estorvo a uma arborisação importantissima, que a não ser aquelle, se realisaria sem esforço.»
«No concelho de Albergaria, por um e outro lado da cumiada pouco elevada por que segue a estrada de Coimbra ao Porto, entre a ponte do Vouga e proximidade de Albergaria-a-Nova, encontram-se muitos pinhaes e bastante charneca, mas que não está no caso de considerar-se no 5.° grupo. Quando se sóbe do Vouga áquella cumiada, depara-se com a pequena, mas frondosa mata de Serem, que pertencia a um convento hoje transformado em habitação do proprietario que comprou á fazenda aquella mata.»
A área inculta que este tracto abrange, segundo póde deduzir-se das informações que colhemos, é de 96.000 hectares. Se a esta área juntarmos a das outras partes tambem incultas da região septentrional, teremos um total de 328.000 hectares; e addiccionando a esta área a das regiões sul-occidental e central, obteremos 1:348.000 hectares, que representa na nossa carta a superficie de solo desaproveitado entre os rios Tejo e Douro.
Notaremos ainda, que dos 500.000 hectares de terreno cultivado que se designa nos districtos de Vizeu e da Guarda, ha a deduzir uma boa parte de chão inculto que não está indicado no mappa por falta de esclarecimentos; e tomando em conta tambem, como devendo destinar-se á cultura florestal, os terrenos centeeiros de toda a Beira, que são cultivados com grandes intervallos e não produzem mais de 5 ou 6 sementes, então talvez não nos desviemos da verdade, avaliando em 1:500.000 hectares a área do solo que entre o Tejo e o Douro póde ser arborisado.
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