sábado, 11 de outubro de 2008

Celulose do Caima

Nesta edição do Caima Jornal, não vamos fazer a história dessa indústria, vamos isso sim, viajar pelo rio Caima abaixo, até chegar junto ao lugar de Fradelos, na freguesia da Branca, onde as enormes e desactivadas instalações da Celulose do Caima, fazem recordar com nostalgia o tempo não muito distante em que centenas de trabalhadores aí trabalhavam.No ano de 1846 resolveu a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Oliveira de Azemeis, que: “... só se escrevesse na Secretaria, em Papel Nacional”.

Curiosa determinação essa, a que não deveria ser alheia a profissão de um dos seus membros, Francisco Assis de Carvalho, que tinha em Carregosa uma fábrica de papel, no lugar da Ínsua.No curso do rio Caima, investidores ingleses, viram potencialidades suficientes para dar energia ás máquinas que aí estavam resolvidos a montar.

No ano de 1888 é fundada a “The Caima Timber Estate and Woold Pulps Company Ldª”, cuja actividade principal seria ao longo de mais de um século a produção de pasta para o fabrico de papel, para tal fim foi adquirida por 36 mil réis a vasta “Quinta do Carvalhal”, situada entre as freguesias de Ribeira de Fráguas e Branca, composta por casas de habitação, pinhais e terras lavradias, nas margens do rio Caima e o vendedor foi William Cruickshank, Director das Minas do Palhal, em Silva Escura - Sever do Vouga.

Nas enormes instalações fabris agora sem vida laboraram ao longo de gerações largas centenas de trabalhadores, como por exemplo, José da Silva, agora com 82 anos que aí laborou durante 55 anos e com quem falamos.

Três gerações a trabalharem na Caima

José da Silva, dos 10 aos 65 fez um pouco de tudo. Reside no lugar de Fradelos, bem perto da Escola Primária, José da Silva, nascido a 25 de Novembro de 1923, pouco tempo teve para gozar a meninice, já que saído da escola com 10 anos, logo seguiria as pisadas de seu pai, Manuel da Silva e foi como pequeno operário acartar carvão para as caldeiras de fogo da grande fábrica de produção de pasta de papel “Caima Pulp”, que entretanto com instalações totalmente renovadas em 1926 se tornaria a mais antiga fábrica de pasta de papel de eucalipto da Europa.José da Silva, anos mais tarde passou para a Silvicaima, sendo em 1988 encarregado florestal e afirmou-nos que:... dantes não haviam tantos fogos!.”

A quem interessa o abandono da Celulose do Caima?

A quem lá trabalhava, não!... Mas não foram só os trabalhadores que ficaram sem o emprego, dezenas de fornecedores locais viram ir-se embora um bom cliente! O encerramento total das instalações da Celulose do Caima S. A., em Fradelos - Branca, passando a sua actividade para a unidade indústrial em Constância, deixou ao abandono um património arquitectónico fabril, no valor de milhões de euros, e sem emprego, no lugar de Fradelos e em toda a região do Caima, largas dezenas de pessoas.

E isto, segundo a opinião geral, por questões ecológicas mal geridas pelo poder autárquico: “Os ingleses foram-se embora!...”. Como homenagem aos que aí trabalharam e fornecedores seguem-se alguns nomes de trabalhadores: Ilídio Loureiro da Silva Pedro e seu familiar Ilídio Pereira Loureiro; Armindo Lopes; Raul Martins; Mário Rodrigues."

Fonte: Caima Jornal/Jornal Regional

1 comentário:

lpe disse...

http://www.qualidadeonline.com/index.php?option=com_content&task=view&id=423&Itemid=53

A história da floresta portuguesa faz-se da sua ligação à indústria papeleira, particularmente desde finais do século XIX e inícios do século XX.(...)No século XIX e inícios do século passado, a área florestal portuguesa não ultrapassava 1,9 milhões de hectares, iniciando-se os esforços de arborização das áreas das Serras do Gerês e Estrela no reinado de D. Luís, recuperando áreas degradadas por intensa actividade agrícola e pecuária. Este esforço manteve-se ao longo do século XX, com incidência no pinheiro bravo, uma espécie pioneira, criando condições para o emergir da indústria papeleira. Porém, com a introdução do eucalipto em Portugal, esta passou a ser a espécie de eleição utilizada pelos proprietários privados. Hoje, a área florestal portuguesa ronda os 3,5 milhões de hectares. (...)
formato artesanal da produção de papel veio dar lugar a uma indústria de grande dimensão. A primeira utilização de eucalipto para produção de pasta de papel a nível Mundial surge, nos finais do Sec. XIX, na Caima Pulp Company, em Albergaria-a-Velha, utilizando um processo chamado “ao sulfito”. A produção pelo método actualmente mais usado (“ao sulfato”) foi também feito pela primeira vez com eucalipto em Portugal, na antiga Companhia Portuguesa de Celulose, em Cacia, na década de 50.