sexta-feira, 25 de maio de 2012

Quinta, Castelo e Palacete da Boa Vista

A quinta, castelo e palacete da Boa Vista situam-se na Praça Rainha D. Teresa (antiga Praça Velha) em Albergaria-a-Velha e foram mandados edificar no final do século XIX pelo capitalista João Patrício Álvares Ferreira.

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Depois das inúmeras incorrecções que temos lido sobre este edifício, desde o nome à época a remonta, quem o mandou edificar, as funções que teve, as histórias fantásticas que dele se contam e do avançado estado de degradação a que chegou, julgamos ser hora de trazer a público um resumo da história deste edifício.

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A 1 de Agosto de 1897 João Patrício faz um requerimento ao Director das Obras Publicas do Distrito de Aveiro informando de que pretende reconstruir a sua casa de habitação sita à Praça Velha, a correr com a estrada real n.º 10, do Porto a Lisbôa; e que durante a dita reconstrução precisa de occupar em toda a extensão do mesmo predio parte da respectiva estrada, e que lhe for designada, para deposito de materiaes, a qual pretende vedar com tapamento de madeira, até á conclusão das obras.

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O DESTINO DO CASTELO E PALACETE DA BOA VISTA APÓS A MORTE DE JOÃO PATRÍCIO ÁLVARES FERREIRA

Após a morte de João Patrício Álvares Ferreira, em 1922, sem geração, a propriedade da Boa Vista54 foi dividida em virtude de parte da mesma ser da herança indivisa de sua mãe D. Matilde Angélica Álvares de Carvalho. Assim, depois de alguns anos em que o caso percorreu os tribunais, coube à viúva, D. Henriqueta Guilhermina Severim de Avelar Álvares Ferreira, o palacete e a quinta da Boa Vista, ficando a parte do castelo (torreão) para a posse de seu irmão e sobrinho, Patrício Theodoro Álvares Ferreira e Delfim Álvares Ferreira.

Em 1928 foi feito o levantamento topográfico da quinta por Viriato da Silva Vidal, o qual avaliou a propriedade em 62.994$60 (excluindo o palacete e o castelo).

A parte composta pelo palacete e pela quinta da Boa Vista, foi depois deixada em herança por D. Henriqueta Guilhermina Severim de Avelar Álvares Ferreira, por escritura de 16 de Outubro de 1935, ao médico Dr. Gualberto Moniz Vargas e sua mulher D. Georgina Moniz Vargas, residentes no Arco do Cego, n.º 49, em Lisboa.

Estes, por sua vez, venderam em Dezembro do mesmo, por 70.000$00, à Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha. Passou depois, por alguns anos, a servir de armazém de materiais, permanecendo a restante parte encerrada. Posteriormente, na década de 40, ai foi fundado e instalado o Colégio de Albergaria, sob a Direcção do Dr. Afonso Henriques Pereira e Dr. Armando Marques da Silva.

Em data anterior a 1954, a municipalidade vendeu esta parte, pelo valor de 351.000$00, ao Dr. Bernardino Corrêa Telles de Araújo e Albuquerque, Juiz de Direito aposentado (antigo Presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha de 1934 a 1945), que a vendeu em 6 de Agosto de 1958, por 400.000$00, a Artur Martins de Almeida, proprietário, emigrante recém regressado a Albergaria-a-Velha. Este, por sua vez, aí teve temporariamente residência, um restaurante no primeiro andar do palacete, e depois arrendou o rés-do-chão à Sociedade de Padarias Beira Vouga, Ld.ª. Esta sociedade veio a adquirir o imóvel em 10 de Abril de 1964, pelo preço de 610.000$00, mantendo as instalações da sua padaria no rés-do-chão, alugando parte do primeiro andar e mantendo igualmente a sua sede numa dependência do primeiro andar. Já em 1999, foi a vez da Câmara Municipal voltar a adquirir o palacete quinta da Boa Vista, mantendo desde então o imóvel encerrado, e utilizando a parte da quinta apenas uma ocasião por ano para aí organizar o “Albergaria Convida”, uma espécie da “Feira das Tasquinhas”.

Quanto à parte do castelo da Boa Vista (Torreão), ou seja, apenas a parte acastelada, deu origem a um prédio autónomo do anterior. Esta, passou depois do falecimento de Patrício Theodoro Álvares Ferreira, para seu filho único Delfim Álvares Ferreira e seus herdeiros: Dr. Patrício Bismarck Bento Álvares Ferreira do Agro e Orlando Bismarck Álvares Ferreira.

