quarta-feira, 20 de julho de 2011

Recriação do julgamento dos primeiros presos


Homicídio, furto, vadiagem e actos contranatura… Estes são os crimes apresentados perante o juiz na mais recente actividade do Serviço de Aprendizagem Criativa (SAC), “Socorro, não quero ir preso!”. Aproveitando o facto do edifício do Arquivo Municipal ter sido, inicialmente, uma cadeia, a equipa do SAC desenvolveu uma acção em que se recria o julgamento dos primeiros presos de 1906, mencionado num jornal de época que faz parte do fundo documental.

A estreia decorreu com os participantes do “Campo de Férias 2011”, durante a primeira quinzena de Julho, e os jovens demonstraram vestir bem os papéis de réu e de advogado de acusação.

Na sala polivalente, os jovens, com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, foram divididos em duas equipas – a de acusação e a de defesa – sendo depois separados em divisões diferentes, para que pudessem preparar os seus argumentos. A cada um dos grupos foi, somente, revelado os crimes, pelo que os jovens tiveram que criar uma narrativa que pudesse convencer o juiz. No caso da acusação, os participantes tiveram que criar o cenário do crime, com a indicação do local, tipo de arma e alvo. No caso da defesa, tiveram que pensar em todas as formas possíveis de se livrarem da acusação, e que podia passar pela alegação de insanidade mental, a existência de um sósia ou o desespero total.

Na improvisada sala de audiências, cada equipa escolheu os seus representantes, que foram devidamente caracterizados para representarem melhor os seus papéis: uma toga, para o advogado de acusação, e roupas velhas e algemas para o réu (para o caso de ele tentar fugir!). A partir daqui, começou a verdadeira “guerra de palavras” com o advogado de acusação e o réu a digladiarem-se para convencer o juiz. Todos os argumentos eram válidos, desde que respeitassem a época em questão, ou seja, nada de fugas em carros velozes, contactos via telemóvel ou uso de G3 como arma, coisas inexistentes no início do século XX!

No final, o juiz decidiu quem era condenado e quem era absolvido, ganhando a equipa que tivesse mais condenações (no caso da acusação) ou mais absolvições (no caso da defesa).

O balanço das primeiras sessões desta nova actividade do Serviço de Aprendizagem Criativa foi francamente positivo, tendo os jovens entrado, facilmente, no espírito do julgamento fictício. Entre gritos de vitória e alguns amuos, os participantes aprenderam a argumentar com clareza, usando a sua imaginação, sem esquecer o contexto histórico.

A actividade “Socorro, não quero ir preso!” está agora disponível para escolas e outros grupos de jovens, não só do Município, mas também da região, bastando fazer a marcação junto dos Serviços do Arquivo Municipal, que confirmará as datas possíveis.

CMA

imagem: antiga cadeia municipal, actual arquivo (pormenor de postal de 1908 publicado no Boletim Albergaria em Revista nº 26 de Janeiro de 2009)

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