1 - Tínhamos uma água - a da Fonte da Telha - a que atribuiam virtudes excepcionais, atinentes ao desenvolvimento populacional da vila. Era corrente a convicção de que, quem bebesse três vezes dessa água, nunca mais daqui saía. E por vezes sucedia que, se um adventício procurava atraír a si, para um feliz consórcio, uma rapariga que se fazia esquiva, recorria à água da Fonte da Telha, bebendo à farta, até conseguir o seu objectivo.
2 - É antiga a tradição de que o S. Gonçalo do Sobreiro extraía, sem dor, os cravos, fosse qual fosse a parte do corpo onde apareciam essas verugas, incómodas e feias. Para isso bastava oferecer ao Santo duas telhas furtadas ou um ramo de cravos. Lembramo-nos de alguém que atribuia ao S. Gonçalo a extinção dos seus cravos mediante a oferta das telhas, e nessa ideia persistia, apesar de, como referia, ter andado, dias antes, a aplicar certo ácido por indicação médica. Se se alterasse a ordem dos factores, a fé nas telhas havia de permanecer. A telha virtuosa era canelada, chamada mourisca, fabricada nos antigos fornos de Paus, que desapareceram pela concorrência da telha francesa.
3 - No lugar de S. Marcos existe uma capela dedicada ao santo do mesmo nome, festejado de vez em quando pelos moradores do lugar. A imagem do santo - S. Mamede - é de madeira, já raspada em várias partes para acudir às dezenas de mulheres grávidas, ou paridas de pouco, que recorriam àquelas raspaduras para uma beberragem, a fim de não lhes faltar com que amamentar a criança. E há quem ria desta crendice, há quem tenha por ela certo culto e faça a raspadura na imagem com o maior segredo. Apesar de tudo, e pelo que se sabe, temos imagem ainda para muitos anos de raspadura e beberragem.
Escola do Sobreiro - Página Sobre o Sobreiro
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