No final da década de 50, quando Artur Martins de Almeida adquiriu o palacete e a quinta, pretendeu comprar a parte acastelada para poder unificar a totalidade da propriedade. Nessa altura, acompanhado do Prof. Eduardo Nunes Marques, apresentou-se a Delfim Álvares Ferreira indagando do interesse deste alienar aquele imóvel. Foi-lhe então pedida a quantia de 50.000$00, verba que foi achada exagerada saindo gorado o negócio. No entanto, passado pouco tempo, o pequeno muro que separava o salão do terraço do castelo foi derrubado e iniciar-se-ia uma ocupação da parte acastelada.

No seguimento dessa atitude, foi apresentada pelo Dr. Adolfo de Almeida Ribeiro, na qualidade de advogado de Delfim Álvares Ferreira e herdeiros, uma acção no Tribunal Judicial de Albergaria-a-Velha em 1968. Posteriormente, a ocupação dessa parte manteve-se por parte da Sociedade de Padarias Beira-Vouga, Ld.ª, que entretanto havia comprado a parte pertencente a Artur Martins de Almeida, mantendo-se a restante em nome de Delfim Álvares Ferreira e herdeiros.

Delfim Bismarck Ferreira, Revista Patrimónios, 2010

(pequeníssimo extracto desse estudo; a imagem foi retirada do referido estudo)

A partir de 1953 o colégio abandonou o Torreão e passou para as actuais instalações. A nova biblioteca municipal vai ser instalada na Quinta do Torreão, mediante negociações que a Câmara vem desenvolvendo em parceria com o Instituto Português do Livro e Bibliotecas. A adaptação da Casa Torreão a Biblioteca Municipal estava inscrita no PPI desde 2005.

Complementar

QUINTA DA BOA VISTA – DOCUMENTAÇÃO

Na resposta do solicitado pela Câmara Municipal relativamente à apresentação de documentação comprovativa das alegações formuladas por Orlando Bismarck Álvares Ferreira na sua exposição apreciada em reunião camarária de 20/10/1999, respeitante à titularidade do castelo (Torreão), é apresentada uma exposição, em seu nome e em representação de seu irmão, Dr. Patrício Bismarck Bento Álvares Ferreira do Agro (...)

Analisada a exposição, bem assim, o parecer jurídico emitido sobre a matéria pela Mário Gaioso e Associados, a Câmara Municipal deliberou, por unanimidade, informar que os elementos apresentados não são convincentes, no sentido da prova que se arroga. Deverá ser dado conhecimento do teor da presente deliberação à Sociedade Padarias da Beira Vouga, Lda.

AQUISIÇÃO DO PALACETE E QUINTA DA BOA VISTA - EXPOSIÇÃO

Foi presente uma carta de Orlando Bismarck Álvares Ferreira, residente nesta vila e datada de 20 de junho de 2000, em que informa a Câmara Municipal de que continua a requerer e a reunir toda a documentação necessária ao bom andamento e conclusão do processo relativo ao “Castelo da Boa Vista” ou “Torreão”.

13/09/2000-51

CONTRACÇÃO DE EMPRÉSTIMO ATÉ 150.000 CONTOS PARA AQUISIÇÃO DA QUINTA DA BOA VISTA – ADJUDICAÇÃO E APROVAÇÃO DE PROPOSTA CONTRATUAL

Decorrido o prazo da audição prévia, nos termos do Código do Procedimento Administrativo e não se tendo verificado qualquer reclamação, a Câmara Municipal deliberou, por unanimidade, adjudicar a contracção do empréstimo de longo prazo até 150.000 contos ao Banco Espírito Santo, com base no relatório de avaliação elaborado pelo Júri designado para o efeito.

De imediato, foi presente a proposta contratual apresentada pelo Banco Espírito Santo, relativa à contracção de empréstimo de longo prazo, para investimento, até ao valor de 150.000 contos, destinado à aquisição da Quinta da Boa Vista, a qual se dá aqui como inteiramente reproduzida para todos os efeitos legais e cuja cópia fica anexa à presente acta, fazendo parte integrante desta deliberação.

Após larga troca de impressões, a Câmara Municipal deliberou, por unanimidade, aprovar a proposta contratual do Banco Espírito Santo.

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--Quinta Torreão - Data: 23/02/2001 BES - Capital contratado: 748.196,85€
--Fabrica de Papel de Valmaior - Data: 09/12/2002
--Aq. terreno na Azerveira

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