segunda-feira, 29 de novembro de 2010

1991: Albergaria Merece Ter Rádio

ALBERGARIA MERECE TER RADIO (Beira-Vouga aguarda a vinda do alvará)

Ninguém, nos tempos de hoje, ousará questionar a importância de uma estação emissora de âmbito local ou regional no catapultar de uma determinada área geográfica ou de uma simples localidade.

O certo é que os exemplos vizinhos revelam-nos, com a sua experiência de vida e com os resultados, por consequência lógica, daí advindos que os órgãos de comunicação social falada têm realizado um extraordinário trabalho de promoção da cidade, da vila ou até mesmo da aldeia onde estão inseridos, sem esquecer que a sua genese está marcada por esse «mui sui generis» orgulho de amar a terra e a cultura tão enraízadas nos usos e costumes das populações que lhes deram ânimo e forças para frutificar.

No entanto, Albergaria, vila avita de ilustres antepassados e de «mui» nobres valores, não foi uma das localidades contempladas com uma frequência radiofónica que lhe permitisse agora estar a produzir o tal trabalho de promoção da terra que somos e de divulgação da cultura que temos.

Muitas pessoas perguntar-se-ão porque é que Albergaria, localidade em franco e reconhecido desenvolvimento, não têm uma rádio. Será que não tinha ou não tem direito? No concurso a que foi sujeita, não continha o seu projecto os necessários requisitos para obter o indispensável alvará? Pura e simplesmente, ninguém concorreu?

Perguntas que os albergarienses farão com toda a legitimidade, mas para as quais não temos resposta. Perguntas que encerram «questiunculas» pessoais e transmissíveis que, a serem de novo içadas ao mastro «pater» da praça pública, nada de novo ou de relevante trariam porque são questões passadas e, claro está, tautológicas.

Não interessa agora apontar o dedo a quem quer que seja ou muito menos, apurar responsabilidades. Não é ou não deve ser essa a nossa orientação.

Mas, e pelos exemplos anteriormente citados, fácil se torna eduzir que Albergaria só teria a ganhar com uma estação emissora que reflectisse aquilo que é: uma vila dos anos noventa, preparada para assumir os desafios de um novo milénio. Uma rádio que revelasse a realidade que somos como vila de fortes e enraizados valores humanistas que hoje permanecem inquestionáveis e inevitavelmente sólidos. Um posto emissor que fosse capaz de levar mais longe a nome da terra que deu guarida a tantos sonhos e que hoje abarca outros tantos impregnados de um invejável misto de lucidez e delimitada amplidão de horizontes.

Albergaria merece ter rádio!!

É do domínio público que o projecto recentemente assumido para um «novo» Beira-Vouga não se esgota num periódico quinzenal. O projecto que revitalizou o Beira-Vouga tem um outro alcance, bem diferente daquele que os nossos olhos entendem.

Dizer nascer uma rádio é uma legítima pretensão do nosso director. Que me perdoe o amigo Augusto Silva por «pessoalizar» o assunto por enquanto e ainda, «a ideia da rádio é d'Augusto»!

Por incrível que pareça, este (ainda) não é um projecto comum do colectivo da vila. E, se queremos passar uma vez por todas das intenções aos actos, devemos começar por assumi-lo como «ideia» dos albergarienses para uma Albergaria nova que todos nós queremos ver edificada.

Que me perdoem os mais cépticos por abordar questões sensíveis.

É certo que já fui acusado de insensível por ter tido a coragem de «mexer» em «coisas»... sensíveis...

Mas, caros leitores, a razão é simples. Permitindo-me citar Alvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, direi: «Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim, como sou, tenham paciência!

José Manuel Alho / Beira Vouga, 10 de Setembro de 1991

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